Cotidiano

Delegacias de polícia estão sem papel e toner para impressoras

Na falta dos materiais o cidadão que precisar registrar um Boletim de Ocorrência precisa comprar o papel para registrar o crime

Tatiane Ramos

Colaboradora Folha

Após a Folha receber denúncia de que delegacias de polícia apresentam deficit de materiais indispensáveis para o atendimento ao público, como papel e tinta para registrar os Boletins de Ocorrência (BO) nas Unidades Policiais, a reportagem procurou o Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol) que confirmou a reclamação.

Segundo o sindicato, atualmente servidores públicos têm encontrado dificuldades para trabalhar, pois quando precisam de papel é necessário comprar as folhas e levar para o atendimento a fim de serem usadas naquela ocorrência. Além da falta de papel, há também a carência de impressoras, tintas e combustíveis para as viaturas transitarem. 

Segundo Leandro Almeida, presidente do Sindpol, em entrevista à Folha, quando o cidadão chega até a delegacia e não tem o papel para fazer o B.O. precisa voltar para casa sem registrar o crime. A Central de Flagrantes, responsável por realizar os autos de prisões da capital, hoje está apenas com uma impressora.

“Para atender à população, os colegas dão um jeito, fazem vaquinha, compram uma resma de papel, alguns do setor de operações, que é uma equipe permanente, normalmente compram e ficam usando a conta gotas. O cidadão já cansou de chegar até a Unidade Policial para fazer o B.O. e ouvir da boca do servidor que não tem papel, então eles vão comprar a quantidade específica para o uso daquela ocorrência. Caso haja sobra, eles levam as demais folhas para casa. Nós orientamos os policiais a não receberem nenhum tipo de doação dessa forma, porque isso pode futuramente complicar o servidor, podendo concluir que o policial está exigindo do cidadão que leve o seu próprio papel. Existem pessoas que preferem não mais procurar a Polícia Civil e deixam por isso mesmo, pois é um transtorno ir, não tem gente para apurar, não tem combustível para as viaturas transitarem, então a pessoa diz que é melhor não fazer nada”, denunciou.

O presidente do Sindpol esteve reunido nesta terça-feira (30) com o Delegado-geral, Herbert de Amorim Cardoso, e abordou também a questão do deficit de materiais nas delegacias informando que “foram feitas duas aquisições de papel na ordem de 1500 resmas cada. Uma dessas compras é o que está sendo utilizada atualmente e, conforme os cálculos, cada uma supre o período de quatro meses. Não houve ainda licitação para comprar por um ou dois anos, isso conforme ordem do governador que está racionando a aquisição do material”. Leandro afirma ainda que essa falta de material vem desde a crise instalada em 2018, na época da antiga administração. 

A empresa contratada à época oferecia um serviço completo de cópias, papéis, impressão, e atendia uma parte significativa da Administração Estadual, não só a Polícia Civil. “A informação é que nas dependências da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), onde funcionam várias delegacias, ficou apenas uma impressora para suprir as demandas de quatro unidades policiais que a compõem. A máquina, inclusive, se encontra no corredor localizado no último piso do prédio”, explicou.

“Esse contrato não era só dentro da Polícia Civil, mas sim do governo do Estado, e a polícia era atendida por ele. Por exemplo, a locação de viaturas e veículos não era um contrato da polícia civil, era um contrato do governo do Estado que tinha carros para a Polícia Militar, Polícia Civil, Agricultora, Secretaria de Estado da Saúde em Roraima (Sesau), com todas as pastas. Não era um contrato da Delegacia geral, e sim do governo do Estado”, explica Leandro Almeida.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com assessoria de comunicação do governo de Roraima para saber sobre os procedimentos que foram tomados quanto à atual situação. A Delegacia Geral da Polícia Civil de Roraima informou que os contratos estão sendo ajustados e, em alguns casos, relicitados devido às inúmeras dívidas deixadas pela gestão anterior.

Sobre as impressoras, disse que estão sendo adotadas medidas como remanejamento de equipamentos pertencentes ao patrimônio do Estado e aquisição de novas máquinas e aluguel de outros equipamentos para atender as unidades da Polícia.

“Em relação à falta de papéis, a Polícia Civil tem gerenciado a necessidade e está abastecendo as unidades. Já houve a contratação da empresa responsável pelo fornecimento, sendo que o material deve ser entregue no decorrer desta semana”, disse em nota.