Os comerciantes que possuem lojas na Avenida Brasil, trecho urbano da BR-174 sul, reclamam que estão com as vendas prejudicadas em razão do bloqueio do retorno que dava acesso ao Centro e à Avenida Marquês de Pombal. O movimento das lojas caiu cerca de 50% desde a interdição. Os moradores daquela região também denunciaram a distância para realizar o retorno.
A implantação do bloqueio foi realizada ainda em 2015, após o falecimento de um ciclista no local. Inúmeros acidentes aconteciam no trecho pela falta de sinalização, segundo os empresários. Após o caso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Prefeitura Municipal Boa Vista (PMBV) fizeram o bloqueio. “Só que a única saída para quem passa por aqui agora é fazer o retorno no viaduto, que é longe”, disse o empresário Paulo Bahia.
Ele ressaltou que o cliente tem o costume de querer estacionar perto de onde vai parar e que, e razão da baixa clientela, três empresas fecharam as portas e uma loja de autopeças vai mudar de localização em dezembro.
O empresário ressaltou que há possibilidade do retorno por trás do Cemitério Campo da Saudade, localizado na Avenida Centenário, bairro Cinturão Verde, zona Oeste. Contudo, as ruas estão esburacadas, impossibilitando o tráfego durante o inverno. Ele frisou que houve rapidez na hora de fechar o retorno, mas que para instalar um semáforo ou tentar outro acordo impõem dificuldade.
Paulo Bahia disse que os comerciantes fizeram uma audiência pública na Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) no ano passado e, dessa audiência, foi formado um grupo de trabalho para resolver o problema. Ele disse que houve um comunicado entre o DNIT e a PMBV, em que a prefeitura pede a autorização para implantar o semáforo no retorno, mas o DNIT alega que a implantação vai provocar um congestionamento em razão da rotatória do Posto Caracas.
“Eu discordo. Vai desafogar, porque muito carro que passa por aqui vai em direção ao 13 de Setembro, então o retorno facilitaria. O DNIT e a PRF disseram que não concordavam com a implantação do semáforo e que as barreiras deveriam continuar impedindo o fluxo de veículos na rodovia”, explicou. Outro motivo é que nas horas de pico, as avenidas poderão ficar engarrafadas, apesar de a Prefeitura ter feito um estudo demonstrando que era possível.
Os lojistas alegam que as entidades fecharam o retorno sem considerar os comércios, ressaltando que o cliente não quer sair do Centro, ou até de lugares mais longes, para ter que fazer o retorno quando for embora. “Fizemos o trabalho de ir com a prefeita, falamos com o pessoal do Ministério do Transporte. Estamos brigando também pela municipalização, uma vez que se a avenida fosse de responsabilidade da PMBV, sabemos que poderíamos falar com um agente, o que seria mais fácil”, frisou.
MAIS PROBLEMAS – Além do impacto econômico intenso, as pessoas que moram por trás das lojas também se sentem prejudicadas pelo bloqueio. Uma moradora que não quis se identificar disse que, além do viaduto ser longe, as ruas que dão acesso ao sentido do Centro estão esburacadas. Ela informou que na semana passada moradores colocaram barro onde não tinham acesso, para tentar ajudar. “Depois que fecharam o bloqueio eu tenho duas opções: ir até o viaduto só para fazer um retorno ou ir pela buraqueira”, pontuou.
PREFEITURA – A Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) informou que recebeu a solicitação dos comerciantes, mas, por se tratar de uma via federal, teria que ter a autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (SMST) solicitou a implantação do semáforo no referido cruzamento, “porém, recebeu um ofício do órgão federal negando a inserção da sinaleira e acrescentando que os blocos de concreto devem permanecer para bloquear o tráfego no cruzamento”, esclareceu.
DNIT e PRF – A Folha entrou em contato com as entidades, mas até o fechamento desta matéria, às 18h, não obteve contato. (A.G.G)