TRANSPORTE INTERMUNICIPAL

Sindicato dos transportes de Roraima apresenta contraproposta ao modelo de concessão do governo

O sindicato também defende a inclusão das cooperativas no processo licitatório, criação de agência reguladora e modelo de regime de autorização

Sindicato dos transportes de Roraima apresenta contraproposta ao modelo de concessão do governo Sindicato dos transportes de Roraima apresenta contraproposta ao modelo de concessão do governo Sindicato dos transportes de Roraima apresenta contraproposta ao modelo de concessão do governo Sindicato dos transportes de Roraima apresenta contraproposta ao modelo de concessão do governo
Entre os principais pontos defendidos pelo sindicato estão a criação de uma agência reguladora estadual. Foto: Freepik
Entre os principais pontos defendidos pelo sindicato estão a criação de uma agência reguladora estadual. Foto: Freepik

O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Roraima (SETRANS-RR) apresentou uma contraproposta ao modelo de concessão do transporte intermunicipal proposto pelo Governo do Estado. Em entrevista à Folha, o presidente da entidade, Remídio Monai, defendeu ajustes no processo licitatório e cobrou medidas estruturais antes da concessão das linhas.

Segundo Monai, a proposta apresentada pelo Executivo ignora problemas históricos do setor e pode agravar a situação das empresas que atuam de forma regular. “Estamos esperando essa licitação há 30 anos, mas ela não pode ser feita desse jeito. O Estado não tem como fiscalizar e garantir o cumprimento da legislação vigente”, afirmou.

Entre os principais pontos defendidos pelo sindicato estão a criação de uma agência reguladora estadual, com autonomia e mandato de quatro anos, e a realização de concurso público para fiscais do transporte. De acordo com o presidente do SETRANS, atualmente não há estrutura suficiente para fiscalizar o cumprimento das regras.

“A gente precisa de uma regulamentação que funcione. Hoje, o fiscal vai multar e sofre pressão política para liberar. Sem autonomia e fiscalização, não tem como dar segurança para quem vai assumir uma concessão”, disse.

O sindicato também defende a inclusão das cooperativas no processo licitatório, com regras iguais às aplicadas às empresas de ônibus. “As cooperativas foram criadas como alternativa, mas hoje dominam o transporte, sem pagar impostos, encargos ou oferecer gratuidades. Enquanto isso, as empresas regulares arcam com todos esses custos e ainda têm que cumprir os benefícios sociais”, criticou.

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Monai afirmou que, por conta da desigualdade nas regras, restaram poucos municípios com transporte regular operado por ônibus. A entidade também responsabiliza o atual modelo pela perda de benefícios para a população.

“Hoje, só tem ônibus em Normandia, Pacaraima e Alto Alegre. Nos demais, ficou inviável operar, porque só sobra para nós transportar as gratuidades”, explicou. Ao mesmo tempo que “90% da população do estado perdeu o acesso à gratuidade porque os ônibus deixaram de operar. Isso atinge diretamente estudantes, idosos e pessoas com deficiência”, destacou.

Regime de autorização versus modelo de concessão

A proposta do Governo do Estado se baseia em um modelo de concessão, uma forma pela qual o governo transfere a uma empresa privada o direito de explorar um serviço público, por um determinado período, por meio de um contrato formal. Esse processo geralmente é feito por licitação, ou seja, uma seleção pública entre empresas interessadas.

No entanto, o SETRANS sugere que o Estado siga o exemplo do governo federal, que adota o regime de autorização para as linhas interestaduais, facilitando a entrada de novos operadores. Segundo Monai, a legislação federal e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecem o regime de autorização como mais apropriado para o transporte rodoviário de passageiros.

“A ANTT [Agência Nacional de Transportes de Terrestres] deu autorização para empresas operarem com mais agilidade, sem necessidade de licitação. Isso ampliou a concorrência e melhorou o serviço. Estamos propondo que Roraima siga esse caminho, com regras claras e fiscalização efetiva”, concluiu.

O presidente do Sindicato atribuiu ainda a pressa na realização da licitação à pressão do Ministério Público de Roraima (MPRR), que ingressou com ação para obrigar o Estado a concluir o processo sob pena de multa. Porém o órgão público não compareceu à audiência pública da última terça-feira (11), que reuniu cooperativas, sindicatos e a Secretaria de Infraestrutura e do Conselho Rodoviário Estadual de Roraima (CRE/RR).

“Existe uma ação judicial que obriga o Estado a fazer essa licitação. O governo contratou uma empresa de Brasília para apresentar uma proposta, mas foi um estudo incompleto. O MP foi convidado, mas não compareceu à audiência. Precisamos que o Ministério Público participe dessas discussões”, concluiu Remidio.

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