
Estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima (UFRR) denunciaram um caso de injúria racial ocorrido durante uma aula na tarde da última terça-feira (21), no Centro de Ciências da Saúde. O episódio foi formalmente registrado na Ouvidoria da instituição e envolve declarações consideradas discriminatórias contra povos indígenas.
Segundo informações apuradas pela FolhaBV, a situação ocorreu durante a apresentação de um seminário sobre doenças hídricas que afetam as populações de Roraima. No momento destinado ao debate, uma estudante, identificada apenas pelas iniciais E.S.O., teria se referido aos povos indígenas como “porcos, sujos e nojentos”, além de afirmar que “não pretende trabalhar com indígenas quando se formar”.
As falas foram presenciadas por colegas de turma e provocaram indignação entre os alunos, que decidiram formalizar a denúncia junto à Ouvidoria da UFRR.
Uma das alunas indígenas presentes, Luciana Alves da Silva, confirmou à FolhaBV que o caso foi relatado oficialmente e que o grupo aguarda as providências da instituição.
Centro Acadêmico divulga nota de repúdio
O Centro Acadêmico de Enfermagem (Caenf) publicou uma nota de repúdio manifestando solidariedade aos estudantes indígenas e condenando as falas consideradas discriminatórias.
No texto, o Caenf classificou o episódio como “inaceitável” e reforçou que atitudes de preconceito e intolerância não condizem com os princípios da formação em saúde e da universidade pública. O centro acadêmico também cobrou da instituição medidas concretas diante da denúncia.
O que diz a UFRR
Em nota enviada à FolhaBV, a Universidade Federal de Roraima confirmou ter recebido as denúncias por meio da Ouvidoria e informou que elas foram encaminhadas à Comissão de Admissibilidade e Tratamento de Denúncias (CATD) para análise preliminar.
Segundo a instituição, após o aceite pela comissão, as denúncias serão remetidas à unidade de apuração responsável. A UFRR destacou ainda que possui a Resolução CUNI/UFRR nº 091/2023, que estabelece normas e procedimentos para casos de assédio moral, sexual, violência étnico-racial, de gênero e outras formas de discriminação no âmbito universitário.
O texto também cita a criação da Comissão Permanente de Acolhimento, Prevenção e Enfrentamento às Violências (CPAPEV), responsável por coordenar ações de acolhimento, acompanhar os processos e articular atendimentos especializados.
Por fim, a universidade afirmou que denúncias podem ser realizadas por meio da plataforma Fala.BR, da Ouvidoria da UFRR, ou pelas chefias e direções das unidades, e reforçou seu compromisso com “a transparência, o devido processo legal e a promoção de um ambiente acadêmico seguro, inclusivo e respeitoso”.