Jessé Souza

Os donos de Roraima 1471

Os donos de Roraima 1471 Os donos de Roraima 1471 Os donos de Roraima 1471 Os donos de Roraima 1471

Os donos de RoraimaJá está passando da hora de as pessoas pararem de achar que são donas de Roraima, como se o Estado fosse uma propriedade particular, em que as pessoas se arvoram donas da História, dos cofres públicos, da cultura e de tudo aquilo que faz parte do patrimônio público e coletivo.

Muitos ainda agem como se fôssemos aquelas imensas fazendas de gado reais, deixadas pelo Coroa portuguesa, as quais os colonizadores foram se apropriando, sentido-se donos do que ficou devoluto, por desinteresse do governo central, que nada via de importante por aqui.

Não somos mais esse quintal ou esse reduto que pôs a maioria dos bens nas mãos de poucos, o que fez esses alguns se arvorarem proprietários até do ar que respiramos. É preciso pensar coletivamente, com todos fazendo parte desta terra, cada um dando sua contribuição, seja nativos, quem adotou este Estado para morar ou aqueles que estão chegando.

E cada um respeitando seus espaços, suas culturas e seus valores, cada um dando sua contribuição para um Estado e aceitando as condições das diversas culturas, a exemplo dos indígenas, dos nordestinos, dos gaúchos e de tantos outros que já estão por aqui e dos que ainda vão chegar.

Esse resquício de antigos coronéis de fazenda precisa acabar. Não podemos mais pensar em desenvolver esta terra achando que ela pertence a um grupo, a uma família, a um ou vários donos isolados e loteados. E isso vale também para a política, pois quando um grupo assume o governo acha que passou a ser proprietário de tudo e de todos.

Esse pensamento tacanho contribui para que as portas fiquem fechadas para a maioria e abertas para poucos, estes que acabam aceitando fazer o joguete dos neocoronéis e de todos aqueles que acreditam ter a chave da “antiga fazenda”, apadrinhados a serem convidados para a Casa Grande.

A disputa baseada no antigo coronelato e dos padrinhos que abonavam seus afiliados é uma das barreiras que contribui para que não consigamos avançar e dar um passo definitivo para sairmos dessa cultura de achar que é dono de tudo.

A visão tapada acaba servindo para que políticos sem escrúpulos mandem e desmandem, tratem as pessoas como se fossem apenas joguetes e se apoderem daquilo que deveria ser coletivo ou que poderia estar beneficiando a sociedade em geral.

Não se pode mais conceber que existam “donos de Roraima”. Alguns passos para mudar esse quadro já foram dados, ainda que lentos, porém é preciso mais para que o Estado saia dessa condição de refém daqueles que tomam conta dos cofres e da caneta que toma as decisões. Ou, senão, iremos sofrer por longas décadas até que consigamos enxergar que não se pode mais viver entre a Senzala e a Casa Grande.

*[email protected]: www.roraimadefato.com/main

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.