Por Sheneville Araújo
Atualmente, existem mais de 36 milhões de pessoas no mundo todo vivendo com o vírus HIV. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) apontam que nos últimos cinco anos a América Latina e Caribe tiveram aumento de novos casos, de HIV/Aids (2%), sendo que no Brasil especificamente, esse aumento foi de 4%. E esse estudo revelou ainda que a Aids mata 15 mil pessoas por ano no Brasil.
Trazendo para a realidade local, dados da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) apontam que em 2015 foram registrados 254 novos casos de pessoas com HIV/Aids em Roraima e até o momento este ano mais 200.
Atualmente a rede estadual de Saúde mantém 1.540 pessoas em tratamento, mas destes, 160 desistiram nos último dois anos. E de 2015 para 2016 foram registrados 58 mortes de pessoas que viviam com HIV/Aids.
Especialistas alertam que os brasileiros estão falhando na prevenção. Mas há ainda a questão do tratamento, que é primordial e que pode evitar novas mortes das pessoas que já desenvolveram a Aids.
A psicóloga Gabriella Matias chama a atenção para a importância do paciente que descobre ser portador do vírus da Aids não se entregar. “O abalo emocional e físico da descoberta do vírus em um indivíduo é o ponto chave. A pessoa pode passar por vários estágios, como: negação, barganha, auto flagelação, até chegar a uma aceitação. Sabe-se que o HIV em si, não mata. Porem a debilidade que ele causa no organismo, abrindo portas para patologias subsequentes, leva muitas pessoas à morte, pois no decorrer desses estágios, muitos acabam desistindo ou se entregando.”, explicou.
Para evitar que chegue a esse quadro e até a morte, a psicóloga destacando a importância de uma intervenção terapêutica, pautada na aceitação e melhora da qualidade de vida é fundamental.
Para isso, um suporte psicológico é o mais recomendável. “O profissional vai chamar este indivíduo a lucidez de que há vida após a descoberta da patologia. Hoje a ciência já avançou muito e há probabilidade de uma sobrevida ‘saudável’ para o portador de HIV. Dentro de um trabalho terapêutico inicial, é importante trabalhar com a causa e os efeitos da doença; a aceitação para esse indivíduo e as formas de viver com a patologia. Em seguida, uma manutenção desta aceitação, trabalhando sempre pontos positivos da vida. Nunca esquecendo o processo de aceitação também de uma mudança de hábitos – alimentares, físicos e sexuais”, explicou.
E ela destaca ainda que se trata de um cuidado contínuo. “É um paciente que deve ser acompanhado ao longo do tempo, ele terá altos e baixos, como todo o resto do mundo e fazê-lo enxergar isso é muito importante”, explicou, destacando que com um preparo para um cognitivo/emocional equilibrado, há chances reais de uma sobrevida maior.
Mas ela ainda faz o alerta às pessoas que não estão enquadradas como pacientes de HIV/Aids. A prevenção é essencial. “Ainda hoje o HIV é visto como um tabu para a sociedade. Por mais informações que se tenha, as pessoas insistem em não se prevenir, com isso, o aumento de pessoas infectadas. Com a banalização do sexo e a facilidade de encontrá-lo, as pessoas também ficaram mais temerosas, mas não menos inconsequentes e a quantidade de casos não está caindo”, alertou, destacando que mesmo podendo ter qualidade de vida portando o vírus HIV ou vivendo com Aids, a prevenção com o uso de preservativo não deixou de ser necessária para evitar o aparecimento de novos casos. O vírus do HIV permanece se cura e o melhor caminho é a prevenção.
HIV – Sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, que pode ou não se desenvolver no organismo.
AIDS – Doença causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças.
Serviço de Assistência Especializada promove tratamento
A qualidade da assistência prestada às pessoas que vivem com HIV/Aids é uma das principais estratégias para a redução da mortalidade e prevenção para novos casos da doença. Baseado nisso, o Governo do Estado disponibiliza o SAE (Serviço de Assistência Especializada), que funciona anexo à Clínica Especializada Coronel Mota para os portadores de HIV e pessoas que vivem com Aids.
O serviço é o único do Estado que realiza atendimento integral para este agravo. A unidade conta com uma equipe multiprofissional, formada por médicos infectologistas e clínicos, pediatra, dermatologista, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiro, farmacêutico, bioquímicos, técnicos de enfermagem, além de assistentes administrativos e a coordenação geral do Serviço.
Todos os pacientes têm acesso aos atendimentos do SAE, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 18 horas (sem intervalo para o almoço). Os medicamentos antirretrovirais são todos fornecidos pelo Governo Federal e distribuídos pela farmácia do SAE, após atendimento médico.
A diretora do SAE, Magna Joviniana, reforçou a importância de os pacientes não desistirem do tratamento, pois a Aids é uma doença crônica que tendo um tratamento adequado, permite que o paciente leve uma vida normal e reduz as chances de que esta pessoa transmita a doença. “Muitos pacientes desistem, por falta de conhecimento dos serviços disponíveis na unidade. Outros são dependentes químicos que abandonam o tratamento por conta do vício”, explicou.
TESTE RÁPIDO
Como saber e buscar ajuda
É muito importante que a população realize o teste de HIV/Aids, que pode ser feito no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), localizado na avenida Ville Roy, 215, Centro, ou nos postos de saúde.
Ele pode ser feito de forma anônima e é gratuito. Inicialmente é realizado um teste rápido. Se o resultado for positivo, a pessoa faz um teste de confirmação e se for mantido o resultado, é feito encaminhamento imediato para acompanhamento no SAE.
Ao ser encaminhado para o SAE, o paciente recebe acompanhamento médico e realiza exames mais aprofundados. Em seguida, passa a ser acompanhado mensalmente, recebendo encaminhamento para outros exames específicos e medicação antirretroviral de acordo com a necessidade.
A Aids não tem cura, mas os portadores do HIV dispõem de tratamento oferecido gratuitamente pelo governo para prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente com Aids, pela redução da carga viral e reconstituição do sistema imunológico.