Cotidiano

Avião com ajuda humanitária para Venezuela chega a Roraima

Quase 23 toneladas de alimentos e equipamentos médicos foram enviados pelo governo brasileiro; embaixada americana já doou 51 toneladas

Mesmo com o fechamento da fronteira entre os dois países, os mantimentos enviados para ajuda humanitária na Venezuela continuam chegando a Roraima. Na manhã de sexta-feira, 22, um avião pousou na Base Aérea de Boa Vista (BABV) com 22,8 toneladas de leite e kits de primeiros socorros.

O envio foi feito pelo governo federal com apoio dos Estados Unidos, que já havia destinado 51 toneladas de mantimentos, como arroz, café, sal, açúcar e feijão. Representantes da embaixada americana não informaram quanto foi gasto. O Ministério da Defesa divulgou nota informando que o leite em pó foi doado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foram doados ainda pelo 500 kits de primeiros socorros.

Em razão do clima tenso entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, no estado de Bolívar, os mantimentos ficariam guardados em Boa Vista até que sejam transferidos para o país vizinho. Durante a manhã, não havia informações sobre como seria feito o transporte, mas a estimativa era que até o fim do dia o total de alimentos chegasse a 138 toneladas. Até hoje, 23, pode chegar a 178 toneladas.

“É uma ajuda humanitária necessária para o povo venezuelano liderada pelo governo brasileiro, conforme disse o presidente [Jair] Bolsonaro. Nossa função é a aquisição desse apoio e acumulação dele. Estamos sendo coordenadores”, relatou Michael Eddy, representante da Embaixada dos Estados Unidos. Foi dito ainda que vão formular uma nota fiscal com a quantidade exata de cada alimento que será posteriormente divulgada.

Na manhã de sexta-feira, 22, avião pousou na Base Aérea de Boa Vista com 22,8 toneladas de leite e kits de primeiros socorros (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Embaixadora de Guaidó chega a Boa Vista e agradece por doações

“Chegamos a Boa Vista com as doações feitas pelo governo de Jair Bolsonaro. Em nome do presidente Juan Guiadó e de todos os venezuelanos, obrigada, Brasil”, comentou no Twitter María Teresa Belandria, embaixadora do autoproclamado governo venezuelano na rede social.

Em um vídeo publicado já dentro da Base Aérea de Boa Vista, ela informa que, entre os medicamentos, há amoxicilina, além de equipamentos médicos que “podem salvar muitas vidas”.

Maria Belandria mostrou também os alimentos enviados pelo governo americano e afirmou que estava à espera para transportá-los até a fronteira. Entretanto, a equipe da Folha tentou mais informações sobre o horário e como seria feito o transporte, mas nada foi informado até a conclusão da matéria.

Estado de saúde de indígenas em conflito é grave; embaixadora repudia truculência

Perto do meio-dia, um conflito com a Guarda Nacional Venezuelana na Comunidade San Francisco de Yuruani (Kumarakapay, em linguagem indígena), a 40 minutos de Santa Elena de Uairén, deixou dezenas de feridos e uma mulher morta. Cinco pessoas conseguiram chegar até Boa Vista para receberem atendimento hospitalar, mas, de acordo com familiares, outros não puderam atravessar a fronteira.

A embaixadora manifestou, também pela Internet, repúdio pela situação e garantiu que os números de feridos chegavam a 15 e duas mortes. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) não confirmou a segunda morte.

Ainda de acordo com a Sesau, sete pessoas, com idades entre 21 e 52 anos, deram entrada na unidade hospitalar com ferimentos provocados por arma de fogo. O estado de saúde de todos é considerado grave.

“Cinco pacientes foram encaminhados ao centro cirúrgico. Os outros dois estão em observação no Grande Trauma. Todos foram trazidos para Boa Vista em ambulâncias da própria Venezuela. Além disso, dois venezuelanos foram atendidos no Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima. Eles tinham escoriações e já receberam alta”, concluiu a nota da Sesau.

“Isso é absolutamente condenável por parte da segurança do usurpador Nicolás Maduro. Tanto a Guarda Nacional e Exército agiram de forma covarde contra uma comunidade que quer somente ajuda humanitária”, criticou Maria Belandria em vídeo. (A.P.L)