Cotidiano

Em aeroporto, policiais civis recebem governador com manifestação 

A categoria recepcionou Antonio Denarium com faixas e cartazes e exigiu posicionamento sobre aumento de ganhos de delegados

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

A fim de convencer o governador Antonio Denarium (PSL) a vetar o projeto de lei no 009/2019, que aumentaria na prática os ganhos mensais dos delegados para até R$ 33 mil, policiais civis se dirigiram até o Aeroporto Internacional de Boa Vista no fim da manhã dessa terça-feira (17) para “recepcionar” o chefe do executivo que estava retornando de uma viagem.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol-RR), Leandro Almeida, declarou que a classe decidiu ir até Denarium para protestar contra o reajuste dos delegados e ressaltar a importância de outros cargos da Polícia Civil de Roraima (PCRR).

“Nós temos 10 categorias, como agentes, escrivães, agentes carcerários, papiloscopistas, auxiliares de necropsia e peritos, médico legista, perito criminal e odontologista, mas ele mandou esse projeto para fazer o reajuste somente a uma categoria. Por isso viemos protestar”, enumerou.

Almeida reiterou que o aumento feito apenas para os delegados poderia valer para essa classe, que está há 11 anos sem reajuste. “Ou ele estende os efeitos desse projeto para todo mundo ou ele veta o que já foi aprovado”, salientou.

A princípio, a categoria se concentrou na parte externa do Aeroporto. Porém, próximo ao horário da chegada do avião de Denarium, todos foram para o saguão de desembarque, onde receberam o governador com palavras de protesto.

Questionado, o governador relembrou que o documento havia sido enviado à Assembleia Legislativa de Roraima com estudos de impacto financeiro feitos pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e pela Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento.

“Nesse caso, foi demonstrado ao executivo que haveria uma redução anual de R$ 360 mil na folha de pagamento, o que significa que o reajuste seria negativo. Por que isso? Eles estão unificando alguns cargos ‘penduricalhos’, que seriam as verbas assessórias, que incluem apenas um salário. Na prática, o valor real não está sendo aumentado. Agora isso também não impede que a gente reveja essa lei e sente com vocês para discutir”, argumentou Denarium.

O governador disse estar aberto ao diálogo e afirmou que irá se reunir com a classe nesta quarta-feira (16), para discutir os pontos do documento original. “Vamos atender o pessoal e levantar o projeto de lei. Se houver vícios, nós vamos construir um caminho para que ninguém saia prejudicado”, concluiu.

Ao final dessa intervenção junto ao chefe do executivo, o presidente do Sindpol avalia que não houve muitas considerações concretas de Denarium. “Ao que tudo indica, ele está bastante convencido sobre o projeto que foi aprovado. Mas como ele mesmo falou, pode mudar de ideia e é isso que a gente vai tentar fazer”, garantiu Almeida.

Governador cita outras reivindicações e elogia corporação

No início da conversa com os policiais, o governador relembrou que, assim como eles, outras categorias, como a enfermagem e os técnicos agrícolas, também tem suas reivindicações e o executivo está buscando maneiras de sanar essas pendências. “Mas para pagar, tem que ter dinheiro. Não adianta nada dar aumento e depois atrasar os salários”, acrescentou.

Seguindo essa linha de raciocínio, ele relembrou que durante esse mesmo período, os policiais civis estavam em greve a meses sem receber. “Sabemos que todos querem ganhar mais e pretendem ter mais benefícios, mas vamos conceder na medida do que é possível fazer”, explicou.

Ele também aproveitou a oportunidade para elogiar a categoria e ressaltou que entre novembro e dezembro, teve-se o resultado de 35 dias sem assassinatos na Capital. “Isso é graças ao trabalho de vocês, junto à Polícia Militar e os agentes penitenciários e elogiamos todos os dias isso”, ressaltou Denarium.

Em protesto, agentes abandonam grupos da Polícia Civil

A Folha recebeu a informação de que para deixar clara a insatisfação da categoria com toda a situação, muitos policiais civis teriam abandonado grupos da corporação em aplicativos de mensagens, onde informações sobre a estrutura da PCRR são compartilhadas entre os integrantes da entidade de segurança.

Uma fonte que não quis se identificar disse que cada grupo da polícia tem mais de 250 integrantes, formado somente por esses agentes de segurança e uma grande parte deles começou a sair. O informante acredita que essa debandada tem relação direta com a insatisfação em relação projeto de lei que concede o aumento de salário aos delegados. “Eles estão bem indignados com essa situação e decidiram usar isso como forma de protesto”, finalizou.

Alguns dos grupos chegaram a ser desativados por conta da falta de participação dos policiais. “Todos os que integram a Segurança Pública merecem valorização, não devendo sob qualquer hipótese sermos tratados com distinção, salvo as peculiaridades de cada instituição. Tão logo se resolva essa situação voltaremos com o grupo. A luta de um só será a luta de todos”, explicou um dos administradores.