Um dia após a Folha acompanhar, junto ao Conselho Tutelar, a abordagem para conscientizar os imigrantes sobre a presença de crianças em semáforos ou outros locais pedindo dinheiro, a equipe de reportagem flagrou, na manhã de terça-feira, 2, três situações em que expõem menores a condições de risco.
A primeira foi constatada no semáforo da Avenida Mário Homem de Melo com a Avenida São Sebastião, no bairro Tancredo Neves, zona Oeste. Um indígena venezuelano, de aproximadamente 7 anos, se aproximava dos carros que paravam no semáforo, junto com adultos, pedindo dinheiro dos motoristas.
Em outro caso, no Centro, na Avenida Jaime Brasil, uma indígena venezuelana pedia dinheiro sentada em frente a uma agência bancária com uma criança de colo, enquanto a outra brincava ao lado da rua. A mesma cena foi constatada no semáforo da Avenida Major Williams com a Avenida Mário Homem de Melo, onde uma indígena se aproximava dos carros com uma criança andando ao lado.
Além da atuação do Conselho Tutelar, a Vara da Infância e Juventude tem realizado um trabalho de prevenção para que a situação não se agrave ainda mais, instruindo cada família indígena localizada e retirando as crianças da rua, em razão dos inúmeros perigos que o ambiente propicia. A chefa da divisão de proteção, Lorrane Pereira, explicou que é uma ação de orientação e que não foi feito nenhum aviso de que podem levar as crianças a abrigos, uma vez que isso pode piorar a situação familiar.
Ela explicou que, para contornar a situação da criança, é preciso contornar a situação da família. Segundo Lorrane, se uma criança é levada a um abrigo, a família pode ir embora e deixar a criança desamparada. “Por isso tentamos conscientizar que eles precisam do apoio de terceiros”, relatou. Para ela, é preciso ter uma casa de acolhimento a família aos imigrantes, “para que tenham uma mínima dignidade, ao menos”, frisou.
Durante as orientações, Lorrane relatou que está sendo feito um catálogo junto aos imigrantes, indicando a região de onde vieram, quem são as famílias, a frequência de idas e vindas, a etnia e qual assistência fornecer. Segundo a chefa, a maioria das famílias veio de uma região chamada Los Caños. “Já tem alguns que estão voltando sabendo da legislação, tanto que não levam mais os menores”, disse.
A população pode entrar em contato com a Divisão de Proteção do Juizado da Infância e Juventude por meio do 3621-5103, para denunciar a situação e fornecer qualquer informação que ajude o órgão a prevenir um maior número de crianças, sob perigo de vida, nas ruas de Boa Vista. (A.G.G)