Cotidiano

Chuva intensa provoca transtornos a moradores dos bairros da zona oeste

Ruas alagadas, lamaçal, obras inacabadas são as principais reclamações de quem mora em bairros afastados do Centro

A chuva intensa que vem caindo desde o início da semana tem causado estragos e gerado transtornos à população da Capital.  De acordo com dados da Rede Hidrometeorológica Nacional, o nível do Rio Branco subiu em poucas horas após a chuva de ontem à tarde, 08, saindo de 2,69 metros para 2,76. Em alguns pontos da cidade, ruas ficaram completamente alagadas. Nos locais que passam por obras, o transtorno foi pior. Além da água invadindo as casas, alguns moradores precisaram lidar com o lamaçal.

No bairro Pricumã, zona oeste da Capital, uma empresária do ramo de temperos afirmou ter prejuízos com a chuva, que alagou a rua do seu estabelecimento e afugentou os clientes. A Rua Industrial 2, possui apenas uma vala para escoamento de água, que foi tapada de forma irregular por conta de obras de um vizinho. Segundo Maria Auxiliadora, a prefeitura já foi acionada para sanar o problema, mas nada adiantou.

“Não tínhamos esse problema antes, mas o vizinho tinha um terreno e resolveu fechá-lo, foi quando ele tapou a única vala que tínhamos na rua. Agora tudo aqui alaga e ninguém quer parar para comprar. Estou perdendo clientes por conta disso. Sem contar os danos às crianças. Elas saem da escola, que fica perto daqui e, para passar na rua tiram o tênis. A saúde pode ser comprometida”, relatou a empresária.

No bairro Pintolândia, também zona oeste, moradores da Rua S-12 com N-10 afirmam que uma obra está causando transtornos. Segundo a moradora Maria Silva, aposentada, há mais de um mês homens trabalham para implantar um esgoto na rua e, durante todo esse período, uma vala foi aberta.

Ela afirmou que os próprios moradores tentaram conversar com os trabalhadores em busca de uma solução para a lama gerada durante a obra, mas não foram atendidos. “Há mais de semana essa vala está aberta. Com a chuva, ela fica cheia e todos os dias eles [trabalhadores] levam tempo para esgotá-la. O pior é que jogam a água para o lado de cá, acumulando lama, porque não tem para onde escorrer. O nível da rua na minha quadra é bem mais baixo e não tem bueiro. Quando chove forte, falta pouco para as casas alagarem”, disse.

A poucos metros da casa de Maria mora o autônomo Eronildes de Souza. Ele reside no local desde o ano 2000. Ele disse que a rua nunca teve asfalto e os problemas com a chuva sempre ocorrem. Em busca de solução para o problema, em novembro de 2013 o morador protocolou um documento junto à Secretaria Estadual de Infraestrutura de Roraima (Seinf) solicitando recapeamento da rua. Até hoje, a solicitação do morador não foi atendida.

“A situação é precária. Há muito tempo que isso acontece e ninguém resolve o nosso problema. Não há para onde a água escoar e as obras só criam um lamaçal, prejudicando todo mundo que mora aqui. Ficamos ilhados, sem ter como sair para trabalhar”, relatou. A esposa de Eronildes, Francisca Almeida, é professora e dava aula em casa para crianças. Por conta da chuva intensa e a condição em que a rua se encontra, perdeu a clientela.

“A água fica acumulada, um verdadeiro rio na frente de casa. Não tem como um pai deixar o filho aqui para estudar desse jeito. Acabei desistindo de dar aulas em casa quando percebi que estava perdendo meus alunos. Hoje faço pós-graduação à noite, mas tenho medo de sair e não ter como entrar em casa depois”, disse.

MAIS PROBLEMAS – Nos bairros Cidade Satélite e Raiar do Sol, ainda na zona oeste, as principais relações giram em torno de alagamento, falta de asfalto e escoamento da água da chuva. “A gente sabe que não tem como prever uma chuva forte como essa, mas os nossos governantes precisam fazer algo para que esse tipo de problema não aconteça. As ruas ficam intrafegáveis, sem contar o número de buraco e poças d’água que se acumulam”, disse a vendedora Carla Rodrigues, que reside na Rua Aquário, do bairro Cidade Satélite.

SEINF – Em relação às obras em execução no Pintolândia, a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) explicou que está sendo implantada no local uma rede de esgoto e que os serviços ainda não foram concluídos devido as fortes chuvas, bem como a própria topografia do bairro, que possui vários pontos de alagamento, “prejudicando o andamento dos trabalhos”.

 “Com relação à denúncia específica do trecho das ruas S-12 com N-10, a empresa executora da obra informou que esta semana está trabalhando no fechamento das valas e limpeza da área, como forma de garantir a trafegabilidade, mas as condições climáticas têm prejudicado a conclusão dos serviços”, sustentou o órgão, por meio de nota.

PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista afirmou que continua fazendo o trabalho de levantamento dos principais locais afetados pela chuva, através das equipes da Defesa Civil e Patrulha da Chuva. Frisou que os pontos mapeados estão sendo monitorados e alguns locais já tiveram um rápido escoamento da água. Com relação aos locais citados na matéria, afirmou que fará visitar e tomará as devidas providências.

Sobre o problema na Rua S-12 com a N-10, no Pintolândia, a Prefeitura informou que já foi firmado convênio com verba destinada para obra de drenagem e pavimentação, que inclui ainda a S-13. Após os trâmites burocráticos, os serviços serão iniciados no local.

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