Parabólica

Parabolica 05 09 2018 6868

Bom dia,

É fácil seguir o roteiro. Todo mundo sabe que não há saída, diante do movimento ambientalista internacional – e que domina frações poderosas do estado brasileiro –, para o provimento de Roraima de energia elétrica que não seja através da construção do Linhão de transmissão da energia de Tucuruí de Manaus até Boa Vista. Todo mundo sabia que para chegar à Capital roraimense, esse Linhão teria de atravessar mais de cem quilômetros, pela BR-174, a Terra Indígena Waimiri-Atroari. E, finalmente, todos estão sabedores de que, no fundo, aqueles índios não são contra a construção do Linhão de Tucuruí, mas querem uma compensação financeira para aceitá-lo.

Isso tudo era sabido, quando o Governo Federal mandou, em 2011, realizar o leilão para selecionar o consórcio responsável pela construção do Linhão, e para explorar o serviço de trazer a energia desde a Capital amazonense até Boa Vista. Ora, se esse cenário era de conhecimento público, por que após quase dez anos pouco se avançou para resolver essas questões, especialmente o entendimento com os Waimiri-Atroari? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada seguindo o roteiro de tudo o que se fez em matéria de geração e distribuição de energia em Roraima nesse período.

Vamos começar pelo que aconteceu com a Companhia Energética de Roraima (Cerr). Quem não lembra da história de federalização daquela empresa, e a necessidade de endividar o estado de Roraima através de um financiamento “arranjado” com o Governo Federal para saneá-la. Na verdade, algum grupo tinha já a intenção de dominar todo o sistema de distribuição de energia elétrica para Roraima, que ficaria um negócio altamente rentável se a energia de Tucuruí não chegasse a Boa Vista. Com essa intenção, e sob a concordância do Governo estadual (administração de José de Anchieta), o grupo interviu na Cerr, para gastar todo o dinheiro e, em vez do saneamento, contribuiu com o afundamento da empresa.

O passo seguinte foi retirar a concessão da Cerr, transferindo-a de forma precária para a Boa Vista Energia, uma subsidiária da Eletrobras dominada pelo mesmo grupo. Pois bem, o mesmo grupo que recebeu R$ 600 milhões para sanear a Cerr passou a comandar e endividar a nova concessionária, que desde então começou a estar no programa de venda de subsidiárias da Eletrobras, sob a justificativa de sua inviabilidade enquanto empresa estatal. Nunca se disse que a Boa Vista Energia foi ajudada a ser inviabilizada por pagar a energia de Guri, e ainda ter a necessidade de pagar todos os meses milhões de reais para usinas térmicas, que nunca se mostraram capazes de substituir a energia vinda da Venezuela.

E a história ainda não acaba por aí. O mesmo grupo que passou pela Cerr, e pela Boa Vista Energia, passou a ocupar posições estratégicas na Eletrobras, e na Eletronorte, especialmente no que se refere à venda das subsidiárias, que tinham concessão precária de distribuição de energia elétrica em estados no Norte e Nordeste, inclusive, a Boa Vista Energia. E assim foi feito, a distribuidora de Roraima foi vendida por R$ 50 mil, e por mera coincidência, para um consórcio encabeçado por uma empresa proprietária de usinas térmicas, e que recebeu nos últimos tempos muita grana da própria empresa da qual são proprietários agora. É um estranho roteiro para uma negociação pré-anunciada.

REGISTRADO A vários amigos, o ex-governador Chico Rodrigues (Democratas) fez pessoalmente a comunicação de que o registro de sua candidatura a senador havia sido deferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). Emocionado, ele disse que passou por um período de muita angústia e, enquanto alguns de seus adversários esbanjam dinheiro na campanha, só agora ele vai cuidar do material de campanha e o fará com toda a força, enfrentando com destemor os que tentaram inviabilizar sua candidatura.

PREFEITOS Fontes da Parabólica garantem que alguns candidatos, que no início da campanha mostravam como troféus o apoio de prefeitos do interior do estado, hoje já não fazem questão de aparecer do lado deles. É que pesquisas realizadas a pedido dos próprios candidatos mostram que, nalguns casos, a reprovação da administração dos alcaides é altíssima e, que quando pedem votos para o candidato, os eleitores torcem o nariz. Tem um deles, por exemplo, que está quase todo dia na região sul do estado, para compensar os votos que está perdendo por ser apoiado pelo prefeito.

COMPRANDO Ontem, um candidato ao Senado fez um desabafo para a Parabólica: “Tem um candidato ao Senado Federal, que está derramando dinheiro na campanha. Ele, com toda a estrutura que tem, está mapeando os melhores cabos eleitorais de seus adversários, e simplesmente parte para cima oferecendo muita grana para que ele mude de lado e passe a apoiá-lo. O único consolo, que eu particularmente tenho, e que a alta rejeição desse candidato junto ao eleitorado tem feito muitos cabos eleitorais a resistir à oferta. Outros recebem a grana, mas vão fazer corpo mole”, disse.

100,3 O Grupo Folha recebeu, ontem (terça-feira), uma ótima notícia, e que representa o último passo, do ponto de vista burocrático, para fazer, finalmente, a migração da Rádio Folha de AM para FM. A Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) já publicou no Diário Oficial da União (DOU) o ato que autoriza o uso de Frequência Modulada de 100,3, pela Editora Boa Vista Ltda., proprietária da outorga. Foi uma luta vencer tanta pressão contrária.