Por que seu cão se esconde em tempestades e como deixá-lo mais seguro

Basta o primeiro trovão ecoar ao longe para muitos tutores presenciarem a mesma cena: o cão desaparece. Debaixo da cama, atrás do sofá, no banheiro. É como se todo aquele animal alegre e brincalhão se tornasse, de repente, um filhote apavorado. Mas por que isso acontece? Entender o motivo pelo qual o cão se esconde durante tempestades pode fazer toda a diferença na forma como você cuida do emocional e do bem-estar dele.

Medo de tempestades: por que o cão se esconde

Ao contrário do que muitos imaginam, o medo de tempestades não é frescura ou comportamento mimado. O cão, assim como os humanos, pode desenvolver fobias reais — e, no caso das tempestades, vários fatores se combinam para isso acontecer.

A audição dos cães é extremamente sensível. Enquanto humanos percebem os trovões como sons altos e desagradáveis, os cães os ouvem com intensidade ainda maior, o que pode ser fisicamente desconfortável. Mas não é só isso: as tempestades costumam vir acompanhadas de mudanças de pressão atmosférica, cheiros diferentes no ar e, claro, relâmpagos — estímulos que causam confusão e ansiedade no animal.

Em muitos casos, esse medo se manifesta desde filhote. Se o cão teve uma experiência traumática associada à chuva — como ficar preso sozinho em casa durante uma tempestade forte —, é provável que ele carregue esse medo por toda a vida. O instinto de sobrevivência então assume o controle: ele tenta se esconder para se proteger de algo que não compreende.

Como tornar o ambiente mais seguro para o cão

Se você já presenciou seu cão tremendo, ofegante ou tentando cavar portas durante uma tempestade, sabe como a cena parte o coração. A boa notícia é que existem formas práticas de tornar esse momento menos estressante e mais seguro para o seu amigo de quatro patas.

Criar um refúgio silencioso

O primeiro passo é permitir que o cão tenha um local seguro para se esconder — mas que seja apropriado e protegido. Pode ser uma caixa de transporte coberta com um cobertor, uma caminha embaixo da escada ou até o armário do quarto, se ele se sentir bem ali. O importante é respeitar essa escolha e torná-la confortável, com mantas, brinquedos e algum item que tenha o seu cheiro.

Reduzir o impacto sonoro e luminoso

Fechar as janelas, baixar as cortinas e ligar uma música suave ou a TV pode ajudar a abafar o som dos trovões e reduzir os flashes dos relâmpagos. O barulho ambiente serve como distração e acalma os sentidos do cão.

Além disso, roupas de compressão, como as famosas “camisas calmantes”, podem ter um efeito semelhante a um abraço, reduzindo os sinais físicos de estresse. Muitos cães se sentem mais protegidos com esse tipo de acessório.

Não repreenda, nem force contato

Um dos maiores erros de tutores é tentar forçar o cão a “enfrentar” o medo. Isso pode agravar o quadro e fazer com que ele associe ainda mais estresse à presença do tutor durante as tempestades. O ideal é agir com naturalidade, oferecendo apoio e carinho se ele buscar, mas nunca forçando interações.

E lembre-se: dar colo ou consolar não reforça o medo, como alguns mitos dizem. Quando feito com calma e segurança, pode ser justamente o que o cão precisa para se acalmar.

Quando o medo vira fobia: sinais de alerta

Alguns cães apresentam reações tão intensas que ultrapassam o desconforto normal e entram em um estado de fobia. Tremores incontroláveis, salivação excessiva, tentativas de fuga, vocalizações desesperadas e até acidentes urinários são sinais de que o nível de ansiedade ultrapassou o limiar tolerável.

Nesses casos, o ideal é buscar a orientação de um veterinário comportamentalista. Existem terapias específicas, como dessensibilização e contracondicionamento, que podem ajudar o cão a lidar melhor com os estímulos de tempestade. Em situações extremas, o uso de medicação ansiolítica pode ser indicado — sempre com prescrição e acompanhamento profissional.

Por que seu cão se esconde em tempestades e como deixá-lo mais seguro

Como preparar o cão para futuras tempestades

A prevenção também é uma aliada poderosa. Se seu cão ainda não demonstrou medo de tempestades, não significa que nunca irá desenvolver. Estimular associações positivas com sons de trovões, por exemplo, usando gravações em volume baixo durante brincadeiras ou refeições, pode ajudar a criar uma relação mais neutra com o fenômeno.

Além disso, manter a rotina estável durante o tempo ruim — sem mudanças bruscas ou alarde — transmite uma sensação de normalidade ao cão, o que pode ser fundamental para prevenir o pânico.

Respeito, paciência e muito carinho

Todo comportamento tem uma causa. Quando um cão se esconde durante tempestades, ele está tentando se proteger daquilo que seu instinto interpreta como uma ameaça. Cabe ao tutor oferecer segurança, acolhimento e as ferramentas necessárias para que esse medo não evolua para algo mais grave.

Com um olhar mais empático e ações simples no dia a dia, é possível transformar momentos de pavor em ocasiões de fortalecimento do vínculo entre cão e tutor. Afinal, proteger quem nos ama incondicionalmente é uma das formas mais puras de retribuir esse amor.