Cotidiano

Família mora em barraco debaixo de cajueiro há seis meses

Sem dinheiro para aluguel, avós e netas vivem com R$ 300 por mês

No final da rua Francisco Régis Maciel, no bairro Equatorial, uma pequena construção feita de madeira e lona se destaca embaixo de um cajueiro. Há seis meses, o local serve de moradia para o casal Luis Matos, 63 e Maria Rosiane, 60. Com eles moram duas netas de 12 e 15 anos, cuja mãe – e filha dos idosos – mora em Manaus e deixou as meninas aos cuidados dos avós desde os primeiros meses de cada uma.

A estrutura do espaço é simples, mas conta com divisões como quarto, sala, cozinha e banheiro. Lar  de dois gatos e dois cachorros também, o pequeno barraco possui energia ligada do poste e água encanada. O chão é de barro e durante as chuvas, as águas vindas da rua acabam descendo e alagando a casa do cajueiro. Se ela ocorre de madrugada, ninguém consegue dormir, devido a apreensão. “Na sexta [13] alagou. Ai a gente fez um desvio pra ver se combate, porque a água vem toda lá de cima. Se não fizesse, ia entrar tudo”, contou Maria.

O lugar não possui geladeira para armazenar a carne ou gelar garrafas de água, mas a família recebe ajuda de alguns vizinhos para matar a sede. Já a ‘mistura’, é temperada com sal para durar mais tempo, quando não é cozinhada no fogão a lenha improvisado e ingerida no mesmo dia. 

Sem renda suficiente para pagar um aluguel e demais contas, a família se sustenta com aproximadamente R$ 300 por mês, frutos da venda de picolés feita pelo seu Luiz e do Bolsa Família recebido por dona Maria. 

Segundo Luiz, já apareceram oportunidades de trabalho como caseiro no interior, mas devido as aulas das netas, precisaram negar. A mais nova, porém, deve morar com a mãe em Manaus em 2020.

Algumas épocas do ano são aguardadas pelo casal, devido à oportunidade de conseguirem dinheiro extra. “Quando dá a gente também trabalha vigiando carro e moto no Centro. Mas só no carnaval e festa junina, que é quando a gente ganha um dinheirinho a mais. Eu fico só em casa, mas também cato latinha”, compartilha Maria, que também faz trabalhos em crochê.

Antes da casa no cajueiro, eles moravam há três anos no terreno da frente, porém foram expulsos do local pelo dono. Sem teto, passaram a dormir em um caminhão cedido por um amigo, mas o veículo foi vendido. Pouco tempo depois, juntaram os materiais da antiga construção e levantaram o pequeno barraco próximo ao antigo endereço.

“Eu me inscrevi pro Minha Casa, Minha Vida já tem cinco anos e nunca recebi. Da prefeitura também. Já fui fazer outra inscrição, mas nada até agora”, lamenta Maria.

Em meio a situação de extrema pobreza e humildade, o casal diz ser bom morar ali, mas desejariam sair ou melhorar o espaço.

“O que eu gostaria mesmo, é que se alguém tivesse uma lona, nos ajudasse pra aumentar o barraco ou desse um tapume pra fechar”, solicita Luis.

“Pediria de quem tivesse uma casa, pra arrumar pra gente tomar conta. Luz e água a gente paga, mas aluguel a gente não garante”, diz Maria.

AJUDA – Para ajudar a família, basta visitá-los na rua Francisco Régis Maciel de Melo, no bairro Equatorial, zona Oeste de Boa Vista. O telefone para contato é o (95) 99140-7888. Depósitos bancários podem ser feitos na poupança da Caixa Econômica no nome de Maria Rosiane da Costa Rodrigues, Agência 0653, Conta 00068447-6, Operação 013.