Cotidiano

Cerca de vinte imigrantes estão ocupando parque aquático no Caçari

Apesar de o local estar deteriorado pela falta de manutenção, essas famílias residem no parque aquático desde o início desse ano

Desde o início da imigração venezuelana em Roraima, muitas famílias chegam ao estado sem condições financeiras de alugar ou comprar um imóvel para morarem.

Por conta disso, os espaços públicos que se encontram abandonados pela administração, se tornam a única opção para essas pessoas se abrigarem.

Um desses espaços que atualmente abriga cerca de vinte imigrantes, entre eles, crianças, está localizado no parque aquático no bairro Caçari, situado entre as ruas do Muricizeiro, da Mangueira e da Tamarineira, na zona Leste da capital.

Apesar de o local estar deteriorado pela falta de manutenção, essas famílias residem no parque aquático desde o início desse ano.

Famílias dividem o espaço (Fotos: Diane Sampaio/FolhaBV)

Eglis Meneses, de 34 anos, mora com o marido e seus quatro filhos no espaço desde janeiro desse ano. Eles vieram da cidade de Cumaná, capital do estado de Sucre localizado na Venezuela.

Ela explica que chegou ao Brasil em outubro de 2020 e residiu por dois meses no município de Pacaraima.

A imigrante ainda diz que encontrou no parque aquático abandonado a possibilidade de sobrevivência. “Aqui nos sentimos seguros e livres do perigo”.

“Chegamos em Boa Vista e ficamos na rodoviária durantes uns dias. Nos disseram que poderíamos ir ao abrigo, porém eu e minha família temos receio por conta de muitos usuários de drogas e ladroes frequentarem o lugar, foi o que eu mesma presenciei”, informou Eglis.

Segundo o que Eglis nos disse, ela e a família estão buscando um outro lugar para morarem, porém encontram dificuldades por conta do valor do aluguel.

“Meu esposo trabalha juntando latinhas, com essa renda compramos alimentos. Apesar de o dinheiro ser pouco, queremos alugar um apartamento, porém o aluguel é caro, além disso não encontramos oportunidade pelo preconceito que sofremos”, disse.

Outra família que reside no parque informou a reportagem que o local apresenta segurança, e que por esse motivo, não pretendem desocupar o espaço pelos próximos meses.

“Aqui existem famílias que somente buscam melhorar a sua vida. Cuidamos do local de acordo com as nossas possibilidades e não fazemos nada de ilegal, somente queremos viver com tranquilidade”, destacou um pai de família.

As famílias ainda disseram que a Operação Acolhida e algumas pessoas da ONG’s já estiveram no local, porém eles não aceitaram sair do espaço.

Outro lado – A reportagem da FolhaBV entrou em contato com o Governo do Estado que informou que a Secretaria de Educação e Desporto (Seed) acionará a Operação Acolhida, responsável pela gestão de imigrantes venezuelanos em Roraima, para buscar alternativas conjuntas para a desocupação dos espaços.