Cotidiano

Agropecuaristas implantam o sistema integrado para aumentar produtividade

Sistema agrícola produz gêneros alimentícios de qualidade, baseado em boas práticas sem agredir o meio ambiente

O Brasil continua em crise financeira e, não bastasse isso, nos dois últimos anos Roraima enfrentou uma forte estiagem, que atingiu em cheio os produtores rurais. Mas, para driblar esses problemas, os agropecuaristas do Estado passaram a adotar o modelo de produção integrada, que é um sistema agrícola que produz gêneros alimentícios de qualidade baseado em boas práticas agrícolas.

Conforme explicou o produtor rural Ermilo Paludo, empresário do setor agropecuário de Roraima, a produção integrada ocorre quando a terra é reaproveitada mais de uma vez. “Preparamos os hectares e plantamos soja. Depois de colher, plantamos capim para a engorda do gado. Em seguida, plantamos milho no mesmo hectare. Depois mais capim para pastagem. Tudo é feito sem agressão ao meio ambiente. A integração com a lavoura rende um resultado estupendo”, disse.

Quando o produtor começa a adotar o sistema integrado, a produção de animais aumenta em até quatro vezes, por hectare. Dono de um rebanho com cinco mil cabeças, Ermilo Paludo afirma que, apesar de todas as adversidades, o setor agropecuário roraimense tem boas perspectivas para o futuro.

“Temos que buscar saída para driblar esses problemas. A nossa cooperativa, por exemplo, está comprando os insumos no interior do Pará e o preço caiu. Os produtores se unem e compram juntos pela cooperativa. Também estamos melhorando nossa logística”, detalhou Paludo.

A pecuária é um dos setores mais fortes da economia roraimense e movimenta algo em torno de R$ 25 milhões por mês no Estado. Por ano são abatidas cem mil cabeças de gado, de um rebanho que se aproxima de um milhão. “Tivemos dois anos de seca, mas desde abril passado o setor normalizou e está se recuperando. A tendência é voltarmos a crescer”, frisou. (AJ)

Pecuária entra em fase de franca recuperação

O produtor José Lopes, empresário roraimense do ramo agropecuário, confirmou que a seca causou prejuízo financeiro e ambiental a Roraima, mas desde maio para cá a produção dos pecuaristas vem melhorando e agora entrou em uma fase de franca recuperação. “Percebemos a volta do crescimento e isso se deve às boas perspectivas que estão surgindo”, observou.

As perspectivas estão diretamente relacionadas ao trabalho que vem sendo realizado pelo poder público. Lopes lembrou que Roraima já ganhou o status de Livre de Febre Aftosa e que o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE) está prestes a ser aprovado. Ele cita que, com a titulação definitiva das terras, tudo isso irá alavancar a produção do homem do campo em Roraima.

“Temos mercado consumidor e as instituições públicas estão funcionando. Isso é uma garantia para quem produz. Estamos livres da febre aftosa e quando a ZEE for implantada, com a terra titulada, teremos mais empresários investindo aqui”, frisou o empresário.

José Lopes disse que o Estado não tem a obrigação de subsidiar os produtores, mas tem que garantir a titulação da terra e a implantação do Zoneamento. Isso já seria o suficiente para alavancar a produção agropecuária de Roraima. “Produzindo mais, os produtores contratam mais. Isso é geração de emprego e renda, o que o Estado tanto precisa”, complementou.

DIFICULDADE – Na semana passada, Roraima ganhou em definitivo o status de livre de febre aftosa, mas os pecuaristas continuam enfrentando problemas na hora da exportação. É que o Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafirr), segundo o produtor rural José Lopes, não atende a demanda, o que, segundo ele, causa insegurança aos produtores.

Só para se ter idéia, exemplifica José Lopes, cada boi vivo que vai para ser abatido em Manaus é cobrado R$ 150,00 de frete por cabeça. Com um matadouro eficiente aqui, este preço cairá para R$ 30 por abate. (AJ)

Produção integrada no Brasil

O conceito de Produção Integrada foi criado na Europa na década de 70. Nesta época, manifestaram-se nos círculos científicos preocupações quanto ao alcance restrito do manejo integrado de pragas, como estratégia utilizada para racionalização e redução do uso de agroquímicos e de sustentabilidade da atividade frutícola.

Nessa ocasião, visualizou-se a necessidade de adequar todos os componentes do sistema produtivo para diminuir a demanda de uso dos agroquímicos de maior risco, preservando a produção e a produtividade da cultura para se obter produtos de alta qualidade de consumo.

O Sistema de Produção Integrada tem características básicas. Define, por exemplo, quais as práticas que devem ser feitas em cada cultura em um documento que constitui as Normas para a Produção Integrada. E estabelece entre os agroquímicos registrados quais são permitidos, quais têm restrições e quais são proibidos. Estabelece também, quando recomendados, a dose e situação na qual se permite seu uso.

Trata-se de um sistema moderno de produção agropecuária que, por ser submetido a controles permanentes, conduz a obtenção de vegetais e animais com características de segurança para o consumidor, para o produtor e os trabalhadores rurais e ainda assegura a preservação do meio ambiente. (AJ)