Enquanto no Congresso Nacional os políticos fazem de tudo para se blindarem para não serem investigados e presos, aprovando o que ficou chamado popularmente de “PEC da Bandidagem”, que amplia as proteções legais de parlamentares ao mudar regras para prisão e a abertura de processos criminais contra deputados e senadores, em Roraima a bandidagem do crime organizado se fortalece. Dos deputados federais da bancada roraimense, apenas um votou contra a PEC da Bandidagem.
Se no Estado onde os políticos são flagrados pela Polícia Federal com dinheiro na cueca o cenário da maioria é essa, de se safar de futuras prisões, os bandidos faccionados não se intimidam. Nos bairros mais afastados do Centro, os criminosos já estão impondo suas próprias leis, como se já fosse um poder paralelo. Nos muros das casas, eles estão deixando o recado: “Proibido roubar na quebrada” – aviso este flagrado por uma própria viatura da Polícia Militar no bairro São Bento, onde recentemente houve um tiroteio. Não tardará para cobrarem pedágio.
Cenas assim podem ser conferidas em bairros conflagrados por facções, como João de Barro, Raiar do Sol e Bela Vista. Mas essa não é uma realidade específica da periferia da Capital. Nos municípios do interior e até comunidades indígenas há pichações indicando domínio de determinadas facções. Foi assim que o crime se organizou em São Paulo e Rio de Janeiro. Se as autoridades ficarem inertes ou não se organizarem também, Roraima será dominada definitivamente por criminosos.
No entanto, pelo que se tem visto na Câmara dos Deputados, os políticos não estão interessados no que está ocorrendo em seus respectivos estados, a exemplo de Roraima, onde a maioria votou a favor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para beneficiar políticos bandidos, inclusive presidentes de partidos. Notadamente os bandidos faccionados sentem-se à vontade para agir.
O que chama a atenção é que boa parte da população acaba sendo favorável a estas intervenções dos criminosos diante da ineficiência da Segurança Pública, mesmo sabendo que um poder paralelo quando se estabelece impõe suas próprias regras e não poupa a vida de quem não seguir o que os criminosos determinam, como a cobrança de pedágio, por exemplo. Eles começam impedindo roubos e furtos nas áreas que estão sob seus domínios. Daqui a pouco, estão controlando a vida das pessoas… enquanto os políticos querem imunidade ampla e irrestrita para continuarem praticando crimes.
*Colunista