
O fluxo migratório de venezuelanos para Roraima registrou queda de 24% em 2025, na comparação com o ano anterior. O dado foi apresentado pelo comandante da Operação Acolhida, general José Luís dos Santos, durante balanço das ações da força-tarefa humanitária no estado nessa segunda-feira (29).
Segundo o general, mesmo com a redução, aproximadamente 80 mil migrantes e refugiados ingressaram pela fronteira de Pacaraima ao longo do ano. No período, foram contabilizados mais de 600 mil atendimentos nos postos de triagem, número superior ao total de pessoas atendidas porque cada migrante passa por diferentes etapas, como documentação, vacinação e inclusão em programas sociais.
“Falando do fluxo migratório, comparando 2024 com 2025, houve um declínio de cerca de 24%. É um dado que é importante porque mostra que muitas pessoas chegam em Pacaraima, seguem, pegam um ônibus ou um avião e vão para outros estados. Elas não entram na Operação Acolhida porque têm familiares para ajudar a seguir até o destino”, detalhou o general.
A Operação auxilia quem chega ao Brasil em situação de vulnerabilidade devido a crise econômica e política da Venezuela, e atua em três eixos principais: ordenamento da fronteira, acolhimento em abrigos e interiorização para outros estados brasileiros. “Enquanto persistir a crise humanitária na Venezuela, a missão da operação é apoiar Roraima e os municípios mais impactados, especialmente Pacaraima e Boa Vista”, afirmou o comandante.
Possível revisão da operação

Apesar da queda no fluxo migratório, o comandante afirmou que ainda não é possível projetar um fim para a Operação. Segundo ele, a continuidade da missão depende de decisão política, já que a operação é regulamentada por decreto presidencial desde 2018.
Por isso, um estudo está previsto para 2026 com o objetivo de avaliar possíveis ajustes no modelo atual, priorizando o atendimento de pessoas em maior situação de vulnerabilidade. “A ideia é focar cada vez mais em quem realmente precisa do acolhimento, sem gerar impacto social negativo para o Estado”, explicou.
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A estimativa atual é de que cerca de 90 mil venezuelanos vivam em Roraima, estado que possui população aproximada de 600 mil habitantes. Conforme o general, a operação busca reduzir os impactos nas áreas de saúde, educação e segurança pública, ao mesmo tempo em que garante condições dignas aos migrantes.
Acolhimento, interiorização e logística em 2025
Atualmente, a operação mantém seis abrigos em Boa Vista: três indígenas e três não indígenas, além de dois alojamentos temporários. Cerca de 5.800 pessoas estão acolhidas no momento, sendo aproximadamente 1.800 indígenas e 4 mil não indígenas. Em 2024, esse número chegou a variar entre 12 mil e 13 mil pessoas.
De acordo com o general, a rotatividade nos abrigos é alta. Parte dos migrantes permanece por curto período antes de conseguir trabalho ou seguir para outros estados.

Em 2025, cerca de 12 mil pessoas foram interiorizadas com média de mil por mês. Desde o início da Operação Acolhida, há sete anos, o número total de migrantes interiorizados chegou a 150 mil. O processo ocorre por quatro modalidades: reunificação familiar, reunificação social, vaga de emprego sinalizada e interiorização institucional, voltada a grupos mais vulneráveis.
“A interiorização é sempre voluntária. Eu não posso obrigar ninguém a ir embora. A pessoa tem que estar ciente, concordar e, muitas vezes, passar por capacitação em português para poder seguir”, explicou o general.
Toda a logística do processo é realizada pela Força-Tarefa Humanitária, formada por militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. Com o apoio, somente neste ano, também foram distribuídas seis milhões de refeições nos abrigos, garantindo alimentação diária aos acolhidos.
Na área da saúde, cerca de 70 mil migrantes foram vacinados em 2025, com a aplicação de aproximadamente 250 mil doses na Casa da Vacina, em Pacaraima.