Cotidiano

Corpos de 29 dos 33 detentos mortos na Penitenciária já foram liberados

Até o fim da tarde de ontem, quatro corpos ainda estavam em fase de identificação para liberação

Corpos de 29 dos 33 detentos mortos na Penitenciária já foram liberados Corpos de 29 dos 33 detentos mortos na Penitenciária já foram liberados Corpos de 29 dos 33 detentos mortos na Penitenciária já foram liberados Corpos de 29 dos 33 detentos mortos na Penitenciária já foram liberados

Vinte e nove famílias já receberam os corpos dos presos mortos durante o massacre ocorrido na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), zona Rural de Boa Vista, na madrugada de sexta-feira, 06. Os corpos foram identificados por meio de perícia papiloscópica feita pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e Instituto de Identificação durante o fim de semana.

Enquanto esperavam a liberação, embaixo de árvores, alguns familiares solicitaram do Governo do Estado o serviço de assistência para realizar o sepultamento. Na tarde de sábado, 7, de hora em hora os legistas chamam as pessoas para fazerem o reconhecimento. Foi também na tarde de sábado que uma tenda foi instalada em frente ao IML.

A vendedora Simone Alves chegou ao local de manhã bem cedo e esperava por informações sobre a situação do marido, preso na unidade há dois meses por porte de drogas. “Estou esperando qualquer informação. Meu marido estava na cozinha. O nome dele não foi divulgado e ninguém sabe dizer se ele está vivo ou morto. Eu não sei o que fazer. É um descaso do Governo o que está acontecendo com a gente”, desabafou.

Uma mulher, que preferiu não se identificar, recebeu a confirmação de que o marido, preso na penitenciária há poucos meses, era um dos mortos. Sem conter o choro, ela disse à equipe da Folha que estava aguardando a liberação do corpo e que já tinha solicitado do Governo do Estado a assistência para o funeral.

O clima em frente ao IML era de desespero. Muitas mulheres choravam a perda do marido, filho ou irmão. Uma delas, que também preferiu não se identificar, afirmou que não teria condições de custear o enterro do filho e foi informada pela equipe da Folha sobre a assistência do Governo. “Isso é o mínimo que eles [Governo] podem fazer. Se tivessem se preocupado antes, essa chacina não teria acontecido. Preferiram fingir que nada estava acontecendo dentro da Pamc.

Sabiam da existência das facções e que era perigoso. Meu filho estava pagando pelo crime que cometeu há mais de um ano, por conta de tráfico. Não tinha na a ver com facção nenhuma e agora olha só onde ele está: dentro de um saco”, disse.

Um rapaz, que é servidor público do Estado e ficou receoso de divulgar o nome, desabafou sobre as represálias que estava sofrendo por ser irmão de um preso morto. “A gente já está sofrendo com a perda e com essa enrolação do Governo e ainda temos que ouvir coisas como ‘bandido bom é bandido morto’. As pessoas não pensam que quem morreu ali dentro [Pamc] também é um ser humano. E o pior: são pessoas que não têm nada a ver com as facções e com essa rixa. As famílias também não têm nada a ver com isso. Agora estou aqui [no IML] esperando liberarem os pedaços do meu irmão para poder enterrar”, disse o servidor.

GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que equipes de psicólogos e assistentes sociais estão oferecendo suporte necessário às famílias, bem como possui equipe técnica preparada para fornecer serviço de assistência funerária, quando requisitado.

Em relação às indenizações, a Procuradoria Geral do Estado informou que o valor pago aos familiares é fixado pelo juiz da causa conforme a jurisprudência, e que os interessados podem ingressar com ação pedindo a indenização por danos morais em uma das varas da Fazenda Pública Estadual. (C.C)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.