Marco Temporal

Derrubada de vetos ameaça demarcação de TIs de Roraima

Marco temporal restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas por esses povos em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da nova Constituição Federal

Derrubada de vetos ameaça demarcação de TIs de Roraima Derrubada de vetos ameaça demarcação de TIs de Roraima Derrubada de vetos ameaça demarcação de TIs de Roraima Derrubada de vetos ameaça demarcação de TIs de Roraima
Visita da Terra Indígena Pirititi, em Roraima (Foto: Divulgação)
Visita da Terra Indígena Pirititi, em Roraima (Foto: Divulgação)

O Congresso Nacional rejeitou o veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto de lei do marco temporal das terras indígenas (PL 490/07). Os trechos serão incorporados à Lei 14.701/23. Embora já julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o marco temporal restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas por esses povos em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da nova Constituição Federal.

Dados do Instituto Socioambiental (ISA) mostram que a maior parte das Terras Indígenas (TIs) se concentra nesta região: são 424 territórios, 115.344.445 hectares, representando 23% do território amazônico e 98.25% da extensão de todas as TIs do país. Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o projeto pode impactar quase 100% das áreas reivindicadas por indígenas — sejam elas com procedimento em aberto ou sem demarcação —, e ainda os territórios já homologados depois da Constituição Federal de 1988.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Segundo o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o estado possui 46% de terras indígenas em todo o território, mais de 80 mil indígenas, além de uma diversidade de povos indígenas e diferentes contextos e realidades culturais. São 36 terras indígenas: 32 demarcadas e homologadas, 23 pedidos de reestudo e 4 para demarcação, como é o caso das TIs: Arapuá (Alto Cauamé), Lago da Praia e Anzol (Murupu), Pirititi (sul do estado).

Em Roraima, a sanção do projeto na íntegra impediria um pleito antigo dos povos indígenas: o reconhecimento oficial das comunidades do São Francisco e Kaxirimã, que ficaram de fora da demarcação da TI Raposa Serra do Sol, e das comunidades Lago da Praia, na região Murupu, e Arapuá, na região Taiano, cuja demarcação “em ilhas” causam disputas por terra e acesso a recursos naturais. Além disso, também impediria a ampliação de terras indígenas já existentes: Araçá, Ponta da Serra, Aningal, Anaro e Serra da Moça, que também tiveram territórios excluídos no processo de demarcação original.

Mobilização

Diante desse contexto, as lideranças estão em alerta sobre os desafios impostos pelo Marco Temporal e buscam estratégias para enfrentá-los. “A defesa dos direitos indígenas é uma luta constante. A derrubada dos vetos sobre o Marco Temporal representa uma ameaça direta aos nossos direitos territoriais, poderíamos estar nas nossas comunidades, cuidando das nossas terras. Mas, estamos unidos e determinados a enfrentar esse desafio juntos”, afirmou Enock Taurepang, vice- coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

“Não é só sobre o Marco Temporal, existem outras condicionantes que nos prejudicam enquanto povos indígenas, como o ponto que se refere a regulamentação de mineração em terras indígenas, que fere o protocolo de consulta”, ressaltou o assessor jurídico do CIR, Ivo Makuxi, durante os esclarecimentos sobre a derrubada do veto sobre o Marco Temporal.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.