Cotidiano

Cozinha Solidária beneficia famílias em situação de vulnerabilidade social

Construção do espaço foi uma parceria entre Senai, Sinduscon e Associação da Moradia Digna; estrutura foi feita por alunos do curso de Construção de Edificações e que também são atendidos pelo projeto

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O local não estava dentro dos padrões exigidos pela Vigilância Sanitária, mesmo assim fornecia refeições gratuitas a aproximadamente 280 famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social em Boa Vista. Hoje, a realidade é bem diferente e a ‘Cozinha Solidária’ recebeu um projeto moderno dentro das normas técnicas sanitárias. O espaço será inaugurado nesta sexta-feira, 17. 

A construção faz parte de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RR) e o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR), por meio de um acordo de cooperação técnica com a Associação da Moradia Digna. A estrutura foi feita por alunos do curso de Construção de Edificações e que são atendidos pela associação. 

Nesta sexta, acontece às 16h a inauguração do espaço de mais ou menos 70 metros quadrados e a entrega dos certificados dos participantes do curso. A ‘Cozinha Solidária’ funciona dentro da sede da Associação da Moradia Digna (AMD-RR), situada na rua Dr. Luiz Brito Júnior, nº 709, bairro Jardim Equatorial, zona Oeste de Boa Vista. 


Presidente do Sinduscon-RR, Clerlanio Holanda  (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

De acordo com o presidente do Sinduscon-RR, Clerlanio Holanda, a Associação da Moradia Digna (AMD-RR) trabalha com a comunidade e fornece diariamente, de segunda a sexta-feira, refeições gratuitamente à população carente. Segundo ele, o projeto começou a crescer e a Vigilância Sanitária foi fazer uma visita e constatou que as instalações estavam precárias. 

“A cozinha estava em um local improvisado e sem higiene para que fosse aprovada pelo órgão de fiscalização para continuar funcionando. Então, foi dado um prazo para que a associação se regularizasse dentro das exigências ou fechasse as portas. Com isso, a presidente Maria Ferraz foi em busca de parcerias para que o projeto não se acabasse”, explicou. 

Holanda detalhou que ela procurou o Senai-RR e a instituição se dispnibilizou a ajudar com a capacitação de pessoal e mão de obra. Por outro lado, o Sinduscon-RR entrava com o material e acompanhamento da obra. A construção iniciou e agora está totalmente pronta e equipada, com fogão, freezer, mesas e cadeiras. Todo material foi doado.  

“O Senai-RR se dispôs a capacitar os próprios voluntários, para que eles mesmos construíssem a Cozinha Solidária e ao final receberiam certificados, para que possam trabalhar como pedreiro, carpinteiro, assentamento de tijolos e cerâmicas, pintor e eletricista”, informou o presidente, ao acrescentar que todo o material das aulas práticas do curso foi doado pelo Sinduscon-RR. Cerca de 15 pessoas foram capacitadas.

“A gente avalia, como empresário da construção civil, que já construiu muitas obras de grande porte, seja na área de saneamento, habitação, educação e saúde, está como uma obra fisicamente pequena, mas uma das maiores obras que a gente já construiu, com relação à  importância e dignidade que oferece para quem mais precisa”, declarou. 

Mão de obra

Para o instrutor de Construção Civil do Senai-RR, Edjarisson Silva Costa, participar da construção da Cozinha Solidária foi uma experiência ímpar. Ele relata que apesar da instituição prestar serviços beneficentes externos por meio dos cursos, essa foi a primeira vez que executou a construção de um imóvel completo. 

“Sempre fizemos por partes, uma reforma, uma ampliação, mas dessa vez foi uma turma bem diferente, pois começamos do zero e os alunos puderam fazer toda a obra, do começo ao fim, do alicerce ao acabamento. Isso foi muito gratificante, pois tinham alunos que não sabiam nem pegar em uma colher de pedreiro e hoje já estão inclusive pegando serviços por causa do conhecimento que adquiriram no curso”, esclareceu.

Projeto Cozinha Solidária

Segundo um relatório da ONU, em 2020, quando ocorreu o estouro da pandemia da Covid-19, houve um agravamento dramático da fome mundial, ultrapassando o crescimento populacional: estima-se que cerca de 9,9% de todas as pessoas tenham sido afetadas no ano passado, ante 8,4% em 2019 (fonte: Unicef).

Em Roraima, muitas famílias também se encontram em situação de vulnerabilidade, agravada pela pandemia. Em solidariedade à crise, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), a Associação da Moradia Digna e os apoiadores promoveram uma campanha de arrecadação de alimentos por meio de doações on-line, que resultou na compra de cinco mil cestas básicas.

A presidente da AMD-RR informou que neste ano, com a morte de muitos trabalhadores devido aos surtos de coronavírus, o número de famílias precisando de ajuda aumentou significativamente. Apesar da crise para arrecadar os alimentos, com o pouco que conseguiram, as entidades abriram para o grande público a ‘Cozinha Solidária’.

O projeto, que no início atendia apenas dez famílias, agora é responsável pela alimentação de cerca de 278 famílias. “A entidade de luta por moradia e igualdade social tem 14 anos de existências. Nós sempre buscamos ajudar as pessoas e conseguimos crescer e montar uma cozinha. Em 2021, com a crise imigratória e o surto do coronavírus, fomos crescendo ainda mais. Damos graças aos parceiros por nos ajudar a manter essa cozinha”, completou Maria Ferraz. 

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