Brumadinho: uma tragédia anunciada!
Flamarion Portela*
Morre gente! Morre a mata! Morre o bicho! Morre o mundo! Mas a ganância humana sobrevive!
Três anos após a tragédia que devastou Mariana, em Minas Gerais, um novo caos se instalou naquele Estado, desta vez em Brumadinho, município de cerca de 40 mil habitantes, a cerca de 60km de Belo Horizonte.
O rompimento da barragem do Feijão, da mineradora Vale, assusta não apenas pela dimensão das consequências naturais e humanas que vai trazer, mas também pela inércia e inépcia com que os órgãos fiscalizadores que deveriam atuar de forma rígida, foram novamente, no mínimo, omissos.
Ao mesmo tempo, demonstra a ganância de uma multinacional que, pela segunda vez, colocou em risco a segurança de milhares de pessoas e do próprio meio ambiente onde está instalada e explora seus minérios.
Por outro lado, também desnuda a falta de estrutura fiscalizadora dos órgãos ambientais tanto do Estado de Minas Gerais quanto do Governo Federal, que após a tragédia de Mariana, deveriam ter intensificado vistorias e aplicado as multas necessárias para que essa nova tragédia pudesse ter sido evitada.
Só para relembrar, a tragédia de Mariana deixou 19 mortos e mais de 1.200 desabrigados, mas não foi suficiente para que deixasse uma lição ao poder público quanto à necessidade de colocar em prática a legislação ambiental, que, embora seja uma das mais rígidas do mundo, não alcança as grandes empresas, que sempre encontram brechas para se isentarem das responsabilidades.
Três anos depois, o desastre de Mariana continua impune. A Samarco, a Vale e a BHP Billiton descumprem o acordo feito com o governo brasileiro, as famílias desabrigadas continuam sem o atendimento necessário, familiares das vítimas fatais continuam sem receber as devidas indenizações e o meio ambiente degradado ainda vai demorar muito tempo para se recuperar.
Agora, a história tende a se repetir. A tragédia de Brumadinho deverá ter um impacto menor da natureza do que o de Mariana, mas as perdas humanas são infinitamente maiores. São centenas de pessoas que foram atingidas diretamente e perderam suas vidas. Outras tantas que viverão para sempre com o trauma de terem perdido seus entes queridos ou tudo que construíram durante toda a vida.
Por mais que se responsabilize alguém por um provável erro humano, por mais que desta vez se apliquem multas milionárias à empresa, enquanto o Homem não entender que vidas humanas e o meio ambiente são mais importantes que a aquisição de riquezas materiais, a ganância vai continuar fazendo vítimas.
Que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos das vítimas de Brumadinho e que novas tragédias como essa não voltem a acontecer em nosso País.
*Ex-governador de Roraima
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Suspensórios, sutiãs e impostos
Vera Sábio*
Tem coisas que ao serem levantadas nos proporcionam um grande conforto, mas tem coisas que ao serem levantadas impedem o nosso progresso, sucesso e andamento natural da nossa rotina.
Como também existem ações realizadas por pessoas que ocupam cargos públicos, as quais melhoram a vida dos cidadãos e outras que pioram a vida da população.
Falando assim, o leitor pode pensar: O que isto tem a ver com o tema deste texto?
Pois, vou explicar: o sutiã é, além de uma peça íntima para as mulheres, algo que proporciona beleza e conforto, deixando no lugar adequado o que a gravidade teima em fazer cair.
Nunca havia pensado o mesmo a respeito dos suspensórios; via-os como um acessório, proporcionando um charme a mais aos homens elegantes em seus ternos e roupas finas. Todavia, meu marido ultimamente inventou de lançar a moda do antigo e já em desuso suspensório. Ele, embora contra minha visão de moda, afirma que é muito melhor e mais confortável usar suspensório ao invés de cinto, independentemente de qual a camisa que se use.
O cinto aperta e, ainda que bem apertado porque o homem não tem uma cintura definida como a anatomia feminina, as calças vez por outra caem e precisam ser erguidas. Enquanto com o suspensório, pronto, não se sente apertado e fica confortável com as calças no lugar.
Os impostos, como diz a própria palavra, posto por pressão, sem a permissão, exigido o pagamento mesmo porque fora alguns exclusivos impostos, outros vêm embutidos em tudo, absolutamente tudo que se compra.
Imposto é igual a um cinto agressivo, desonesto e feito para apertar, espremer e sugar a vida do pobre trabalhador que trabalha o ano todo para pagar mais de meio ano só de impostos.
Ou seja, políticos enchem os bolsos fazendo com que nenhum cinto consiga erguer as calças, deixando o Brasil tão rico, praticamente falido de tantos desvios, sendo em sua grande maioria vindo dos nossos impostos.
Merecemos um sutiã, nesta terra produtiva e abençoada por Deus; algo mais confortável, fácil de levantar nossa autoestima e nossa crença em um futuro melhor.
Como também merecemos o conforto de um suspensório, com igualdade, sem depender de colarinhos brancos e nível social para conseguirmos subir na vida, nos proporcionando o direito de andarmos de cabeça erguida, com condições de pagar as contas e acreditando que ainda vale a pena sermos honestos.
Somos um dos países em que mais paga impostos e nem por isto temos educação pública de qualidade, saúde pública digna e cadê nossa segurança?
