Fazendeiros denunciaram que terras de aproximadamente sete fazendas localizadas na região do Apiaú, no município de Mucajaí, Centro-Sul do Estado, foram invadidas neste fim de semana. Eles afirmam que as áreas são produtivas e que possuem documentação legal. Denunciam que os invasores estão derrubando a vegetação e levantado construções improvisadas, como barracos.
Alguns proprietários das terras estiveram na semana passada em Boa Vista para alertar as autoridades policiais quanto aos riscos de desordem social. Eles consideram perigosa a investida dos invasores que, segundo os produtores e pecuaristas donos das terras, estão exaltados e mobilizados com diversos equipamentos agrícolas que podem causar riscos à integridade física dos que lá estiverem, como facas, foices e terçados.
O pecuarista e proprietário de uma das fazendas ocupadas, Helder Lima da Silva, disse que os líderes recrutaram pessoas das vilas Apiaú e Campos Novos para realizarem a invasão das terras, que ficam localizadas nas vicinais 3 e 23 da região do Apiaú. Ele disse que não é a primeira vez que sua fazenda é invadida. Afirmou que há mais de um ano a situação foi coibida mediante determinação judicial, com a reintegração de posse.
“No entanto, os invasores repetem constantemente as tentativas. Agora, eles já começaram a desmatar e levantar piquetes em algumas partes da fazenda e já estão prontos para invadir de vez. Eles mobilizam as pessoas, que são levadas a acreditar que estas terras são destinadas à invasão, prometendo pequenas glebas mediante pagamento. As terras invadidas são legalmente documentadas e acreditamos que os poderes competentes tomarão as devidas providências para que a ordem social seja mantida no Estado”, disse o pecuarista.
A denúncia é sustentada também pelo produtor agrícola Reinaldo Braga da Silva, dono de fazendas ameaçadas de ocupação. Segundo ele, os líderes do movimento cobram das pessoas que participam da invasão cerca de R$ 500,00 por um pedaço de terra dentro das propriedades privadas. “Já houve até registro de boletim de ocorrência feito por pessoas que pagaram por um lote em terras invadidas e depois se sentiram enganadas quando souberam que se tratava de área privada. Isto é estelionato. Os líderes fazem isso para se promoverem politicamente”, afirmou.
Os pecuaristas e produtores agrícolas afirmam que as terras invadidas são legalmente documentadas e acreditam que os poderes competentes adotarão as devidas providências para que a ordem social seja mantida no Estado.
BOM INTENTO – Em outras regiões do Estado, áreas de terras também foram invadidas. Em dezembro de 2015, uma região do loteamento Pedra Pintada, zona rural de Boa Vista, passou por reintegração de posse depois que invasores ocuparam parte de uma área particular. Próximo àquela região, no Bom Intento, também zona rural da Capital, algumas propriedades sofreram tentativas e invasões.
No mês de junho deste ano, a Prefeitura de Boa Vista realizou reintegração de posse de parte de uma fazenda às margens do Igarapé Água Boa de Cima, cujo um dos sócios é o ex-secretário municipal de Saúde, Rodrigo Jucá, filho do senador Romero Jucá (PMDB). A ação foi solicitada pelo Ministério Público, sob alegação de que os ocupantes estavam em área de preservação ambiental. Eles voltaram a ocupar o local e o caso está sendo decido na Justiça. (A.D)
União dos Empreendedores repudia e diz que invasões ameaçam cadeia produtiva
Produtores agrícolas e pecuaristas manifestaram repúdio e preocupação, por meio da União dos Empreendedores de Roraima (Unirr), com as constantes invasões de terras privadas que vêm ocorrendo no Estado.
Segundo eles, as ocupações são atos ilegais, que causam desordem social e comprometem o desenvolvimento econômico de Roraima ao interromperem as produções agrícolas e pecuárias.
O vice-presidente da Unirr, Eduardo Costa Paludo, lembrou que o direito à propriedade privada é assegurado pela Constituição Federal e que as invasões causam danos à cadeia produtiva, inclusive para a pecuária, agricultura e apicultura. “Este atos ilegais afetam a economia e a estabilidade jurídica e social. Os invasores desrespeitam até as decisões judiciais quando voltam a ocupar áreas que passaram por reintegração de posse”, comentou.
Ele afirmou que líderes dos movimentos invadem e agem ilegalmente quando prometem e vendem porções de terras de propriedades particulares às pessoas humildes, que passam a acreditar que possuem direito à ocupação. “A indústria da invasão está se multiplicando. Terras devidamente documentadas são ocupadas para que o comércio ilegal da invasão seja perpetuado. Os líderes se aproveitam e cobram valores de pessoas humildes que não sabem ou são levadas a ter um entendimento equivocado por aqueles que se locupletam e ganham dinheiro maliciosamente, provocando graves incidentes, incitando a desordem social e o conflito em Roraima”, frisou Paludo.
A União dos Empreendedores afirma que possui 209 associados dos mais diversos setores da cadeia produtiva do Estado, como comércio, indústria, pecuária, apicultura e agroindústria, que movimentam 75% do Produto Interno Bruto (PIB) privado de Roraima. A preocupação da entidade, segundo Paludo, reflete o posicionamento dos associados que contribuem para a geração de emprego e renda.
Ele disse que a agropecuária é uma atividade econômica que requer inúmeros investimentos na terra, como a construção de cercas, currais, galpões, aquisições de equipamentos e outros. “Para um produtor querer investir é preciso que ele tenha garantia de que sua terra não será invadida e as benfeitorias destruídas. Nossa preocupação é quanto à criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento do Estado. Nós trabalhamos dentro da lei, procurando os meios legais para garantir a reintegração das terras, mas os invasores agem fora da lei”, comentou.
Diante da realidade, Paludo chama atenção para que a sociedade fique atenta aos discursos de invasores que incentivam à prática deliberada de ocupação a propriedades particulares, as quais possuem documentação legal. “Além de cobrarem indevidamente pelas terras privadas, eles estão impelindo pessoas de bem à prática criminosa. Pedimos o apoio da sociedade que deseja o cumprimento da lei e que anseia pela paz social, para que possamos cobrar ações efetivas na identificação dos líderes destes movimentos para que haja punição desses incentivadores”, disse o vice-presidente.