Cotidiano

Diocese quer empenho dos poderes executivos no apoio a imigrantes

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O aumento no número de imigrantes venezuelanos em Boa Vista tem causado preocupação nos poderes públicos e na sociedade civil. Pensando em acolher aqueles que fogem da crise econômica no país vizinho de forma adequada, a Diocese de Roraima pede empenho do poder Executivo nas esferas municipal, estadual e federal. Segundo a instituição, o ideal seria a decretação de crise humanitária por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) para que o apoio necessário seja prestado.

Em entrevista ao programa Agenda da Semana da Rádio Folha AM 1020, o coordenador do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, Antônio Fernandes Neto, afirmou que muitos venezuelanos estão vivendo em condições sub-humanas. “Nós fizemos um levantamento da situação deles e concluímos que pelo menos 90% vivem na pobreza”, disse.

Neto revelou ainda que boa parte destes imigrantes pertencia a classe média no país de origem. “Quando vemos venezuelanos trabalhando como operadores de caixa de supermercado, servindo mesas ou até mesmo em trabalhos braçais a primeira coisa que vem à mente é que eles eram pobres e fugiram da miséria, mas muitos têm formação superior e atuavam em áreas como medicina, direito e engenharia”, explicou.

Outro caso grave são os indígenas e não-indígenas que pedem esmola nos semáforos. “Muitos deles moram na rua mesmo, dormem nas calçadas e em baixo de árvores. Em alguns bairros, eles tomam conta de vilas, chegando a morar mais de 15 pessoas em um pequeno apartamento em péssimas condições de higiene, tornando o ambiente perigoso para as crianças que ali vivem”, relatou.

O coordenador do Centro de Migrações apontou o trabalho realizado pelo Governo do Estado como uma boa iniciativa, mas acredita que não seja suficiente. “Eles estão recepcionando os imigrantes na fronteira no município de Pacaraima e viabilizando a permanência deles no país, mas uma ajuda muito maior é necessária, precisamos de intervenção do Governo Federal e da ajuda das prefeituras”, comentou.

O representante da Diocese afirmou que é necessária uma intervenção do Governo Federal junto a ONU. “A União deve pressionar a ONU para que seja decretada uma situação de crise humanitária para que possamos intervir da maneira adequada, essas pessoas necessitam de emprego, moradia e melhores condições de vida e nós não podemos apenas fingir que nada está acontecendo”, argumentou.

Uma das soluções apontadas por Neto é a prestação de auxílio para que o Governo venezuelano saia da crise. “A Venezuela se concentrou na produção de petróleo e deixou de produzir. A maioria dos produtos consumidos vinha do Brasil e dos Estados Unidos. A crise chegou e o primeiro setor a enfrentar dificuldades foi justamente o que gerava mais riquezas para o país, e agora falta dinheiro para honrar com o pagamento dos fornecedores. O melhor que temos a fazer é ajudar para que não soframos com um calote. Com essa ajuda, eles saem dessa crise e em consequência esse problema de migração seria sanado”, explicou.

O maior temor da Igreja Católica é que os imigrantes sofram com manifestações xenofóbicas. “Hoje a mão de obra venezuelana está mais barata que a brasileira e isso está desagradando aqueles que estão perdendo os seus empregos. Hoje os hospitais estão lotados e boa parte dos pacientes é do país vizinho e os brasileiros ficam chateados com essa situação. Tudo isso acaba incentivando a xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros, que é abominada pela Igreja Católica, pois fere o mandamento de amor ao próximo”, disse.

CESTAS BÁSICAS – Para ajudar os imigrantes em situação de miséria, a Diocese de Roraima está promovendo uma campanha de doação de alimentos. “Já doamos cerca de 100 cestas básicas, cujos itens foram arrecadados por meio de doações de fiéis. Quem quiser nos ajudar nesta missão basta nos procurar no Centro da Cidade ao lado do Colégio São José”, anunciou.

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