A moda sempre foi um canal de expressão pessoal. Mas, para boa parte dos jovens da Geração Z, ela também se tornou uma fonte constante de ansiedade. Uma pesquisa recente publicada pela Vogue Business e repercutida por veículos como Yahoo e Newsweek revelou que mais de 50% dos jovens entre 18 e 25 anos sentem pressão emocional e financeira para se manter atualizados nas tendências da fast fashion.
Esse comportamento vai além do desejo de se vestir bem: ele está diretamente ligado à forma como os jovens constroem sua identidade e buscam pertencimento em um mundo hiperconectado. O problema é que o ciclo acelerado da moda descartável e das “microtendências” nas redes sociais exige um consumo constante, algo que pode ser inviável financeiramente e desgastante emocionalmente.
Com a popularização de plataformas como TikTok e Instagram, o padrão de beleza e estilo se tornou não apenas aspiracional, mas quase obrigatório. Estar “fora de moda” pode gerar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e isolamento. Essa pressão estética, muitas vezes silenciosa, tem levado jovens a desenvolverem quadros de ansiedade, compulsão por compras e insegurança corporal.
Além disso, a efemeridade das tendências cria um senso de urgência que esgota emocionalmente. Roupas que eram “o hit” de uma semana são descartadas na seguinte, reforçando a sensação de nunca ser “suficiente”.
Para especialistas em comportamento e saúde mental, o problema não está na moda em si, mas na forma como ela é consumida. A relação com a imagem pessoal precisa ser ressignificada. A constante comparação com influenciadores, filtros e corpos padronizados favorece distorções da autoimagem e sentimentos de frustração.
A cobrança para se vestir de forma “instagramável” pode tirar o prazer do vestir e transformá-lo em um fator de desgaste. O bem-estar emocional passa, então, a depender de um ciclo de consumo que não é sustentável, nem para o bolso, nem para a mente.
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Felizmente, movimentos como o “slow fashion” e a valorização de peças atemporais têm ganhado espaço, promovendo um olhar mais consciente e saudável para o vestir. A moda pode (e deve) ser uma ferramenta de autoestima e liberdade, não de opressão.
Repensar o consumo, buscar referências além das redes e respeitar o próprio estilo são formas de reconectar a moda com o bem-estar. Afinal, a tendência mais valiosa é aquela que te deixa confortável consigo mesmo(a).