Apesar de o dinheiro ser a principal preocupação da população brasileira, superando até questões como saúde, família e segurança, a maioria ainda não consegue poupar. É o que revela uma recente pesquisa nacional, que traçou um panorama preocupante sobre a saúde financeira da população. O levantamento ouviu mais de 8 mil pessoas em todas as regiões do país e aponta que 49% dos entrevistados têm as finanças como a maior fonte de estresse.
Os dados são da 4ª edição da pesquisa Raio-X da Saúde Financeira dos Brasileiros realizada pela Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, em parceria com a Icatu Seguros. O estudo revelou que outros temas como saúde (19%), família (15%), trabalho (7%), violência (7%) e política (3%) aparecem bem atrás na lista de inquietações.
Ainda assim, mesmo com esse nível de preocupação, o comportamento financeiro não reflete uma busca por estabilidade: 63% das pessoas afirmaram não ter qualquer reserva de emergência. Além disso, 15% disseram estar endividadas e sem nenhuma forma de poupança, enquanto 14% alegaram não ter condições de se preparar para a aposentadoria.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O cenário também impacta diretamente a saúde mental. Sete em cada dez brasileiros afirmam que a pressão financeira afeta seu bem-estar emocional. Entre os entrevistados, 65% relataram sintomas de ansiedade relacionados a dívidas e contas atrasadas, e metade admitiu ter dificuldades para dormir por causa das preocupações financeiras.
A pesquisa revela ainda que a renda mensal de muitas famílias não é suficiente para cobrir os gastos básicos. Ao todo, 51% disseram que o salário não dá conta das despesas do mês, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior. E entre aqueles que consideram o dinheiro sua maior angústia, 61% afirmam que não teriam recursos para lidar com uma emergência de saúde.
O levantamento escancara um paradoxo: embora o dinheiro esteja no centro das preocupações da maioria dos brasileiros, o hábito de poupar ainda não faz parte da realidade da população. A ausência de uma cultura de educação financeira desde cedo, aliada ao custo de vida elevado e à informalidade no mercado de trabalho, contribui para um ciclo de vulnerabilidade que afeta não só o bolso, mas também o corpo e a mente.