As famílias que ocupam barracos improvisados em uma feira no bairro Pintolândia, na zona Oeste, foram notificadas pela Prefeitura de Boa Vista para que deixem o local no prazo de dez dias. A construção fica às margens da Rua Carmelo, em frente à Praça Germano Augusto Sampaio, localizada em área municipal. Os vendedores se recusam a sair e cobram uma resposta da administração municipal, pois eles dizem que receberam promessa de que teriam condições para que continuassem trabalhando.
Pelo menos sete pontos foram destruídos e entulhos levados pelos caminhões da Prefeitura.
No início do ano, vendedores ambulantes que não tinham ponto fixo para comercialização decidiram ocupar os terrenos que ficam no entorno da praça, visando a possibilidade de vender de forma organizada. “A gente sempre viu o terreno vazio e imaginamos que seria um bom lugar para construir um ponto de venda e melhorar as condições financeiras, porque não temos onde trabalhar. Por isso, todo mundo entrou num acordo e começou a construir para ser uma ocupação organizada”, explicou um dos vendedores.
Eles disseram que servidores da Secretaria Municipal de Gestão Social (Semges) e da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) disseram que todos serão obrigados a sair, mesmo dizendo que não têm casa, uma vez que usam as construções como moradia. “Nós temos que dar um jeito de ir embora. Aqui é uma beira de rua, realmente, mas logo atrás da área onde estamos não é. Lá tem espaço onde a gente poderia ficar”, declarou outro vendedor.
Há cerca de três meses, a Prefeitura convocou os feirantes para uma negociação na Vila Olímpica, ocasião em que foi prometida a concessão de boxes que seriam construídos para atender às necessidades do comércio naquela região. “Agora disseram que temos dez dias para juntar todos os nossos pertences e abandonar os barracos. Não querem conversar. Deixaram de cumprir com a palavra e eu não vou embora”, disse o vendedor.
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Segundo os vendedores, os barracos que foram derrubados são de pessoas que deixaram de participar da reunião com representantes da Semges e Emhur. “Eram 21 inscritos, agora somos 14 donos de negócios aqui, na Rua Carmelo. Pelo visto não vai sobrar nada. A única coisa que dizem é que não podemos ficar aqui. Vou insistir”, disse.
Ele afirmou que a Prefeitura cedeu caminhões para a retirada de mercadorias e objetos pessoais que serão levados para o Mercado Municipal Romeu Caldas de Magalhães, no bairro Mecejana, mas todos se recusam a aceitar a proposta. “Não dá para trabalhar no Romeu Caldas. Se vendesse bem, não teria nenhum boxe vazio. Não tem condições”, frisou.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista informou que está realizando um trabalho de reordenamento de ocupação na feira da Rua Carmelo, em frente à Praça Germano Augusto Sampaio. A ação é realizada pelo Programa Braços Abertos, “visando identificar locais mais adequados para que os ocupantes da feira possam trabalhar com mais dignidade”, uma vez que o espaço não possuir água, banheiro, iluminação ou qualquer infraestrutura básica para práticas comerciais.
Afirmou ainda, que o local está contemplado no Plano de Mobilidade Urbana de Boa Vista e irá passar por intervenções com obras para melhorias na cidade. “Para atender à solicitação, uma equipe de humanização da prefeitura está realizando entrevistas individuais com os feirantes. Muitos já estão sendo realocados em outros mercados, de acordo com a necessidade e preferência das famílias. A prefeitura reforça que nenhum trabalhador ficará impossibilitado de trabalhar e que não medirá esforços para buscar a melhor alternativa para cada família”, destacou. (J.B)
