Amora e seu treinador, o 2º sargento argento Fausto Bandeira da Silva.
(Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV).
Amora e seu treinador, o 2º sargento argento Fausto Bandeira da Silva. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV).

Treinada desde a primeira semana de vida, a cadela “Amora” do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR), tornou-se referência em exercícios de varredura de área, sendo a única de sua raça “Rastreador Brasileiro” a conquistar a certificação nesta modalidade em todo o Brasil. 

Tradicionalmente, essa raça é reconhecida pelo trabalho com odores específicos. Amora, com três anos, é a mais velha entre os nove cães da corporação. Segundo seu condutor, o 2º sargento Fausto Bandeira da Silva, a cadela vem sendo treinada desde 2021.

2º sargento Fausto Bandeira da Silva. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV).

“A seleção dela começou ainda na primeira semana de vida,observamos como ela se comportava e fazíamos anotações detalhadas”, disse o treinador.

Segundo o 2º sargento, a cadela Amora é capaz de percorrer áreas inteiras em busca de um alvo.  O treinamento acontece em etapas, iniciada com exercícios básicos e depois com atividades mais dificultosas.

(Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV).

“De início, realizamos o que chamamos de “figuração”, quando uma pessoa simula uma vítima e chama a atenção do cão, geralmente correndo. Isso estimula o animal a interagir com a “vítima”, normalmente, é o próprio condutor quem faz essa figuração no início, por já existir vínculo e afinidade com o cão”, frisou.

Quando o cão já executa o exercício com facilidade, o sargento explicou que a “vítima” passa a ser escondida, uma etapa conhecida como “tirar do visual”.

“O cão deixa de ver onde a vítima está e precisa procurá-la em um ambiente controlado e pequeno. À medida que o treino evolui e ele entende o exercício, passamos para locais mais complexos, como áreas de mata ou escombros, simulando situações reais de busca”, destacou.

Durante a reportagem, foi realizada uma demonstração com a simulação de uma vítima perdida em uma área de mata usada como campo de treinamento ao lado da corporação. A cadela Amora localizou o alvo em poucos minutos, através do rastro  e cheiro.

“Se fosse em uma mata de verdade e mais fechada, ela teria circulado de um lado para o outro até localizar o objetivo, que era encontrar a vítima”, afirmou o treinador.

Além desse reconhecimento, a cadela Amora recebeu recentemente sua segunda certificação nacional, na modalidade Urbano Restos Mortais, documento que comprova sua capacidade de atuar em missões reais de busca de vítimas. Em 2024, ela havia conquistado, na Paraíba, sua primeira certificação, na modalidade Urbano Vivo.

“Essa certificação serve como uma forma de avaliar o cão e garantir que ele atinja o nível mínimo necessário para atuar em ocorrências reais. Se o cão não alcança esse padrão, ele não está apto a trabalhar. Essa certificação é nacional e permite que o animal participe de operações em qualquer lugar do país”, evidenciou a importância desta conquista.

Por quê Amora?

(Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV).

Além do desempenho, o nome da cadela tem uma história curiosa: inspirado no filme A Era do Gelo, o treinador escolheu “Amora” como homenagem a uma brincadeira envolvendo o nome de um filhote de mamute, personagem da animação. 

Segundo ele, a cadela é muito versátil em relação às recompensas, após as missões. “Eu a treinei de várias formas, ela aceita comida, como salsicha, salame, frango desfiado ou até a própria ração e também brinquedos, como bolinhas, mordentes e paninhos. Ela reage bem a todas essas recompensas, e também responde muito bem a afagos, carinhos, abraços e elogios. Muitas vezes, apenas o tom de voz motivacional já é suficiente”, completou.

Em Roraima, a cadela Amora já se destacou ao participar de missões emblemáticas, como a localização de um cemitério clandestino no bairro Pricumã e mais recente da localização de dois corpos dentro de uma fossa, no bairro Cidade Satélite. No entanto, o treinador reforçou que, apesar de atuar nessas ocorrências, o foco dos cães do Corpo de Bombeiros é auxiliar no resgate e na localização de vítimas.