Durante o final de semana, a capital roraimense ficou movimentada por conta 16ª edição da Corrida 9 de Julho, evento esportivo em alusão à comemoração do aniversário de 126 anos de Boa Vista. A corrida é organizada anualmente pela Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) e também faz parte do Calendário Nacional de Corrida de Rua da Caixa/Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Já conhecida por ser um evento de grande porte em Roraima, a Corrida 9 de Julho movimenta não só os amantes do esporte e da corrida de rua, mas também outros pontos, como a economia local, acredita o superintendente de Esportes da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura (Fetec), João Tambor.
Conforme o superintendente, existe uma ascensão do turismo esportivo com o aumento da prática de esporte, em especial a corrida de rua. “Hoje em dia a corrida de rua é o segundo esporte mais praticado no Brasil. Com isso, existe um certo turismo esportivo em que as pessoas vão participar de eventos como este em vários locais do Brasil e até internacionalmente. Então a gente recebe um pequeno volume de atletas frequentando a cidade, ficando nos nossos hotéis, comendo nos nossos restaurantes e mobilizando toda a economia local”, avaliou.
Além do esportista turista, a corrida também promove o envolvimento dos atletas de elite que vêm de outros países, disse Tambor, como foi o caso da edição de 2016 da corrida, que contou com o destaque de atletas do Quênia.
“Também lembramos a participação dos atletas que vêm de fora e de outros países. A cada ano a gente traz mais e mais atletas de fora, não só os atletas de elite, que vêm para ranquear no cenário nacional, mas também pela ‘9 de Julho’ já estar ganhando um nome e um respeito no cenário nacional”, comentou.
Para auxiliar na tarefa de promover a economia local e garantir uma renda extra para os comerciantes, a Fetec lançou um edital no início do mês de junho para credenciamento e seleção de ambulantes que tivessem interesse em realizar vendas durante a Corrida. Foram disponibilizados oito espaços para venda de bebidas e comidas, seis para academias, quatro para clubes de corrida, uma tenda de massagem e uma de guarda-volumes.
Segundo João Tambor, os barraqueiros e ambulantes inscritos foram sorteados, também em razão do evento ser menor em comparação a shows de atrações musicais nacionais.
Uma das sorteadas foi a roraimense Miriam Moreira, que trabalha paralelamente com venda de comida e bebida em eventos há pelo menos 15 anos. Miriam tem experiência como motorista, mas, atualmente, por ter encontrado dificuldade em arranjar uma renda fixa, está trabalhando junto com a família somente no comércio de sanduíches e refrigerantes.
“Já trabalhei em empresas privadas e cooperativas de táxis. Hoje em dia está muito difícil, os donos de empresas ainda têm muito preconceito por ser uma mulher motorista, então, quando falta essa oportunidade de emprego, a gente vai ganhando como pode”, revelou.
Segundo ela, para solucionar o problema, o jeito é recorrer a forma mais rentável durante o trabalho de comércio de alimentação e estar sempre presente nos grandes festejos da cidade. “Eu participo de quase todas as festas porque é uma forma de ganhar uma renda extra. A gente não tem um ponto fixo de venda, então a gente acaba trabalhando mais na frente dos eventos de shows, no carnaval e arraial”, disse Miriam. “Esse ano, por exemplo, o aspecto de vendas foi baixo. O pessoal participou mais visitando do que gastando”, afirmou.
Mesmo com a dificuldade, a comerciante acredita que a parceria entre os ambulantes e os órgãos de administração estadual e municipal é um ponto positivo para auxiliar a população e tentar evitar a crise. “É muito bom ter essa oportunidade, tem que continuar. Cada um se inscreve direitinho, tem o sorteio e não tem essa de carta marcada. Já que não tem como botar todos aqui, essa é uma forma mais justa”, afirmou. (P.C)