O que vemos mesmo é aumentarem os cintos que nos amarram, nos aprisionam e impedem o nosso crescimento. Por isso, acredito que só conseguiremos maior equilíbrio quando retirarmos estes cintos corruptos, usarmos suspensórios da transparência, igualdade e oportunidades de sucesso. Deixando os cintos e amarras rígidas e severas para aqueles que burlam as leis e são criminosos e destruidores da paz e da nossa liberdade.
*Escritora, psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.
Adquira meu livro “Enxergando o Sucesso com as Mãos” Cel: (95) 991687731
Blog: enxergandocomosdedos.blogspot.com.br
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Sobre a sublimidade da arte ou ineficácia da ignorância
Luiz Maito Jr*
“O mundo não é mais o mesmo em que eu nasci, mas eu continuo curando a tristeza com a beleza de uma canção.” Nando Reis
De onde vêm os sonhos? O que te torna completamente diferente de mim e me ganha mesmo assim. Porque meus olhos se enchem de lágrimas quando te reconheço na feição dos outros, o que me traz tanto prazer ao ver sorrisos brilhando de felicidade, ao chegar o momento que mais esperavam
e passarem por ele, tendo como prêmio a oportunidade de continuar vivenciando esse sonho.
Quem tem um dom deve sempre o perseguir e alimentar, somos muito comuns e a arte nos salva da total mediocridade a que estamos destinados, não somos muito mais que carbono e cálcio, água e minerais, o que nos torna humanos é a capacidade de se encantar com algo, encantar outras pessoas, e este encantamento se encontra na sublimidade da arte, o exato momento em que mais que nos encher os olhos, o contato se apresenta em níveis menos físicos, não há química nisso, talvez Física Quântica.
Estamos sempre prontos a demonstrar nossa condição mais generalizante, somos todos cotidiano e portões a dentro, mas todo dia esbarra no inesperado e por uma fresta do portão fechado adentra uma réstia de luz, nossa curiosidade nos guia e assim podemos apreciar a redundância sendo desconstruída e algo ou alguém nos apresenta a uma produção de características diferentes, a arte, que nos enleva na voz do grande intérprete, nos versos da poetisa, traços do pintor, qualquer que seja…
Quero que meus olhos estejam sempre úmidos, quero ter sempre meu cotidiano roubado, a pele eriçada pela emoção de ver alguém apresentar sua arte e fazer acreditar que a humanidade não é só dinheiro e poder. Acredito que o que muda o mundo são aqueles que se comprometem em lutar pelos seus ideais, e a arte é um caminho para isso. Que os sonhos continuem vindo. Continuem fomentando os homens a acreditarem nos seus dons e na sua arte.
*Pós-graduando em História da Amazônia
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A força da semente
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes.” (Gibran Khalil Gibran)
Você é a semente. Nada tem poder sobre você a não ser você mesmo, ou mesma. A Natureza é a maior fonte de energia sobre a Terra. E você é um habitante deste planeta bem aventurado. Pena que nem todos tenham consciência disso, senão já estaríamos num nível de evolução mais avançado. Mas vamos caminhar com a consciência do nosso poder, enquanto semente de origem racional.
Ontem à tarde, eu estava caminhando pela praia e observando o comportamento das aves sobre o mar e a areia da praia. Gaivotas planavam enquanto voavam contra a corrente de ar, que era suficientemente forte. Pensei em por que uma ave consideravelmente pequena preferia voar contra o vento. Enquanto a dona Salete, Alexandre, Márcia e Yacco nadavam nas ondas, eu caminhava pela praia, observando os animais e os humanos. Analisava o comportamento das gaivotas e dos pombos trafegando entre os banhistas, como se fizessem parte do grupo.
Já era final de tarde e o pessoal começava a se retirar. Lá na frente, um cachorro, preto e bonito, estava deitado sobre a barriga, com as patas dianteiras estendidas para frente. Num comportamento aparentemente humano, o cachorro observava o mar, estendendo o olhar, no movimento da cabeça, como se estivesse medindo a dimensão da praia que é de, nada mais, nada menos, setenta e quatro quilômetros. Parei a caminhada e fiquei observando o cachorro. Em que grau de evolução ele se encontrará? Como ele se considerará, medindo a dimensão do mar? Quantos humanos estariam ali fazendo essa análise sobre seus poderes?
Por que será que as tempestades não têm poderes sobre as sementes? Tudo que uma tempestade pode fazer com uma semente é atirá-la para outro espaço onde ela brotará outras sementes. Assim é você. Os vendavais da vida o que fazem é levar você para outra atividade cujo crescimento vai depender de você. Observe o comportamento do cachorro, em vez de considerá-lo um elemento inferior. Ele está no seu grau de evolução, como você está no seu. O que deveria levar você à consideração de que somos todos iguais nas diferenças. Observe, sempre, a beleza e a riqueza no voo de uma ave, mesmo que ela seja um urubu.
Sua superioridade está no seu conhecimento sobre você mesmo. Acredite que você é uma semente para produzir sementes que produzirão sementes. O que exige força mental, espiritual e, sobretudo, racional. E a racionalidade exige que respeitemos nosso próximo, respeitando-lhes as diferenças. É no respeito que crescemos como seres humanos. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460