A intensa chuva da última quinta-feira, 4, deixou em alerta muitos moradores sobre os problemas que o período chuvoso reserva para os próximos dias. Algumas ruas e avenidas ficaram alagadas, obras municipais de drenagem e recuperação asfáltica dificultaram a locomoção e o trânsito por conta de buracos, lamaceiros e interdições.
A tendência, de acordo com o boletim hidroclimático da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), é piorar: a previsão de precipitação para os próximos dias no estado é de tempo nublado com pancadas de chuva, com tendência de temperaturas estáveis e variações entre 23ºC e 30ºC.
A universitária Pâmela Carvalho compartilhou nas redes sociais uma imagem da Avenida Ville Roy após a intensa chuva, por volta das 20h. A jovem utiliza o trecho da avenida, que compreende o bairro Caçari, zona Leste da cidade, para chegar em casa. “Estava voltando da aula quando começou a chuva. Como dirijo há pouco tempo, estacionei o carro e aguardei minimizar. A água batia praticamente na metade do carro nas proximidades da faculdade. Não sei se aconteceu algo naquele trecho ou se a chuva foi realmente intensa a ponto de deixar naquela situação. Trafegar ali ficou muito perigoso”, disse.
Próximo dali, no bairro Paraviana, também zona Leste, reside o auxiliar administrativo Thiago Castro. De acordo com ele, as obras da prefeitura municipal na localidade se tornam um caos durante o período de chuva.
“As obras não são para facilitar a vida dos moradores? Porque não é isso o que está acontecendo. Quando chove, fica um verdadeiro caos por conta do lamaceiro. Eu, que ando de moto, chego em casa do trabalho completamente sujo. Quando não chove, o problema é a poeira intensa. Está realmente complicada a situação”, reclamou.
A enfermeira Patrícia Costa mora no bairro Centenário, zona Oeste da cidade, e também enfrentou problemas no tráfego. “Primeiro que as pessoas parecem que desaprendem a dirigir quando chove. Se não tiver muita atenção, a pessoa corre o risco de sofrer um acidente. A Avenida Centenário é estreita, fica um trânsito complicado, mas não alaga, ao menos isso. Agora as ruas adjacentes do bairro ficam em um estado precário. Muitas ainda não são asfaltadas e viram um lamaceiro. Já vi vizinhos ficarem praticamente ilhados por conta disso”, comentou.
A chuva também gerou problemas a quem precisou estudar na manhã de ontem, 5. Os alunos da escola municipal Martinha Thury Vieira, no bairro Cauamé, zona Norte da capital, se depararam com boa parte da instituição, que se encontra em obras, alagada. Não houve nenhum incidente com alunos e professores e as aulas foram suspensas.
PREFEITURA – A chuva intensa de quinta-feira, 4, alertou os agentes da Patrulha da Chuva da Prefeitura de Boa Vista. As equipes estão atuando em diversos pontos, fazendo levantamento dos principais locais que possam ter sido afetados. Além disso, os pontos mapeados estão sendo monitorados.
Segundo o executivo municipal, na quinta-feira choveu 40 mm em apenas uma hora. “É quase o esperado para uma semana, considerando que historicamente no mês de maio é para chover aproximadamente 220 mm no mês todo. A Defesa Civil Municipal atua com duas equipes 24h”, informou o órgão. Em caso de situação de emergência, a Defesa Civil pode ser contatada através dos telefones 153 e 3628-9128 e também pela Central de Atendimento 156.
Com relação à escola Martinha Thury Vieira, a secretaria municipal de Educação e Cultura (SMEC) informou que a água da chuva realmente invadiu o espaço da quadra da escola, onde estão provisoriamente alocadas as salas de aula da unidade, mas que isso aconteceu, por conta de um fenômeno atípico, não registrado em períodos similares de anos anteriores.
“A escola já está recebendo o serviço de limpeza necessário para a continuidade das atividades, sem prejuízos as aulas. A entrega do prédio da escola reformado está previsto para este mês, por isso na sexta-feira, 5, a unidade não teve aula, devido a um serviço feito pela Eletrobras no novo prédio da escola. Cabe ressaltar que a referida escola está localizada em região de baixo relevo e próximo a igarapés, o que contribui para o escoamento do excedente das águas naquela direção”, explicou a secretaria.
