Cotidiano

Conheça o poder da Equoterapia e como participar de tratamento

A terapia trabalha com as emoções, musculatura, causa bem-estar e desenvolve a voz de comando, fazendo com que o praticante se sinta útil

É no picadeiro que a mágica acontece. O local, com chão de areia branca, é usado para a interação entre cavalos e pacientes com deficiência e/ou com transtornos.

Mas você sabe quais são os benefícios do convívio entre paciente e cavalo? Aline Reis, gestora do Centro de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro detalhou como funciona o tratamento, para quem é destinado e como participar das terapias.

A terapia trabalha com as emoções, musculatura, causa bem-estar e desenvolve a voz de comando, fazendo com que o praticante se sinta útil. A gestora do Centro de Equoterapia ressaltou que o tratamento é completo. “Ele gera benefícios para o condutor, o mediador e o praticante. É uma troca de estímulos, tanto para o animal, como para o praticante”.

O Centro existe desde 2003, hoje atende 157 pessoas, a partir dos 3 anos de idade. A estrutura conta com oito cavalos e atendimento de segunda a sexta-feira, durante todo o dia, com intervalo para o almoço. Recentemente, entraram seis novos fisioterapeutas, empossados no último seletivo da Secretaria de Estado da Saúde.

Após o recesso de 15 dias, o Centro de Equoterapia retomará os atendimentos no dia 1º de agosto. O centro, que está localizado no Parque de Exposição Dandãezinho, zona rural de Boa Vista, é o único, dentre os estados da Região Norte do Brasil, que oferece atendimento equoterápico gratuito para pessoas com deficiência e com transtornos.

Inscrições

Para participar das atividades, o interessado deve receber o diagnóstico e ser encaminhado por um médico. Basta levar o encaminhamento ao Centro de Equoterapia e aguardar a abertura de vagas.

Este ano, entraram 33 novos pacientes. Os praticantes estavam há dois anos sem atendimento presencial, por conta da pandemia. Neste período, os profissionais se readequaram e passaram a ministrar atendimento remoto.

“Mesmo em casa, nossos pacientes continuaram com os atendimentos, mandávamos vídeos com os cavalos, com atividades, para que mantivéssemos o vínculo família, centro e animais”, disse Aline Reis.


A diretora do Centro Aline Reis e o cavalo Maracajá (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Maracajá

Um dos cavalos do Centro, que foi batizado pelo nome de Maracajá, por conta da pelagem dele que se assemelha ao Gato-marajá, apresentou arritmia pelo avanço da idade e a decisão era para que o animal se aposentasse. “Ele sofreu por não ter mais contato com os praticantes, então ele voltou e agora limitamos o peso de quem monta nele ou deixamos ele somente para aproximação”, explicou a gestora do Centro. Maracajá, inclusive, é patrimônio do Estado de Roraima.

Durante toda a entrevista, a gestora do Centro tentava falar com a equipe de reportagem, enquanto Alfredo, um fiel cão, não a abandonou. Aline Reis afirmou que o Centro é vivo e que a equipe profissional se importa com os praticantes, mas também com os animais que ali vivem. “Nem preciso falar o quanto nos importamos”, disse, olhando para Alfredo que queria brincar com a gestora durante a entrevista.

Na prática

 A empresária, Igeane Marques, é mãe de Manoel Sabino, que foi diagnosticado com atraso cerebral, logo após o nascimento. Manoel faz equoterapia desde os 4 anos de idade. Hoje Manoel tem 13 anos. A mãe dele não esconde a satisfação de contar com o serviço.

 “O avanço no tratamento dele é perceptível. Ele não se prende a telas como as outras crianças e prefere o contato com as pessoas, com a natureza e com os animais”, disse a mãe de Manoel.

Igeane contou também que o período pandêmico foi de difícil adaptação para o filho, que não podia ir ao Centro de Equoterapia. “Uma sessão de equoterapia equivale a vinte sessões de fisioterapia, então foi notório o retardo do meu filho neste período. Mesmo o tratamento sendo feito uma vez na semana, faz grande diferença”, afirmou.

Revitalização

Sulamita Bento, coordenadora estadual de Políticas Públicas da Pessoa com Deficiência, que atua no Centro, falou que o Estado pretende ampliar o número de vagas para este próximo ano de 2023. “O centro desde 2007 nunca havia passado por uma revitalização. Além de manutenção da parte elétrica, nova tintura, tubulação, troca de areia do picadeiro, o Centro recebe ampliação para que possamos atender mais pessoas e implantar novos projetos para atender toda a família dos praticantes”, contou.