Na tarde de ontem, dia 1º, guardas civis municipais de Boa Vista fizeram uma ação no cruzamento das avenidas Brigadeiro Eduardo Gomes e Venezuela para retirada de migrantes venezuelanos que comercializam produtos e prestam serviços, como a limpeza de para-brisa de veículos, na região. Mesmo após a ação de retirada, os ambulantes voltaram ao local.
De acordo com o venezuelano Roseli Moral, de Caracas e que está em Boa Vista há uma semana comercializando bombons nos semáforos, a ação dos Guardas Municipais foi surpresa para eles que estão fugindo da crise econômica do país de origem comandado por Nicolás Maduro. “Não entendemos nada. Os guardas chegaram e disseram que não poderíamos mais trabalhar nos sinais. Eles anotaram nossos nomes e nos mandaram para nossas casas. Explicamos que precisamos trabalhar para matar a fome das nossas famílias, que estão na Venezuela, mas eles insistiram e nos fizeram sair”, afirmou.
Segundo outro venezuelano, Joiz Cavez, que está no Brasil há dois meses e limpa para-brisas de carro em semáforos para sobreviver, quando a Guarda Civil Municipal chegou e o abordou, ele explicou a necessidade de ficar no cruzamento para conseguir dinheiro para pagar o aluguel e se alimentar. À Folha, Cavez disse que não foi compreendido e esperou os guardas irem embora para que ele voltasse. O migrante contou ainda, que os guardas avisaram que os semáforos seriam fiscalizados regularmente. “Eu falei o quanto preciso estar no sinal para trabalhar, para poder comer e pagar o aluguel da minha moradia, mas eles não quiseram escutar e ainda falaram que vão nos fiscalizar e que, daqui para frente, não podemos mais ficar nos sinais. Me escondi, esperei eles saírem e voltei para trabalhar”, disse.
PREFEITURA – Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito informou que a ação se tratou de orientação e não de retirada das pessoas. A Guarda Municipal orientou as famílias que estavam nos semáforos a buscarem outras alternativas de trabalho e evitarem a exposição de crianças a situações de risco e insegurança. A SMST afirmou ainda, que recebeu denúncias de agressões de pessoas que estavam no semáforo do cruzamento das avenidas Brigadeiro Eduardo Gomes e Venezuela e que teriam sido agredidas por venezuelanos que limpam automóveis. (E.S)