Os alunos da Escola Estadual Ana Libória realizaram ontem a segunda manifestação na semana para exigir a destituição do diretor, Francisco Lima, e o retorno de professores devolvidos para a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed). O protesto ocorreu em frente à escola, que fica localizada no bairro Mecejana, Zona Oeste, onde os estudantes expuseram cartazes e se pronunciavam no alto-falante contra a decisão do diretor.
A manifestação foi estimulada pelo sentimento de indignação por parte dos alunos. Eles dizem que a atitude foi injusta, motivada por situações fúteis e de interesse pessoal, e que isso não é critério para a substituição de professores experientes e antigos da escola. Diante da situação, os estudantes exigem a realização de eleições diretas para a escolha de diretores.
Os estudantes discordam da pressão e o autoritarismo encima de professores e servidores que, segundo eles, são coagidos constantemente. De acordo com os alunos, foram quatro professores devolvidos com mais de 10 anos de atuação na escola. Disseram que dois deles são professores de Língua Portuguesa, e os demais de Sociologia e Espanhol, o que aconteceu também com a coordenadora da instituição de ensino.
“Virou um caso de perseguição com aqueles que não são amigos do diretor”, afirmou a estudante do Ensino Médio, Bruna Stefany. Os alunos disseram que um dos motivos foi porque um professor esqueceu a chave do auditório e, por isso, a porta teve que ser arrombada. O caso que causa mais indignação nos alunos é o de uma professora que teve de faltar por motivo de saúde. Segundo eles, a profissional de educação estava com câncer, apresentou atestado, pegou falta ainda assim, e faleceu dias depois.
“Nem a professora que estava doente e veio a falecer escapou. É perseguição com os profissionais que o diretor acha que incomodarão sua administração. O interesse do gestor é colocar professores diretamente ligados a ele”, reclamou Bruna, ao reforçar que os alunos não concordam com o processo de escolha para a direção do Ana Libória, por meio de indicações políticas.
“Não podemos mais concordar com esse apadrinhamento político nessas decisões”, reclamou a outra estudante do Ensino Médio, Thays Helena Rezende. Segundo ela, existe uma lista com o nome dos próximos a serem devolvidos, e que a pressão encima dos professores não contribui para um melhor desempenho na educação, pois muitos profissionais já até pensam em trocar de escola devido à situação.
A aluna disse ainda que os profissionais foram afastados no momento em que estavam sendo realizadas as provas do final do segundo bimestre, e que isso atrasou o andamento das aulas. “Um diretor não pode substituir professores assim do nada. Estamos no terceiro bimestre tendo que pagar horas do segundo bimestre porque ficamos sem aula em algumas disciplinas depois que os professores antigos não puderam mais lecionar na escola, pois não houve substituição imediata”, reclamou a aluna.
ASSOCIAÇÃO – O presidente da associação dos Estudantes de Roraima (Assoer), Arlisson Nascimento, disse que há diretores em outras instituições de ensino e que defende as eleições diretas para escolha dos gestores em todas as escolas do Estado. “Pedimos a substituição do diretor e a volta dos professores. Sempre apoiamos as manifestações dos alunos porque entendemos que as causas são justas”, disse.
SEED – Em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) informa que o remanejamento de professores é algo que acontece em todas as escolas e diariamente na Seed. “Quando um gestor assume, ele tem o direito de implantar seu modelo de gestão e é normal que alguns não se adequem e, por esse motivo, é feito o remanejamento”, diz.
A nota destaca que esse ano a escola estadual Ana Libória trocou de diretor por três vezes, sempre com o mesmo problema. “Ressaltando que as duas últimas gestoras pediram pra entregar o cargo”. A Seed acrescenta que essa leitura a respeito da gestão não é o pensamento de todos da escola, “pois no turno matutino não recebemos nenhuma reclamação sobre o gestor”, complementou.
Informa que eleições diretas para diretores é assunto que já tem parecer no Supremo Tribunal de Justiça, que reconhece isto como inconstitucional. A reportagem da Folha tentou falar com o diretor Francisco Lima, mas a informação recebida pela reportagem é que ele não estava. Depois, foi solicitada à assessoria da Seed uma entrevista com o gestor, mas a Secretaria optou pelo posicionamento por meio de nota.