Max, Jasmine e Oliver fazem do motorhome a casa oficial da família enquanto percorrem o Brasil. (Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)
Max, Jasmine e Oliver fazem do motorhome a casa oficial da família enquanto percorrem o Brasil. (Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)

O casal Max Schmoller e Jasmine Ester ficou conhecido em Roraima em 2015, quando um pedido de casamento inusitado estampou uma página inteira do jornal impresso da Folha. A surpresa, organizada por Max com o apoio da redação, viralizou na época e se tornou parte da memória afetiva do leitor. Dez anos depois, a história ganhou novos capítulos. Agora, os dois, acompanhados do filho Oliver, de 1 ano e 8 meses, vivem em um motorhome que se tornou a casa oficial da família e viajam pelo Brasil.

Max, Jasmine e Oliver em entrevista à Folha. (Foto: Nilzete Franco)

Hoje estacionados no Centro Cívico, eles conversaram com a Folha e revisitaram a trajetória que começou com um pedido de casamento nas páginas do jornal e evoluiu para uma vida nômade pelas estradas do país.

O pedido que virou notícia

Pedido de casamento foi feito em uma das páginas do jornal impresso da FolhaBV. (Foto: Arquivo)

Max lembra que a ideia nasceu da certeza de que os dois não teriam festa de casamento. “A gente sempre preferiu viajar a gastar com um festão. Mas o pedido tinha que ser marcante”, contou.

A proposta inicial era simples: uma notinha nas páginas sociais. Mas, após conversar com a equipe da Folha, o que era para ser discreto virou uma produção completa. “O diagramador fez uma página inteira, cheia de corações e contando nossa história”, lembrou, rindo.

Jasmine, que acreditava estar participando de uma entrevista sobre o Dia da Mulher, só percebeu a surpresa quando uma tia entrou com o jornal do dia. Ao sair da sala, encontrou Max ajoelhado com flores – exatamente como aparecia na capa.

O pedido foi aceito e, em 2016, o casal oficializou a união no cartório.

De Boa Vista a Santa Catarina: o início da mudança

(Foto: Arquivo pessoal)

Depois de alguns anos vivendo e trabalhando em Boa Vista, o casal decidiu buscar melhor acompanhamento de saúde para Max em Santa Catarina, onde ele tinha familiares e tratamento médico. A pandemia os pegou já instalados no Sul do país e, durante o período de isolamento, eles mergulharam no universo dos motorhomes.

“Em vez de dar entrada num apartamento fixo e viver numa só cidade, pensamos em construir nossa casa sobre rodas”, explicou Jasmine.

O veículo foi comprado entre 2020 e 2021. A construção levou dois anos, entre golpes de empresas, idas a fábricas e muito trabalho manual feito pelo próprio casal. Max cuidou de toda a parte técnica e elétrica; Jasmine desenhou cada móvel e detalhe do interior.

O resultado é uma casa completa: cama queen, ar-condicionado, máquina de lavar, geladeira grande, forno profissional, sistema de energia solar e autonomia suficiente para longas travessias.

(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“A gente sabe onde está cada parafuso. Eu mesmo conserto tudo”, afirmou Max.

A primeira etapa da viagem começou em 2022, saindo de Itajaí (SC). Eles percorreram o Sul e Sudeste. A meta inicial era fazer todo o litoral brasileiro até chegar ao extremo Norte.

Mas, durante a passagem por Paraty (RJ), a rotina mudou.

Gravidez, pausa no Canadá e retomada da viagem

Em Paraty, Jasmine começou a apresentar fortes enjôos. O casal decidiu interromper a rota e retornar a São Paulo. Foi lá que confirmaram a gravidez de Oliver.

A ideia original precisou ser suspensa. O motorhome foi guardado e o casal se mudou temporariamente para Toronto, onde Jasmine realizou todo o pré-natal. Oliver nasceu no Canadá.

Após seis meses, já com o bebê documentado e saudável, a família voltou ao Brasil, recuperou o motorhome e retomou a viagem – agora em três.

Depois de retornar ao Brasil com Oliver, o casal retomou a viagem partindo de São Paulo e seguiu novamente pelo litoral, passando por cidades do Sudeste e Nordeste até alcançar o Pará. No percurso, reforçaram a rotina que já levavam dentro do motorhome, organizando o dia a dia conforme cada parada, convivendo com outros viajantes e ajustando o percurso ao tempo e às necessidades da família.

Para Max e Jasmine, essa etapa consolidou a sensação de autonomia e confirmou que o veículo era, de fato, a casa onde a família se reconhecia, independentemente do estado ou da cidade em que estivessem.

Retorno a Boa Vista e planos para os próximos meses

O casal pretende permanecer alguns meses em Boa Vista para reorganizar a rotina e retomar vínculos com a cidade onde viveram por tantos anos. Durante esse período, o motorhome ficará estacionado com estrutura de água e energia e funcionará como base fixa da família.

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Mesmo com a pausa, a estrada segue no horizonte. O casal adquiriu recentemente um veículo menor, que permitirá explorar a região e alcançar pontos que, apesar dos anos vividos em Roraima, ainda são inéditos para eles. Entre os destinos que planejam visitar estão a Gran Sabana, Tepequém, Serra Grande e Iramutã. Para ele, mesmo em período de descanso, a essência permanece.

Viajar sempre integrou a rotina do casal. Jasmine lembra que acompanhou o ritmo de Max desde o início da relação. “A gente sempre gostou de viajar, mesmo antes do motorhome”, afirmou. Ao longo dos anos, passaram por Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e por uma extensa rota pelo litoral brasileiro. Agora, Oliver acompanha a mesma dinâmica e se adapta naturalmente ao espaço que considera lar. “O motorhome virou nossa casa, é onde a gente se reconhece”, completou Max.