COLUNA PARABÓLICA

Sem mandato, Jucá tem mesmo tempo de fala de Denarium e Arthur em evento com Tebet

Coluna desta sexta-feira (5) analisa os bastidores do anúncio da Rota de Integração Ilha das Guianas com a ministra do Planejamento

Bom dia,

Estranhos os caminhos escolhidos pelo atual governo federal, especialmente quando se trata de Roraima. Noutro dia, com pompa e presença de um batalhão de ministros e ministras, 11 ao todo, foi inaugurada a Casa de Governo, uma estrutura administrativa tendo a frente uma espécie de governador federal, e como nos velhos tempos de Território Federal com a nomeação de um servidor público vindo diretamente de Brasília. A justificativa oficialmente dada era a de que o órgão serviria para coordenar as ações do governo de Lula da Silva (PT) no que diz respeito a Roraima e pelo anúncio essas atribuições iriam muito além da simples assistência aos índígenas yanomami.

A Casa de Governo ocupa uma das mais importantes sedes/prédios da União em Boa Vista, onde funcionou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), localizada na Avenida Ene Garcez. A edificação de muitas salas e até um pequeno auditório. Por isso, quando foi anunciada a vinda da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB) a Boa Vista, que de fato veio nessa quinta-feira (4), para falar sobre um “grande” programa do governo federal envolvendo o estreitamente comercial e cultural do Brasil com as Guianas, todos imaginavam que o anfitrião seria o chefe da Casa de Governo e que o encontro seria realizado nas dependências daquela espaçosa sede administrativa.

Pois bem, o que se viu foi bem diferente. A reunião com a ministra teve como anfitrião o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, que é do mesmo partido da ministra. Para além disso, o destaque que o cerimonial deu ao ex-senador Romero Jucá (MDB), tratado como se ainda fosse parlamentar, foi indicativo forte para que se entendesse que a vinda de Simone Tebet foi muito mais uma iniciativa partidária do que uma viagem sob os auspícios e interesse do governo de Lula da Silva, que anda fazendo todo o esforço para “catar” a popularidade perdida. Aqui, merece que se destaque não haver nada contra o prefeito Arthur Henrique ser anfitrião, ele tem legitimidade e condições técnicas para falar em nome dos interesses de Roraima.

Rota das Guianas

Quem mora em Roraima demonstrou pouca ou nenhuma empolgação com o anúncio do governo federal de realização do projeto chamado Rota de Integração Ilha das Guianas, lançado ontem, durante evento que contou com a participação da ministra Simone Tebet. Isso porque há quase 15 anos todos escutam os mesmos discursos das figuras políticas sobre tudo o que está sendo prometido agora.

Promessas

Ainda assim, vamos torcer para que pelo menos algumas dessas obras de infraestrutura de transportes, energética e digital, mais uma vez prometidas pela União durante esses eventos políticos, saiam realmente do papel e que resultem em benefícios para a população. E oremos para que Roraima não seja posto de lado, mais uma vez, diante de interesses externos e acordos políticos mais vistosos.

Espaço

No referido evento, o ex-senador Romero Jucá, presidente regional do MDB em Roraima, partido da ministra Simone Tebet, foi tratado como se ainda tivesse mandato, inclusive com direito ao mesmo tempo de fala que o governador Antônio Denarium (Progressistas) e o prefeito Arthur Henrique (MDB).

Escuta

Um dos poucos diferenciais do evento de ontem foi a abertura de oportunidade para que entes do Estado de Roraima pudessem falar das demandas realmente prioritárias para inclusão no projeto. Neste sentido, a fala de Denarium foi considerada por alguns presentes como mais bem posicionada, mais direta e pontuada que a do Município, na qual Arthur optou por não seguir um roteiro.

Paralelo

Ainda sobre o imbróglio entre deputados e membros do Executivo decorrentes do suposto monitoramento ilegal, um leitor atento da Coluna questiona a origem do tal relatório apresentado pelos parlamentares para o governador e que comprovaria as acusações. “Será que o serviço de informação paralelo do monitoramento é mais paralelo ainda?”, resumiu. Seria cômico, se não fosse trágico.

Pinga fogo

Se o clima da pré-campanha eleitoral em Rorainópolis anda pegando fogo, avaliem como será quando efetivamente for dada a largada para a reta final do pleito. Por lá, já teve de tudo, desde pré-candidatos que saíram anunciando seus nomes e criticando a atual gestão, mas que agora compuseram com o prefeito Pinto do Equador (Republicanos), até aliados recentes que passaram a fazer acusações sérias.

Lixão

Uma dessas acusações foi feita em sessão da Câmara Municipal de Rorainópolis, replicada em grupos de WhatsApp daquela região. Um parlamentar disse existir “rombo financeiro” por parte da atual gestão, e citou o suposto gasto de R$ 6 milhões para limpeza da cidade, incluindo igarapés, cujo serviço não teria sido executado. Segundo o vereador, um morador da cidade teria ganho uma retroescavadeira com esse contrato.

Calamidade

Nesse vídeo, o mesmo vereador critica duramente o decreto de calamidade pública instituído pelo atual prefeito, Pinto do Equador, abrindo a possibilidade de efetuar contratos sem a necessidade de formalização de licitações, e se diz preocupado com boatos de que o Município vai receber R$ 40 milhões do Governo do Estado. “Olhe lá se não quiser (o prefeito) pedir empréstimo como fez o governador”, emendou.

Vergonha

Alguns servidores públicos acabam manchando a imagem da categoria, com comportamento indevido. Ontem à noite, recebemos de um internauta a imagem de policiais descendo de bermuda de um veículo oficial, adesivado do programa Polícia na Rua, do Governo do Estado, para participar de uma partida de futebol em um clube particular, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes. A viatura permaneceu parada no local no tempo do jogo. Perderam a vergonha!