Parabolica 20 11 2018 7259 Parabolica 20 11 2018 7259 Parabolica 20 11 2018 7259 Parabolica 20 11 2018 7259

Bom dia,

Enquanto instituição essencial do Estado, governos de um modo geral têm a obrigação de serem agências formuladoras e implementadoras de políticas públicas, dentre elas a de promoverem o desenvolvimento para elevar o bem-estar dos povos que governam. Isto significa que todo governo deve utilizar os instrumentos de que dispõe para trazer crescimento para a região alcançada por sua jurisdição. Classicamente, os principais instrumentos de que dispõe um governo para promover o crescimento econômico, único caminho para alcançar o desenvolvimento econômico e social podem ser resumidos em: política fiscal, política tributária, política fundiária e política de financiamento, entre outros.

O estudo do caso de Roraima é esclarecedor para identificar as possibilidades do futuro governo estadual de promover as modificações necessárias para tirar o estado da anêmica situação da economia do contracheque, um sonho de muita gente, e uma promessa de campanha do governador eleito Antonio Denarium (PSL). Se o novo governo não tiver possibilidade de manejar com alguma liberdade os instrumentos necessários para promover o investimento privado nos setores agroindustrial, industrial e de serviços, Roraima presenciará mais um ciclo marcado pelo domínio de grupos políticos que fazem do governo estadual uma agência meramente distribuidora de privilégios para os apaninguados.

É nesse sentido que se firmou a ideia geral entre políticos, e mesmo de parte considerável da população roraimense de que a corrupção e o empreguismo são os maiores males da administração pública estadual. Assim, políticos se aliam a empresários para alcançar o Tesouro Estadual, com contratos de toda a natureza que vão desde a prestação de serviços, fornecimento de bens e construção de obras; todas com preços superfaturados e muitos não entregues. Parte da população aceita isso com alguma naturalidade, desde que lhes sejam oferecidos empregos públicos, sejam eles através de concursos públicos ou mesmo em cargos comissionados.

E não estamos falando apenas do Poder Executivo, essa prática de corrupção e empreguismo atinge todos os poderes e órgãos da estrutura estatal roraimense, nos três níveis de governo: Federal, estadual e dos municípios. Essas duas condutas, corrupção e empreguismo, são ao mesmo tempo, causa e consequência, da ausência quase absoluta da capacidade do governo de intervir para mudar as viciadas e anêmicas estruturas do estado, em suas várias dimensões: institucionais, econômicas e infraestruturais.

A seguir faremos uma sumária descrição sobre esta incapacidade do governo local em manejar políticas públicas indutoras de mudanças no comportamento da economia local.

POLÍTICA FISCAL

Trata-se, ao mesmo tempo, do manejo das receitas e dos gastos públicos estaduais. Pelo lado da receita, o orçamento do estado depende em cerca de 80% das verbas federais, obrigatórias e voluntárias, sendo o restante limitado pela anemia da economia local. No outro lado da moeda, os gastos públicos, estão comprometidos em sua maior parte com pagamento de pessoal, custeio ordinário e repasses constitucionais. O percentual livre para investimento mal chega a 3%. Isso impede, rigorosamente, qualquer política de melhoria da infraestrutura viária, energética, urbana e mesmo de liberação de crédito para pequenos e médios negócios.

POLÍTICA TRIBUTÁRIA

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a principal fonte de receita própria do estado está concentrado em três principais setores: energia elétrica, combustíveis e serviços de telecomunicações. A política tributária brasileira concentra nas mãos da União Federal quase toda a política tributária do país e ainda inventaram o tal do Conselho de Política Fazendária que tirou toda a autonomia dos estados de oferecer incentivos fiscais para atrair investimento. Não existe, portanto, muita margem de manobra para utilizar a política tributária do estado para promover o desenvolvimento.

POLÍTICA DE FINANCIAMENTO

Como se disse acima, não há espaço no orçamento estadual para liberar recursos para financiar negócios, o que de novo torna o desenvolvimento do estado dependente dos recursos liberados pelo governo federal através de seus bancos: Banco da Amazônia (BASA), Banco do Brasil (BB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A política de crédito desses bancos está atrelada à política do Estado Federal brasileiro que coloca a questão ambiental como premissa mais importante na hora de conceder financiamentos. E como o aparelho estatal federal está tomado por ambientalistas.

POLÍTICA FUNDIÁRIA

O estado de Roraima dispõe de apenas 7% de sua superfície disponível para atividades econômicas, infraestruturais e urbanas. Mesmo esse minguado território ainda não está sob a jurisdição estadual. Falta o governo federal, através do Conselho de Defesa Nacional (CDN), autorizar a emissão de títulos definitivos e ainda resta a conclusão do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) cuja conclusão está suspensa por decisão da Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Sem essa autorização e ferramenta é impossível realizar um programa de estímulo à agricultura e à pecuária no estado.

AINDA TEM

Como ainda restam desafios a vencer, amanhã continuaremos a tratar do tema aqui na Parabólica. O que pode servir de reflexão é o seguinte ponto: incapazes de formular, e implementar políticas públicas necessárias ao conjunto da população, a elite política local se lambuza na lama da corrupção.

parabolica
Parabólica

As poderosas antenas da coluna, trazem para o site aquelas conversas que esquentam os bastidores da política local. Informação, Denúncia e as notinhas apimentadas que só a coluna publica de segunda a sábado.

As poderosas antenas da coluna, trazem para o site aquelas conversas que esquentam os bastidores da política local. Informação, Denúncia e as notinhas apimentadas que só a coluna publica de segunda a sábado.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.