Sobre o trânsito na capital, a prefeitura alertou que, com o período chuvoso, surge a necessidade de aumentar a atenção e a prudência para evitar acidentes. “A pista molhada oferece grandes riscos aos condutores de veículos. Dessa forma, a superintendência municipal de Trânsito [Smtran] pede a todos que, mais do que em qualquer época do ano, dirijam com responsabilidade neste inverno”.
A orientação é para que os motoristas dirijam com os faróis acesos e redobrem a atenção, além de manter a velocidade reduzida e dar passagem sempre que possível, para evitar acidentes. O órgão ressaltou ainda que é importante os motoristas procurarem rotas alternativas ao se depararem com ruas alagadas.
DEFESA CIVIL ESTADUAL – Atualmente, a Defesa Civil Estadual está sediada no quartel do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima e também é responsável pelo atendimento a alguma situação emergencial de alagamento ou inundação.
Caso haja a necessidade de retirada de pessoas de áreas de risco, por exemplo, os agentes da Defesa transferem para casa de familiares ou, se for o caso, para abrigos temporários fornecidos pelo Estado e administrado pela Defesa Civil Municipal, conforme explicou o tenente Emerson Gouvêa, chefe da Divisão de Operações Emergenciais da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC).
A Defesa Civil também realiza monitoramento climático acompanhando o nível dos principais rios do estado e a quantidade de chuvas. “Além disso, quando há um alerta emitido pelo Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais que chega até nós, o mesmo é imediatamente repassado as Defesas Civis Municipais para que possam preparar-se com antecipação ante ao evento adverso que pode ocorrer, como chuvas intensas, tempestades, vendavais e etc”, explicou o tenente.
Durante essa semana, conforme monitoramento da Cedec, o Rio Branco apresentou aumento constante em seu nível, passando de 1,62m às 10h de quinta-feira, 4, para 2,84m às 10h de sexta-feira, 5. Número ainda distante da cota de alerta, que é de 6m para Boa Vista. “Estamos acompanhando a evolução da situação e, caso seja necessário, iniciaremos as ações de resposta envolvendo as instituições da esfera estadual, cada um realizando ações de sua competência na execução de medidas de Defesa civil”.
Período intenso de chuvas segue até agosto, diz boletim da Femarh
A segunda quinzena do mês de abril marcou o início do período chuvoso em Roraima, o que terá como consequência a elevação dos principais rios da sub bacia Rio Branco: Rio Tacutu, Uiramutã e Uraricoera. No entanto, segundo o boletim hidroclimático da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), esses três rios tiveram registros muito abaixo da média nos últimos anos. O boletim informou ainda que o período de chuvas intensas segue até meados de agosto.
Em 10 dias de chuva em abril, o acumulado de precipitação foi de 126 mm e temperatura média de 28,6ºC na capital. Segundo dados registrados pela estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesse mês de maio já choveu 75,8 mm em Boa Vista. As águas superficiais de boa parte do Pacífico Equatorial se mantêm em uma tendência de aquecimento desde o início do ano e os modelos climáticos seguem apontando para a formação de um evento de El Niño em 2017.
“Portanto, a previsão para o próximo trimestre, de maio a julho, são de chuvas próximo da normalidade em Roraima. De janeiro a abril, o acumulado de precipitação em Boa Vista foi de 324,2mm. Em todo ano de 2016, choveu cerca de 1898,1mm. A média histórica é de aproximadamente 1679 mm”, informou o boletim.
As condições climáticas dos últimos meses indicam a evolução do aquecimento das águas superficiais Pacífico, com possível formação de um El Niño no final do período chuvoso. A previsão de precipitação para os próximos dias no estado é de tempo nublado com pancadas de chuva, com tendência de temperaturas estáveis e variações entre 23ºC e 30ºC. A umidade terá uma variação entre 65% e 90%.