
Roraima não é dos lugares mais frios, mas é só a temperatura cair um pouco para que o clássico debate comece: enquanto uns já buscam cobertores e casacos, outros continuam confortáveis de camiseta. A diferença na percepção de frio é comum, mas afinal, por que algumas pessoas sentem mais frio que outras? A resposta envolve um conjunto de fatores fisiológicos, hormonais, genéticos e até comportamentais.
O papel da gordura corporal
A gordura tem um papel importante na regulação térmica do corpo. Pessoas com menor quantidade de gordura corporal tendem a sentir mais frio, porque possuem menos “isolante natural” contra a perda de calor. Já quem tem uma camada de gordura mais espessa pode conservar o calor por mais tempo.
No entanto, não é apenas a quantidade de gordura que conta, mas também onde ela está localizada. A gordura subcutânea (logo abaixo da pele) ajuda a manter o corpo aquecido, enquanto a gordura visceral, acumulada entre os órgãos, tem pouca influência nessa sensação.
Metabolismo e produção de calor
Outro ponto decisivo é o metabolismo — o ritmo com que o corpo queima energia para manter suas funções. Pessoas com metabolismo mais acelerado produzem mais calor, o que ajuda a suportar melhor o frio.
Esse é um dos motivos pelos quais homens e mulheres podem perceber a temperatura de formas diferentes. De modo geral, o metabolismo masculino tende a ser mais ativo devido à maior massa muscular, que gera mais calor. Já as mulheres costumam ter temperaturas corporais ligeiramente mais baixas nas extremidades, o que as faz sentir mais frio nas mãos e nos pés.
Influência dos hormônios
Os hormônios também interferem diretamente na sensação térmica. Durante o ciclo menstrual, por exemplo, o nível de progesterona aumenta após a ovulação, elevando ligeiramente a temperatura corporal. Já em fases de menor produção hormonal, como na menopausa, é comum que mulheres sintam mais frio — ou passem por ondas de calor, dependendo do equilíbrio hormonal.
Além disso, distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, podem reduzir o metabolismo e fazer com que a pessoa sinta frio constantemente.
Genética e adaptação ambiental
A genética também desempenha um papel importante. Estudos mostram que pessoas de regiões frias desenvolvem, ao longo das gerações, uma maior capacidade de conservar calor, enquanto populações de regiões tropicais se adaptam melhor ao calor.
Essas diferenças genéticas influenciam na circulação, na densidade dos vasos sanguíneos e até na forma como o corpo responde à exposição prolongada ao frio.
Alimentação e estilo de vida
A comida pode ser uma aliada (ou inimiga) do conforto térmico. Alimentos ricos em gorduras boas e proteínas ajudam a manter a temperatura corporal, pois exigem mais energia para serem digeridos — e esse processo gera calor. Já dietas muito restritivas ou com poucas calorias podem diminuir a produção de energia e aumentar a sensação de frio.
Além disso, o nível de atividade física interfere diretamente: músculos ativos produzem calor, e pessoas sedentárias tendem a ter mais dificuldade em se aquecer naturalmente.
O frio é relativo
Curiosamente, o corpo também se acostuma ao ambiente. Quem vive em regiões frias desenvolve, com o tempo, maior tolerância às baixas temperaturas, enquanto quem mora em locais quentes tende a sentir mais desconforto quando o termômetro cai.
Em resumo, sentir mais ou menos frio é uma combinação de biologia, hábitos e ambiente. E não há nada de errado em ser mais ou menos “friorento” — é apenas o corpo mostrando suas particularidades.