Cotidiano

Após parto, mães e bebês ficam em cadeiras de plástico nos corredores

Conforme servidores, há cinco dias a maternidade não consegue mais atender as pacientes e os recém-nascidos com leitos

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O Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) está superlotado. Pela falta de leitos, as mães que saem do centro cirúrgico após o parto normal estão sendo colocadas em cadeiras de plástico com os recém-nascidos nos corredores. Só na Ala das Rosas, cerca de 10 mães estão esperando por atendimento ou pela alta médica. Segundo uma servidora da maternidade, cerca de três mil mulheres estão sendo atendidas naquela unidade.

No corredor da Ala das Rosas, as cadeiras chegam a ter uma numeração fixada na parede em uma tentativa de organização. De acordo com informações de servidores, há cerca de cinco dias a situação se encontra desta maneira. As mães que saem de outras alas também são colocadas no corredor das Rosas e apenas as mulheres que passam pelo procedimento da cesárea ficam nos leitos.

“É de se assustar! Alguns profissionais que trabalham na ala estão dizendo para gente filmar, porque não podem fazer nada. Tem mulher que está nas cadeiras e que já deveria ter sido liberada, mas a verdade é que até para sair daqui parece estar difícil”, disse um acompanhante que não quis se identificar. O recém-nascido que estava na frente do acompanhante estava dormindo sobre um travesseiro, em cima da cadeira. “Não tem mais bercinho”, complementou.

Uma mulher de 20 anos, que preferiu não se identificar, relatou à Folha que após o seu parto, que ocorreu por volta das 2h da quarta-feira passada, 05, recebeu o bebê que teve apenas uma limpeza superficial e já foi levada a uma das cadeiras, uma vez que não tinha leito para os dois. Ela disse que por conta de dores não estava conseguindo se sentar, como também não conseguia segurar o bebê por muito tempo.

“A maternidade está horrível, está muito feia a situação aí dentro. Eu pedi para tomar banho e disseram que não. Depois de sete horas esperando, eu pude ir”, frisou. A mãe ainda denunciou que o filho só foi levado para tomar banho às 15h, quando ela também saiu da cadeira. “Ele já estava todo grudadinho”, lamentou a mãe, explicando que não tinha lugar para o filho tomar banho e que ela tinha que esperar.

A acompanhante da jovem disse que chegou a pedir leito para um enfermeiro que disse não poder fazer nada. “Uma senhora, ainda agora, teve neném às 22h de ontem [dia 12] e eles queriam que ela saísse debaixo daquela chuva intensa para desocupar o leito”, relatou a acompanhante, nascida no Pará. Ela explicou que achou “deplorável” a situação para com as mães e recém-nascidos no Estado. “Todo mundo fala mal do meu Estado, mas lá somos bem tratados”, disse. (A.G.G)

Governo afirma que maternidade ganhará mais leitos em novembro

Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), a partir do mês de novembro o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) deve ganhar uma nova enfermaria com cerca de 40 leitos, após a mudança do Centro de Referência de Saúde da Mulher para sua sede própria, que ainda não foi inaugurada.

Além disso, o Hospital Regional Sul Ottomar de Sousa Pinto, no Município de Rorainópolis, a cerca de 220 km da Capital, no Sul do Estado, será ampliado em dois mil metros quadrados para criação de uma maternidade com 43 leitos por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Remídio Monai (PR). Com essas medidas, a Sesau informou que pretende reduzir a demanda na maternidade de Boa Vista.

Conforme a nota, o HMINSN é a única maternidade pública do Estado com serviço de atendimento de emergência ginecológica e obstétrica. Em algumas épocas do ano, como é o caso deste mês, a unidade recebe uma demanda grande de pacientes vindas de todo o Estado, áreas indígenas e países vizinhos.

“A unidade possui portas abertas e não pode recusar atendimento, o que gera picos de superlotação, os quais a direção da unidade tenta resolver o mais rápido possível”, informou. Diante do aumento na demanda, a unidade providencia macas e poltronas extras para suprir a necessidade. Segundo a nota, o fluxo na unidade é muito dinâmico e à medida que as mães recebem alta médica, vai diminuindo a quantidade de pacientes em poltronas até que a situação seja normalizada.

Foi ressaltado que o fluxo na unidade é imprevisível, uma vez que o número de pessoas atendidas oscila de um dia para o outro. “A direção da unidade esclareceu que faz todo o possível para acomodar as mães da melhor forma possível”, frisou.

CASA DA GESTANTE – A Sesau explicou que neste ano foi inaugurada a Casa da Gestante, que abriga mães atendidas pela maternidade que não estão internadas, mas que, por algum motivo, necessitam de uma permanência prolongada na unidade e não têm onde ficar. “Isso ajudou a evitar que até 20 leitos da maternidade ficassem ocupados por essa demanda, agora atendida na Casa da Gestante”, disse.

SALAS DE PARTO – “Em 2016 o número de partos realizados nos municípios do interior do Estado mais que dobrou graças aos investimentos feitos pelo Governo do Estado nestas unidades, o que evita que esta demanda chegue à Capital”, frisou a nota.

Frisou ainda que dez municípios, os quais não foram informados, serão contemplados com a construção de 30 salas de parto, sendo três em cada unidade hospitalar, que também contarão com equipamentos e profissionais para melhorar o atendimento. (A.G.G)

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