
Transformar uma ideia simples em um negócio reconhecido em toda a cidade exige coragem e persistência. No mês em que se comemora o Empreendedorismo Feminino, a história da egressa do curso de Administração da Estácio, Julianny Simões, demonstra, na prática, que nenhum sonho é pequeno demais quando nasce da vontade de fazer acontecer.
Antes mesmo de entrar na faculdade, na época com 19 anos, Julianny já carregava o espírito empreendedor. Trabalhando na empresa do ramo alimentício do sogro, aproveitava um dia da semana para abrir rota, visitar clientes e entender o que o mercado buscava. Foi nessa escuta com os consumidores que ela percebeu uma oportunidade: muitos não queriam mais a tradicional banana frita em rodelas. Foi então que ela decidiu aprender a fazer o produto em tiras, o que era incomum na época.
Hoje, com 27 anos, ela lembra que o primeiro dia de vendas foi o ponto de virada. De moto, indo de porta em porta no bairro Pérola, ela vendeu mais de dez peças em menos de duas horas. “Fiquei espantada com a facilidade. Foi um choque. Eu não acreditava que tinha vendido tanto e tão rápido”, lembra. Ali, ela entendeu que havia encontrado o seu caminho e que a forma como conversava com os clientes seria o diferencial também na sua trajetória.
GRADUAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO

Já no curso de Administração, Julianny começou a enxergar tudo de forma estratégica. As aulas viraram ferramenta de gestão, e a prática do dia a dia se tornou estudo para dentro da sala. “Eu levava a experiência da sala para dentro do meu negócio e levava o meu negócio para dentro da sala”, conta. Essa troca, segundo Julianny, foi fundamental para organizar a empresa e estudar o crescimento da marca.
A expansão do cardápio veio com a compra de sua primeira máquina. Os produtos ganharam escala, chegaram a mercados e conveniências de toda a cidade, e o cardápio ficou bastante variado: torresmo, pururuca, beijinho feito com fécula de mandioca, banana apimentada e até salgadinhos com pimenta murupi. “Tudo produzido de forma artesanal e, principalmente, fresco. Sempre trabalhei para entregar boa parte dos meus produtos feitos no mesmo dia porque tem um sabor totalmente diferente”, explica.
Mesmo enfrentando desafios pessoais, como uma depressão pós-parto que a fez desacelerar na produção, Julianny manteve o foco e direcionou parte da produção para o interior do estado, sem perder a presença nos principais pontos de venda de Boa Vista. Agora, planeja novas parcerias, está experimentando a produção de mini bolos e de olho em projetos de inovação que podem transformar seus produtos fritos em versões mais saudáveis. “Ninguém nunca ouviu falar de fritura fitness, né? Mas estamos buscando algo nessa direção”, revela, cheia de planos.
Como mulher empreendedora, ela reconhece que a caminhada nunca foi simples. Trabalhando nas ruas, entrando em bares e estabelecimentos durante a noite, enfrentou situações de assédio e interpretações equivocadas sobre sua postura profissional. “Sempre mantive minha integridade e meu foco. Me posicionei com firmeza. Isso me fortaleceu e me mostrou que eu sou capaz de conduzir meu negócio com seriedade, respeito e coragem”, analisa.
Hoje, cada conquista tem “um sabor” especial. Para ela, empreender é a prova viva de que determinação não tem gênero. “É a realização de um sonho que construí com trabalho, coragem e esforço todos os dias. E cada crescimento, melhorias, me mostra que escolhi o caminho certo e que ainda posso ir muito além”, reforça.
E para outras mulheres que pensam em começar, Julianny deixa um recado que resume toda a sua jornada. “Não esperem o cenário perfeito para começar. Eu comecei com o que eu tinha, fui aprendendo no caminho e entendi que a coragem vem depois da atitude”, afirma.