
Mesmo com a interligação elétrica entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR) em fase final, Roraima ainda dependerá de reforços na infraestrutura local para assegurar o fornecimento de energia nos próximos anos. Um estudo técnico divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) recomenda um investimento de R$ 52 milhões na ampliação da Subestação Boa Vista 230/69 kV até 2026.
A obra nacional de interligação, que já tem mais de 90% dos serviços executados, deve ser concluída no segundo semestre deste ano. Com aporte federal de R$ 2,6 bilhões, a conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) promete uma economia anual superior a R$ 1 bilhão ao país, segundo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). No entanto, a infraestrutura existente na capital não será suficiente para atender à demanda prevista entre 2026 e 2030.
A nota técnica aponta que a atual capacidade da subestação não garante o critério N-1 de confiabilidade, que exige que o sistema funcione mesmo diante da falha de um dos equipamentos. Diante disso, o estudo recomenda a instalação de dois novos transformadores de 150 MVA, substituição de disjuntores e o deslocamento de um transformador antigo para funcionar como reserva fria – uma alternativa para garantir o fornecimento de energia em caso de interrupção.
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“A atual configuração não assegura o atendimento à demanda sem risco de falhas operativas, mesmo com o uso do parque térmico local”, aponta o relatório. A avaliação mostra que em cerca de 42% do ano será necessário recorrer à geração local para evitar sobrecarga, o que corresponde a mais de 1.500 horas em risco.
Fim de contrato e obras paradas em UTEs
O cenário também é agravado pelo atraso na entrada da Usina Termelétrica (UTE) Forte São Joaquim no sistema elétrico roraimense, que deveria ter ocorrido em março de 2022; e pela previsão de encerramento do contrato da UTE Monte Cristo Sucuba em 2028. Mesmo com a entrada da linha de 500 kV, em casos de falhas simultâneas ou eventos inesperados que afetam o sistema, a importação via SIN será limitada a 55% da carga total do estado, exigindo geração local para o restante.
A previsão é que o reforço na Subestação Boa Vista seja suficiente para atender à demanda até 2036. A partir desse período, está em estudo uma solução estrutural definitiva, com previsão de entrada em operação apenas em 2033.