
O armazenamento correto de produtos de limpeza é uma medida simples, mas que tem impacto direto na prevenção de acidentes domésticos, especialmente em regiões de clima quente e úmido como Roraima. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o número de intoxicações relacionadas às saneantes (como água sanitária e desinfetante) aumentou nos últimos anos e grande parte desses casos está ligada ao uso inadequado ou ao modo como esses produtos são guardados dentro de casa, inclusive embaixo das pias.
Em um alerta divulgado pela Anvisa em 2020, os Centros de Informação e Assistência Toxicológica informaram o registro de mais de 1,9 mil intoxicações infantis envolvendo produtos de limpeza em apenas quatro meses, reforçando que a combinação entre fácil acesso, embalagens atrativas e supervisão limitada cria um ambiente propício para acidentes que poderiam ser evitados.
A realidade local também contribui para a necessidade de atenção redobrada. Com temperaturas elevadas ao longo do ano em Roraima, ambientes pouco ventilados podem concentrar vapores químicos, aumentando o risco de irritações e intoxicações por inalação.
A Anvisa destaca que muitos produtos liberam substâncias voláteis que se tornam ainda mais potentes em locais fechados. Além disso, a agência alerta que armazenar saneantes em embalagens improvisadas, como garrafas de refrigerante ou frascos reaproveitados, pode confundir adultos e crianças e levar a ingestões acidentais, um dos principais motivos de atendimentos em emergências toxicológicas.
A orientação oficial é manter todos os produtos em suas embalagens originais, com rótulos íntegros e informações de uso preservadas. Também é fundamental guardar tudo fora do alcance de crianças e animais, dando preferência a prateleiras altas ou armários fechados com trava.
Nas casas onde a pia da cozinha ou do banheiro é usada como local rápido de armazenamento, a recomendação é evitar esses espaços, já que são facilmente acessíveis e costumam ficar expostos à umidade. A Anvisa reforça que o excesso de umidade pode comprometer a estabilidade de alguns saneantes, especialmente os que contêm hipoclorito, reduzindo a eficácia e aumentando a volatilização.
Outro ponto crucial é a proibição de misturas caseiras. Combinar água sanitária com desinfetantes, detergentes ou produtos à base de amônia pode gerar gases tóxicos capazes de causar irritações, queimaduras e até intoxicações graves. A recomendação é sempre utilizar cada produto separadamente e respeitar as instruções de diluição indicadas no rótulo.
Além do armazenamento seguro, o descarte correto das embalagens também faz parte das medidas preventivas. A Anvisa orienta que frascos parcialmente cheios ou com resíduos não sejam reutilizados para fins domésticos, sobretudo para armazenar alimentos ou bebidas. O ideal é encaminhá-los à coleta regular de lixo após a completa higienização, evitando qualquer forma de reaproveitamento que possa enganar outras pessoas da casa.
No dia a dia, pequenas mudanças ajudam a transformar o lar em um ambiente mais seguro. Reservar um espaço específico para guardar produtos de limpeza, garantir ventilação constante nos locais de uso e reforçar a leitura dos rótulos são hábitos simples que evitam problemas maiores.