Jiló é rico em vitaminas e antioxidantes (Foto: Reprodução)
Jiló é rico em vitaminas e antioxidantes (Foto: Reprodução)

O jiló costuma dividir opiniões e, quando o assunto é alimentação infantil, quase sempre aparece na lista dos alimentos rejeitados. O amargor natural do fruto, porém, não é sinônimo de “comida ruim”. Ao contrário, estudos da área de nutrição e educação alimentar apontam que a familiarização gradual com sabores amargos pode ampliar o repertório alimentar das crianças e favorecer uma relação mais saudável com os alimentos ao longo da vida.

Pesquisas indicam que a exposição repetida, sem pressão e em pequenas quantidades, é uma das estratégias mais eficazes para reduzir a aversão inicial. Isso significa que a criança não precisa gostar de imediato: é o contato frequente, acompanhado de experiências positivas, que ensina o paladar a aceitar novos sabores.

O jiló também oferece benefícios nutricionais que justificam sua presença nas refeições. Rico em fibras, ele contribui para o bom funcionamento intestinal, prolonga a sensação de saciedade e auxilia na regulação da glicemia.

Além disso, contém vitaminas do complexo B, que participam do metabolismo energético, e compostos antioxidantes associados à redução de processos inflamatórios. Incorporar esse alimento ao dia a dia, portanto, não apenas diversifica as preparações, como também reforça o valor nutritivo da dieta familiar.

Saiba como adotar o jiló na sua alimentação familiar

A chave, segundo especialistas em educação alimentar, é transformar o jiló em um ingrediente mais amigável para o paladar infantil. Métodos de preparo que suavizam o amargor ajudam muito nessa etapa.

Grelhar rapidamente com um toque de azeite, assar com ervas frescas ou incluir o jiló em receitas que já são bem aceitas, como omeletes, refogados mistos, arroz colorido ou até molho para macarrão, são alternativas para apresentar o alimento de maneira mais leve. Outro recurso prático é deixá-lo de molho em água com uma pitada de sal antes de cozinhar, o que reduz o sabor intenso sem comprometer o valor nutricional.

O processo também passa pelo exemplo. Crianças tendem a aceitar melhor alimentos quando veem adultos consumindo-os com naturalidade e prazer. Sentar à mesa, comentar sobre as cores e texturas e permitir que elas participem do preparo (lavar, cortar com utensílios seguros, temperar) cria um ambiente de confiança que facilita a experimentação.

Especialistas reforçam que forçar ou insistir de forma negativa costuma gerar o efeito contrário. O ideal é oferecer o jiló em diferentes ocasiões, respeitando o tempo da criança e celebrando pequenos avanços, como cheirar, tocar ou dar uma primeira mordida.

Ao tratar o jiló não como um “vilão”, mas como parte da rotina alimentar, os pais ampliam a autonomia e a curiosidade dos filhos. A construção de um paladar variado acontece aos poucos, e o amargor tão presente em alimentos saudáveis como rúcula e brócolis faz parte desse aprendizado. Com preparo adequado, paciência e estímulo positivo, o jiló deixa de ser motivo de careta e se torna mais uma oportunidade de ensinar às crianças que sabores diferentes também podem ser nutritivos e deliciosos.