Mesmo quando não são respondidas de imediato, as notificações de aplicativos têm um efeito real sobre o cérebro. Estudos recentes indicam que alertas constantes — sons, vibrações e banners — afetam diretamente a concentração, reduzem a produtividade e contribuem para o aumento da ansiedade. Trata-se de um fenômeno conhecido como vazamento cognitivo, em que parte da atenção é desviada, ainda que brevemente, sempre que o celular emite um estímulo.
Segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade da Califórnia, em Irvine, leva-se em média 23 minutos para que uma pessoa recupere totalmente a concentração após uma interrupção. Isso significa que, mesmo com uma rápida olhada no celular, há um custo cognitivo elevado que não é percebido de forma imediata. Ao longo do dia, essas pequenas distrações se acumulam e esgotam a energia mental disponível para tarefas mais complexas.
Outro levantamento, publicado na revista científica Environment and Behavior, demonstrou que a simples presença do celular à vista — mesmo desligado ou com a tela para baixo — já reduz a capacidade de desempenho em testes de atenção e memória. Isso ocorre porque parte do cérebro continua dedicando recursos para inibir a vontade de checar o dispositivo, o que consome energia mental de forma contínua.
Em ambientes de trabalho, o impacto das notificações é ainda mais visível. Um estudo da Deloitte revelou que as pessoas em média checam o celular 58 vezes por dia, sendo que 30 dessas interações ocorrem durante o expediente. Além disso, mais de 40% das interrupções no trabalho estão relacionadas ao uso de dispositivos móveis e aplicativos de mensagem instantânea.
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Essa hiperconexão constante tem consequências também para a saúde mental. A Universidade do Texas, em estudo de 2021, apontou que usuários expostos a múltiplas notificações por hora apresentavam níveis significativamente maiores de estresse, além de relatórios mais frequentes de fadiga mental ao final do dia.
Higiene Digital
Para reverter esse quadro, especialistas recomendam estratégias simples de higiene digital: manter as notificações desativadas para aplicativos não essenciais, silenciar grupos e chats fora do horário de trabalho, e adotar períodos regulares de desconexão. Técnicas como o uso de aplicativos de foco ou a aplicação do método Pomodoro — em que se alternam ciclos de trabalho com pausas controladas — também podem ajudar a preservar a energia mental.
Num cenário em que o tempo de atenção se tornou um dos recursos mais disputados, reconhecer o impacto das notificações e recuperar o controle sobre o próprio foco pode ser um passo essencial para proteger não apenas a produtividade, mas a saúde cognitiva no longo prazo.
