A falta de higiene, limpeza e medicamentos na maior unidade de saúde do Estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR), localizado na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, bairro Aeroporto, voltaram a ser alvo de denúncias por parte de familiares de pacientes internados.
Conforme os denunciantes, a unidade apresenta falta de medicamentos, material médico, equipamentos, falta de higiene e limpeza, além de apresentar um número reduzido de servidores para atender a população. Em uma das imagens enviadas à reportagem, que chegaram a ser compartilhadas em redes sociais, é possível perceber cestos de lixos abarrotados próximos aos leitos dos pacientes, trazendo riscos à saúde dos internados.
“É uma situação muito precária e ruim. Não está tendo limpeza de jeito nenhum, uma situação feia com sujeira pura. Meu irmão está lá em situação complicada, internado por conta de um tumor na cabeça e está com ferida exposta. As pessoas vão para lá porque estão doentes, não para ficarem expostos à sujeira”, afirmou a irmã de um paciente, Anita Pereira.
Ela afirmou ter sido obrigada a comprar medicamentos básicos, como Dipirona e Plasil, porque estavam em falta na farmácia da unidade. “Não tem remédio. Comprei vários remédios para meu irmão que deveriam dar na farmácia do hospital, mas não tem. Até agulha para injeções tive que comprar”, disse.
Internado há três meses na unidade de saúde, ela disse temer pela vida do irmão. “Ás vezes os médicos deixam de acompanhar. Muitas vezes falta material para curativo e quando reclamamos, eles tratam ainda pior os pacientes”, reclamou.
Com o filho há três meses internado na unidade, Valdiza Amorim afirmou que os próprios familiares de pacientes estão fazendo escalas de limpeza. “No quarto dividimos com mais cinco pacientes no bloco A, a maioria vítima de acidentes, mas de uma semana para cá a situação piorou além de compramos tudo desde a gaze até a pomada de cicatrização, agora montamos uma escala de limpeza comprando desde o saco de lixo até materiais de higiene, a que condições chegamos”, lamentou.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que, no caso específico dos medicamentos e materiais citados pela reportagem, como dipirona e cloridrato de metoclopramida (plasil), os itens estão com estoque normalizado, com abastecimento semanal regular.
Afirmou também que avançou na aquisição de medicamentos e materiais no HGR, reduzindo a lista de itens em falta na unidade de 185 no início de 2015 para cerca de 30 itens, dos quais praticamente todos estão em processo de compra.
Ressaltou ainda que Roraima passou de 23% de abastecimento em 2014 para cerca de 70% neste ano, considerando que nenhum estado do país chega a 100% de abastecimento. “Temos consciência de que as coisas ainda não estão como gostaríamos, mas temos que reconhecer que houve muitos avanços no abastecimento das unidades, e ainda pretendemos melhorar ainda mais”, disse o secretário estadual de Saúde, César Penna.
Sobre a questão da limpeza, a Sesau afirmou que os repasses para a empresa terceirizada que presta serviço de limpeza no HGR foram efetuados nesta quinta-feira, 20, e desde então os serviços começaram a ser retomados nos blocos e nos setores administrativos.
“Durante a paralisação parcial da equipe, a limpeza nas unidades foi reordenada para priorizar os setores mais críticos como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Grande Trauma e Centro Cirúrgico. A expectativa era que até ontem a limpeza na unidade seria completamente normalizada”, frisou. (L.G.C)
Acompanhantes dizem que tiveram que fazer curativos e limpar leitos no HGR
Familiares de pacientes também denunciam a falta de pessoal e de materiais básicos no Hospital Geral de Roraima (HGR). Dizem que são obrigados a fazer os curativos e a limpar os leitos. A irmã de uma paciente, que preferiu anonimato, afirmou que quando foi visitar sua irmã, no HGR, os servidores disseram que estavam em greve por falta de pagamento. “Além de ter que limpar o quarto e o banheiro de onde minha irmã estava, tivemos que comprar sabão, água sanitária e desinfetante porque lá não tem”, relatou.
A esposa de um paciente que fez cirurgia no dia 16 também está revoltada com a situação. “É uma total falta de respeito com o ser humano dentro desse hospital. Não tem como fazer um curativo de uma cirurgia por falta de pessoal. E não é só isso, também falta agulha, dreno e outros materiais básicos. Os acompanhantes têm que fazer a limpeza do apartamento e do banheiro para não ficar na sujeira”, comentou.
Segundo ela, as autoridades não tomam nenhuma providência. “Na diretoria ninguém resolve nada. Eu fico muito chateado e com raiva disso. A limpeza em qualquer hospital é primordial porque tudo pode virar infecção”, complementou a mulher do paciente.
Uma médica que trabalha no HGR confirmou as denúncias. “Está faltando equipe para curativo, materiais para puncionar paciente e medicamentos básicos, como dipirona. Na verdade, está faltando tudo, desde materiais básicos até os mais complexos”, afirmou.
SESAU – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que no caso específico dos medicamentos e materiais citados, como dipirona, agulhas e gaze, a unidade de saúde está com estoque normalizado, com abastecimento semanal regular.
Conforme a Sesau, a lista de medicamentos e materiais em falta no HGR passou de 185 para 37. “É preciso seguir normas rígidas para aquisição de medicamentos, principalmente no que diz respeito ao limite de preço, o que pode retardar a compra ou entrega de alguns materiais e medicamentos específicos”, diz a nota.
Em relação à falta de higienização nos ambientes hospitalares, a Sesau frisou que já fez os repasses para a empresa que realiza o serviço e que, enquanto houve problema na prestação dos serviços, a limpeza nas unidades estava sendo reordenada para priorizar os setores mais críticos. Pronto Atendimento, Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Grande Trauma e Centro Cirúrgico estavam sendo limpos regularmente.
A equipe de curativo, de acordo com a Sesau, tem recebido uma demanda grande de pacientes e algumas situações como a falta de servidores, férias, licença médica e outros fatores acabam gerando déficit na escala. “Diante disso, a direção da unidade solicita que, sempre que houver necessidade, os familiares ou os próprios pacientes acionem a direção do hospital ou a ouvidoria para que possam ser adotadas as providências cabíveis”. (B.B)