Cotidiano

Coronel da União quase atropela manifestantes

O episódio ocorreu por volta das 13h dessa quinta-feira, 29, e resultou no arrombamento do portão, que estava lacrado com cadeados

Um coronel da União quase atropelou esposas de militares que estavam acampadas desde a noite de quarta-feira, 28, em frente aos dois portões que dão acesso ao quartel do Comando de Policiamento da Capital (CPC). As esposas estão reivindicando o pagamento dos militares subordinados ao Governo do Estado, que estão sem receber desde setembro.

A situação ocorreu por volta das 13h dessa quinta-feira, 29, no portão em frente à avenida Glaycon de Paiva. Uma das mulheres que estava no local na hora do incidente, e optou por preservar sua identidade, comentou que a tentativa de desbloquear foi desnecessária, uma vez que apesar do portão estar trancado com cadeado, oficiais a pé estavam sendo permitidos entrar no local.

“Uma de nós quase se machucou no portão. Essa situação foi revoltante, pois ele é um agente da União, então estamos falando de alguém que não está a par da situação, e tentou desmoralizar o nosso ato. Estamos aqui por necessidade de uma solução quanto aos salários dos nossos esposos”, comentou.

No fim das contas, o portão ficou escancarado, e, por ser alguém de fora do estado, o coronel que praticou o ato não foi identificado por nenhuma das mulheres. Uma das manifestantes que foi abordada pela equipe de reportagem, Michelle Lima, afirmou que o susto foi tão grande, que elas precisaram sair do local para tentar acalmar os ânimos.

“Ele falou que iria passar por cima, se fosse necessário. Todas as mulheres ficaram extremamente abaladas, pois todo o ato foi completamente desnecessário. No momento, o portão está aberto, mas estamos atrás de cadeados para bloquear ele de novo. A nossa sorte é que, como estamos todas nos revezando aqui, teve como algumas saírem e se acalmarem enquanto tomamos conta da entrada”, contou.

Quanto ao andamento da paralisação no CPC, outra esposa de militar, Cida Matias, afirmou que ele vem sendo organizado por revezamento, e que no momento de folga, as mulheres buscam recursos para ajudar no abastecimento de água, comida e outras necessidades.

Manifestantes contaram ter ficado abaladas e que ato truculento de oficial foi desnecessário (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)

“Eu mesma acabei vindo para cá na manhã desta quinta, quando vi no Instagram que havia uma concentração começando aqui, e quis ajudar. Acredito que precisamos de mais divulgação, pois ainda há umas 25 de nós aqui, e se os meios de comunicação pudessem chamar mais mulheres de militares, seja policial ou bombeiro, seria mais viável para conseguirmos pressionar o poder público”, comentou.

Outra manifestante, Adriane Souza, destacou que o apoio da população, com doações de alimentos, água e outros subsídios básicos, é fundamental para que mulheres continuem mobilizando tanto no CPC quanto na instalação da 2ª Brigada.

“Estamos recebendo doações de diversas pessoas. Apesar disso, ainda passamos por alguns apertos. Tanto nós quanto as mulheres que estão acampadas na 2ª batalhão da PM, depois de ficarem 30 dias morando em frente ao Palácio do Governo. Precisamos que a população nos apoie, pois estamos lutando por homens que não podem lutar”, afirmou.

Sintraima articula novo bloqueio em Jundiá para próxima semana

Enquanto as mulheres de militares realizam o bloqueio de passagem de civis e automóveis em unidade de policiamento da Capital, o Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima) busca impedir a passagem de recursos na própria fronteira do estado com o Amazonas, em Jundiá, no município de Rorainópolis.

Segundo o presidente do sindicato, Francisco Filgueira, uma assembleia geral será convocada na tarde de segunda-feira, 3, para determinar um novo bloqueio, desta vez por tempo indeterminado ou até o pagamento de servidores.

“A estratégia é evitar a entrada de quaisquer recursos em Roraima de forma que os poderes públicos sejam pressionados a solucionar a falta de pagamento de servidores. Queremos mostrar que a sociedade é impactada por essa falta de pagamentos. No momento, só falta organizarmos uma logística entre os sindicatos associados e determinar como se dará o bloqueio”, contou.

Francisco explicou que, com o bloqueio, a gasolina estará em falta em Roraima em um prazo de até quatro dias. Após isso, o próximo passo é a falta de alimentos. “Para se ter uma noção do impacto que pode ocorrer, nas 10 horas que ficamos paralisados ontem, 1 milhão de litros de combustíveis ficam bloqueados. Cada carreta carrega mais de 60 mil litros, e haviam mais de 50 que não entraram nesse período”, frisou. (P.B)

Sindpol fará assembleia para determinar greve geral

Já o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol) está prestes a determinar greve geral. Em vídeo divulgado pelo presidente do sindicato, Leandro Almeida, ele conta que uma fonte sua garantiu que não há previsão de recebimento para classe, e, por isso, uma assembleia discutirá a possibilidade da deflagração na segunda-feira, 3, em assembleia às 9h, na sede do Sindpol, no bairro Jardim Primavera.

“Saí da Sefaz sem recebimento de respostas por parte do secretário. Mas fui informado, por alguém confiável, que não há perspectiva do recebimento de salários referentes ao mês de outubro, novembro, dezembro, e nem a segunda parcela do 13º salário. Com base nessas informações, estarei lançando edital para convocação de assembleia, tendo como pauta a greve geral de policiais civis do estado de Roraima”, relatou no registro. (P.B)