COLUNA PARABÓLICA

Roraima virou o paraíso da corrupção desenfreada

Coluna desta segunda-feira (25) ainda repercute as entrevistas concedidas ao programa Agenda da Semana, da Folha FM, nesse domingo

Bom dia,

Um experiente político, leitor da Parabólica, e carregado de informações de bastidores, ligou para um dos nossos redatores: “Vocês estão sendo modestos em dizer que prefeitos do interior chegam a cobrar 30% de propinas das emendas de parlamentares estaduais e federais. Em muitos casos, o percentual é bem maior e chega a ser mais escandaloso ainda. É o caso de alguns que recebem dinheiro para ‘recuperar’ vicinais; fazem uma raspagem ordinária com máquinas da própria municipalidade; arranjam uma empresa de fachada, quase sempre ligada a si próprio ou a algum político do grupo; e literalmente lavam toda a grana. Alguns estão com tanto dinheiro público desviado que andam bancando suas próprias sucessões e tentando eleger aliados noutros municípios”, disse o leitor.

O Brasil, e Roraima não é diferente, virou paraíso para a corrupção desenfreada, e não surpreende porque avaliações internacionais demonstram que nosso País caiu dez posições na percepção que mede a corrupção. À propósito, é bom lembrar de um excelente artigo de autoria do experiente e respeitado jornalista J.R. Guzzo na Revista Oeste, intitulado “O Brasil Virou Pária”. Ele faz referência a uma matéria veiculada pelo respeitado jornal londrino Financial Times, referência de leitura para todos os homens e mulheres de negócios do mundo.

Ao concluir seu artigo, Guzzo diz textualmente: “Eis o Brasil, por sua conta, colocado entre os párias do mundo – os países sem lei, sem códigos morais e sem vergonha que fazem parte da parte escura da humanidade”. Que pena para todos nós.

Penal 1

O secretário estadual de Justiça e Cidadania, Hércules Pereira, concedeu entrevista à rádio Folha FM nesse domingo, comentando a crise no sistema prisional e respondeu a questionamentos de ouvintes. Entre outras coisas, ele admitiu que o sistema está com lotação acima do recomendado. A solução, segundo ele, seria um “pente fino” na situação jurídica da população carcerária.

Penal 2

Sobre a questão do afastamento de policiais penais, um dos temas que mais impactou a imprensa e a sociedade, Hércules informou que, no universo de 745 servidores, menos de cinco estariam efetivamente afastados por questões envolvendo saúde mental. Os dados, conforme o secretário, estão em atualização, mas em torno de 15 servidores ao todo estariam com atestados por motivos diversos em vigor até então.

Cedência

Uma informação dada por um ouvinte do programa Agenda da Semana, e confirmada pelo secretário Hércules Pereira, diz respeito à cedência de policiais penais para a segurança pessoal de autoridades.

Tornozeleira

Uma das soluções para a questão da superlotação das unidades prisionais, segundo Hércules, seria a ampliação do uso do dispositivo de monitoramento, conhecido como tornozeleira. Ele acredita que muitos reeducandos recolhidos hoje possuem os requisitos necessários para o benefício, e essa seria uma medida mais célere, embora paliativa, para desinchar as cinco unidades prisionais existentes em Roraima.

Obras 1

Um assunto que acabou sendo levantado durante a entrevista com Hércules Pereira foi o abandono de obras públicas pela falta de cumprimento do cronograma físico e financeiro de construtoras contratadas. Só no sistema penitenciário seriam três obras que poderiam, neste momento, resolver a superlotação em unidades prisionais. Ouvinte da rádio Folha FM mandou mensagem criticando a ligação de políticos a essas empresas.

Obras 2

Por falar nisso, a Folha recebeu uma denúncia grave relacionada às obras no interior de Roraima. Conforme a informação, um prefeito estaria pagando todo o dinheiro de emenda parlamentar destinada a manutenção de vicinais para uma empresa com a qual mantém ligação, enquanto as obras estariam sendo executadas com máquinas e servidores públicos da própria prefeitura.

Infidelidade

O deputado federal Antônio Carlos Nicoletti (União Brasil) acusou os deputados estaduais Catarina Guerra e Jorge Everton de cometer infidelidade partidária, a primeira por se lançar pré-candidata à prefeita de Boa Vista, e o outro por apoiá-la publicamente. Ele fez um relato sobre as motivações pelas quais ambos os políticos teriam se filiado ao União Brasil, e informou que a sigla investiu em torno de quase R$ 3 milhões na eleição dos dois em 2022.

Sem interferência

Na entrevista à rádio Folha FM, Nicoletti citou uma contribuição que seu partido teria feito para a eleição do senador Hiran Gonçalves (Progressistas). Em nota a Coluna, o senador admitiu a contribuição, mas fez questão de dizer que ela foi fruto de entendimentos entre a direção nacional dos dois partidos, Progressistas e União Brasil, sem qualquer interferência de Nicoletti.

Grupo

Nicoletti reclamou de falta de respeito ao partido e a ideologia de grupo, negou qualquer tipo de engessamento de decisões partidárias, e sobre a participação de Jorge Everton na coletiva realizada pelo Progressistas para anunciar a adesão do vice-prefeito Cássio Gomes à pré-candidatura de Catarina Guerra, comentou que o próprio governador Antonio Denarium (Progressistas) teria ficado surpreso e “meio assustado”.

Definições

Pelo que disse o deputado Nicoletti, todas as definições referentes às eleições municipais só mesmo depois do dia 5 de abril, quando termina o prazo da janela partidária, período em que é possível trocar de partido para concorrer ao pleito sem perder mandato. Até lá, com toda certeza, muita água vai passar debaixo dessa ponte, e depois disso, é fato que as assessorias jurídicas devem ditar os rumos dessas decisões.

Celeuma

À rádio Folha FM, o deputado Nicoletti comentou a celeuma jurídica em torno do registro de candidatura do prefeito em exercício de Alto Alegre, vereador Valdenir Magrão. Ele teria assinado recentemente ficha de filiação junto ao Podemos, mas ao saber que o feito inviabilizaria sua candidatura ao mandato tampão agora em abril, voltou atrás e se manteve no MDB. A situação promete ser questionada judicialmente.