Após o convênio assinado entre o Governo do Estado e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), pacientes que aguardam desde 2012 por cirurgias ortopédicas de alta complexidade poderão ser operados sem ter que sair do Estado. A expectativa é que mais de 300 pessoas sejam beneficiadas.
A ação integra o Projeto Suporte, do Into, para levar profissionais especializados e promover cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em locais com baixa oferta de serviços na área de traumatologia e ortopedia, como é o caso de Roraima. O convênio estava inoperante desde 2012 e desde outubro deste ano, o Governo vem se articulando para reativar esta ação.
A governadora Suely Campos (PP) enfatizou que o atendimento humanizado aos pacientes é o principal ganho com esta ação. “Deste modo, o paciente pode realizar a cirurgia e se recuperar perto de sua família. E o Estado, por sua vez, deixa de arcar com custos de passagens de pacientes e seus acompanhantes. Todos saem ganhando”, observa.
Por meio deste acordo de cooperação técnica, o instituto traz para Roraima os materiais, equipamentos e toda equipe médica para realização dos procedimentos cirúrgicos. As cirurgias serão realizadas no Hospital Geral de Roraima e a expectativa é iniciar os primeiros atendimentos ainda neste ano.
O convênio segue para validação pelo Ministério da Saúde. Após isso, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e o Into farão uma triagem da demanda – priorizando os pacientes mais graves – e uma definição de quando serão realizados os mutirões.
O coordenador do Projeto Suporte do Into, José Luiz Ramalho, explicou que o Into já realizou 387 cirurgias ortopédicas no Estado em convênios anteriores. “À época, realizávamos uma média de um mutirão por semestre, mas já chegamos a realizar quatro visitas em um ano. Dessa forma, acreditamos que em pouco tempo consigamos atender a demanda reprimida aqui do Estado”, disse.
APERFEIÇOAMENTO – O secretário estadual de Saúde, César Penna, enfatizou que além de disponibilizar a equipe para realizar as cirurgias, os profissionais de Roraima terão portas abertas para se capacitarem no Into, que é a maior referência do país e uma das maiores do mundo em ortopedia. “Ter profissionais do mais alto padrão realizando procedimentos no Estado é uma possibilidade ímpar de qualificação para os nossos profissionais. Além disso, poderemos enviar os nossos profissionais para qualificação no Into, o que proporciona uma melhoria direta na assistência à população”, frisou.
CUSTO – Para aqueles pacientes que conseguem uma vaga para realizar estas cirurgias fora do Estado, o Governo providencia passagens aéreas, ajudas de custo e, considerando que estas pessoas podem passar semanas em TFD (Tratamento Fora de Domicílio), estes procedimentos não saem por menos de R$ 15 mil por paciente, podendo chegar a R$ 20 mil, a depender do preço da passagem aérea e tempo de permanência.
Com este convênio, o governo deixará de enviar pacientes e vai gastar apenas com os custos da equipe médica, cujo investimento vai girar em torno de R$ 2 mil. “Apesar da economia significativa de recursos públicos, o maior ganho será o benefício social, pois estes pacientes poderão ser operados perto de casa”, disse o secretário de Saúde, César Penna.
O coordenador do Projeto Suporte do Into, José Luiz Ramalho, disse que a maioria das pessoas que utilizam o TFD são pessoas pobres, que ao terem que viajar para outros estados, têm dificuldades em lidar com o clima, com a cultura, e até com a comida do local. “Podem parecer detalhes insignificantes, mas se tratar em domicílio representa um benefício muito grande aos pacientes”, afirmou.
TRÂNSITO – Atualmente, Roraima tem uma fila de espera de 304 pacientes, cadastrados na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) desde 2012. Cerca de 80% da demanda por procedimentos de alta complexidade em ortopedia são reflexo de acidentes de trânsito, com vítimas, em sua maioria, entre 18 a 35 anos. Esta mesma violência no trânsito impacta fortemente na demanda no HGR.
Segundo o secretário estadual de Saúde, César Penna, a ortopedia é responsável por aproximadamente 30% a 40% da demanda de cirurgias na unidade. Em média, de cada 300 internações, 100 são de vítimas do trânsito. Pensando nisso, a Sesau tem feito investimentos importantes na área. “O Estado conseguiu realizar todo o abastecimento em materiais e equipamentos necessários aos procedimentos de ortopedia, que já começaram a chegar às unidades. Alguns destes materiais nunca estiveram disponíveis no Estado e hoje podemos dizer que estamos abastecidos com materiais para esta área. Isto, aliado a este convênio com o Into, irá propiciar um salto na qualidade e quantidade de atendimentos na área”, explicou.
O instituto, que é referência nacional e está entre os melhores do mundo em ortopedia, irá realizar procedimentos como a implantação de próteses totais de joelho, quadril e reconstrução do ligamento cruzado posterior (atrás do joelho), procedimentos que não estão disponíveis no Estado e são realizados apenas por meio de TFD.
Somente 49 pacientes foram atendidos de 2013 a 2016. A fila anda lentamente devido à alta demanda por estes procedimentos em todo o país. Poucos hospitais do Brasil realizam este procedimento, devido ao seu alto custo e praticamente toda a demanda é encaminhada para o Into, no Rio de Janeiro.