Cotidiano

Estudantes se manifestam contra o fim da Uerr em Pacaraima

Resolução da Instituição garante que não haverá mais abertura de turmas na cidade, dizem acadêmicos

Estudantes se manifestam contra o fim da Uerr em Pacaraima Estudantes se manifestam contra o fim da Uerr em Pacaraima Estudantes se manifestam contra o fim da Uerr em Pacaraima Estudantes se manifestam contra o fim da Uerr em Pacaraima

Acadêmicos, ex-alunos, participantes de projetos de extensão, vereadores e comunidade em geral do município de Pacaraima, participaram de uma passeata, ontem, 6, solicitando a permanência do Campus da Universidade Estadual e abertura de turmas.

De acordo com uma nova resolução da instituição, os colegiados dos cursos devem escolher apenas uma localidade do Estado para continuar funcionando, fato que inviabilizou a continuação da maioria dos cursos no interior.

Atualmente, no Campus de Pacaraima, estão funcionando apenas três cursos de licenciatura, geografia, letras e ciências da natureza, todos nos últimos semestres. Com a nova resolução, não haverá mais abertura de turmas na cidade, o que na prática significa fechar o campus após o término das turmas.

Os colegiados optaram em permanecer em de Boa Vista para dar continuidade às atividades docentes, já que todos os professores, de forma unânime e integral, deveriam concordar em ir para o interior.

Somente o campus de Rorainópolis continuará com dois cursos que sempre foram específicos dessa localidade e talvez ainda um, que está em negociação. Em dois anos no máximo, quando terminarem as turmas em andamento, a UERR atenderá somente Boa Vista e Rorainópolis.

Com faixas, cartazes e vestindo preto, a população protestou pelo direito à Educação Superior no município. De acordo com a acadêmica Karen Silva Souza, se não tivesse a UERR em Pacaraima não teria se mantido na universidade.

“Eu não tenho condições de me manter em Boa Vista e o curso aqui é de muita qualidade. Nossa aprendizagem é muito grande, além das aulas, participamos dos projetos como o Guariba, onde atendemos crianças como muitas dificuldades de aprendizagem, é um trabalho muito gratificante”, salientou a estudante do sétimo semestre de letras com habilitação em literatura.

Aline de Souza Oliveira, acadêmica do último semestre de geografia, acredita que sem o Campus da UERR no município, muita gente não teria condições de se deslocar até Boa Vista para cursar a universidade. “Nós precisamos da UERR aqui, somos das últimas turmas que abriram e tem muitas pessoas querendo estudar, mas não têm opções”.

Para os acadêmicos que moram em Santa Elena já era difícil atravessar a fronteira todas as noites para estudar, sem a universidade em Pacaraima se torna impossível o acesso à Educação Superior para esses brasileiros. É o caso da acadêmica Gênesis Carolina Matos, que está concluindo o curso de letras com habilitação em espanhol.

“Estamos aqui para lutar por essas pessoas que precisam, eu vou defender minha monografia este mês, só eu sei a luta que foi concluir e agradeço aos professores. São muitas pessoas que moram longe e não têm condições de pagar aluguel nem transporte, por isso é muito importante a continuidade dos cursos no interior”, explicou a estudante brasileira que mora na cidade venezuelana.

Atividades da UERR em Pacaraima

Além de ter formado profissionais que hoje atuam no município, os professores, com a ajuda dos acadêmicos do campus de Pacaraima realizam vários projetos de extensão que atendem à comunidade da fronteira, como o curso de Português e Língua Estrangeira (PLE), o de Espanhol para Brasileiros, o curso de LIBRAS (língua brasileira de sinais) e o projeto de letramento Guariba, que oferece atividades a alunos da rede municipal com dificuldade de aprendizagem, PIBID Letras que desenvolve atividades na Escola Estadual Cícero Vieira Neto.

Também há outros projetos de incentivo à leitura nas escolas indígenas. Todas as atividades são realizadas por docentes da UERR em Pacaraima, com a participação de acadêmicos que aproveitam as atividades como prática profissional. Além desses, o campus é responsável pelo Yamix, evento cultural de âmbito internacional.

Além dos cursos de nível superior, projetos importantes para a comunidade correm o risco de acabar, caso não haja mais turmas no município.

“Eu participei de muitos cursos de extensão como monitora, aprendi muito no curso de português para estrangeiro e também no Guariba que ainda faço parte. Fico preocupada com essas crianças que realmente precisam do projeto, elas têm muitas dificuldades e nós conseguimos ajudá-los”, salientou a acadêmica Gênesis.

OUTRO LADO – A Universidade Estadual de Roraima esclareceu que o campus Pacaraima não será fechado.  Quanto a saída de um dos cursos oferecidos naquela localidade, isso se dará no meio do ano que vem, por uma decisão soberana do colegiado do referido curso.

A UERR esclarece que, por medida administrativa, poderá oferecer outros cursos em substituição aos que forem concluídos em Pacaraima.

A Universidade Estadual poderá tomar a mesma medida para casos semelhantes em outros municípios.

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