Cotidiano

Caramujos africanos invadem residências

Terreno baldio no bairro Paraviana é o foco dos caramujos que podem transmitir doenças que levam à morte

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Uma infestação de caramujos em um terreno baldio na Rua Massaranduba, no bairro Paraviana, zona Norte de Boa Vista, há mais de três meses incomoda os moradores devido ao acúmulo de entulhos e água parada no local. Os moluscos invadiram o pátio das casas vizinhas após uma chuva que fez ceder o portão do terreno abandonado.

Os caramujos são transmissores de doenças como a meningite e osinofílica, que atinge o sistema nervoso central e também é transmitida por ratos, e a angiostrongilíase abdominal, que perfura os intestinos e pode levar à morte.  Isso preocupa as famílias, que passaram a conviver com esse risco diariamente.

A moradora Aldenira Melo Mota tem uma casa à direita do terreno baldio e afirma ter protocolado três denúncias ao 156, o número da Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (SMGA), além de ter ido à Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses, à Vigilância Sanitária do Município e à Superintendência de Serviços Públicos.

O transtorno começou no dia 27 de junho, quando ligou ao 156 reclamando do lixo e da água empoçada no seu vizinho. No dia 31 de agosto, ela disse que ligou de novo após uma forte chuva que fez ceder o portão do terreno vizinho e permitiu que vários caramujos invadissem o pátio da sua residência.

Sem sucesso, a mulher foi pessoalmente à SMGA, onde foi indicada a ir à Secretaria Municipal de Economia, Planejamento e Finanças (SEPF), no Centro, pedir a autuação do seu vizinho. Ela também procurou o Controle de Zoonoses, que foi à sua rua e confirmou a existência dos caramujos e do foco de mosquitos. “Mas o próprio servidor admitiu que eles não tinham pessoal para retirar os animais e me aconselharam a fazer eu mesma a retirada, o que é errado”, protestou Aldenira Melo.

No dia 8 de setembro, em uma manhã nublada em que mais caramujos estavam na sua propriedade, a moradora ligou para a Vigilância Sanitária. A pessoa do outro lado da linha lhe garantiu que no dia 12 o órgão faria uma força-tarefa no terreno, juntamente com a SMGA e o Centro de Zoonoses. “Seria para limpeza do espaço e eliminação dos caramujos, e ficou só na promessa”, frisou.

Nova tentativa foi feita no dia 13 de setembro. O mesmo servidor da Vigilância Sanitária afirmou ter notificado e multado o proprietário do terreno, pedindo para Aldenira Melo aguardar mais cinco dias para que o dono limpasse o local. No entanto, mais uma vez nada mudou. A última aposta de Aldenira Melo foi no dia 20, quando esteve na Superintendência de Serviços Públicos pedindo para que limpassem o terreno. Ela chegou a solicitar o nome do proprietário no cadastro da Prefeitura, mas lhe foi dito que esta informação seria sigilosa.

RISCOS – Um único caramujo é capaz de botar 200 ovos de uma vez e se reproduzir mais de uma vez por ano. Trazido para o Estado do Paraná na década de 80 como uma alternativa ao escargot francês, o caramujo africano (Achatina Fulica) não teve boa aceitação no país devido à falta de costume do brasileiro de consumir a iguaria.

O prejuízo fez os criadores soltarem os animais na natureza. Em pouco tempo eles se proliferaram em todo o país, podendo ser encontrados em 23 dos 26 estados brasileiros. Dentro das cidades, eles devoram hortas e jardins e costumam ser vistos no final da tarde e início da manhã. Os ovos devem ser catados e os caramujos enterrados, para a sua total eliminação.

“Não tive doenças por causa do caramujo ainda, mas me preocupo porque aqui perto tem a Praça River Park, frequentada por crianças. Este é um problema de saúde pública”, alerta a vizinha do terreno, Aldenira.

A Folha esteve na Rua Massaranduba e verificou que o terreno baldio faz esquina com a Praça River Park. Além dele, há pelo menos outros cinco terrenos ao longo da rua, em sua maioria limpos, tendo somente o mato alto. Uma vizinha de Aldenira Melo disse não ter problemas com a infestação de caramujos.

MOSQUITOS – Além dos caramujos, o terreno baldio acumula água, gerando foco de mosquitos que transmitem zika vírus, febre chinkungunya e dengue, esta última já tendo acometido Aldenira Melo em agosto.

COBRANÇA – A Prefeitura de Boa Vista afirmou se esforçar para resolver a situação da moradora. No dia 8 de setembro foi feita uma visita dos técnicos do Controle de Zoonoses, onde foi constatada a presença dos moluscos e de possíveis focos de Aedes aegypti. Um relatório foi enviado à Secretaria de Finanças, que confirmou ter localizado e recomendado ao dono que limpe o terreno e pague multa.

No entanto, a Prefeitura informou que se faz necessário aguardar a manifestação do proprietário. Caso ele não limpe, a própria Prefeitura o fará, cobrando o dono pelo serviço e o incluindo como devedor nos órgãos financeiros.  (NW)

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