Opiniao 28 01 2019 7598 Opiniao 28 01 2019 7598 Opiniao 28 01 2019 7598 Opiniao 28 01 2019 7598

O lado positivo e negativo da mudança

Flávio Melo Ribeiro*

Quando alguém procura um psicólogo queixando-se de um comportamento que está lhe prejudicando, não se dá conta que ao mudar passará a ter novas características que afetarão sua vida como um todo. As mudanças são positivas, pois inicialmente irão suprir alguma deficiência que a pessoa possui em determinada atividade ou relacionamento. Além disso, se sentirá satisfeita com o resultado e provavelmente irá receber elogios. No entanto, ao mudar poderá criar diversos problemas. Nem todos aceitarão sua mudança, visto que precisarão aprender a se relacionar com ela. Muitos acharão estranho seu novo comportamento e tentarão fazer com que volte a ser como antes, mesmo que já tenham criticado seus hábitos antigos. É contraditório, mas é comum ocorrer. As pessoas criticam o comportamento do outro, porém, quando este muda, não aceitam facilmente e isso gera um grande conflito.

Imagine alguém que era criticado por ser muito disperso no trabalho e que com seu comportamento desconcentrava os colegas. Por não gostar de ser assim, promove uma mudança e passa a ser atento. Com isso, consegue focar no trabalho, aumenta sua produção e recebe uma aprovação do grupo. Entretanto, também passa a prestar atenção no comportamento e rendimento dos colegas e começa a perceber coisas que não via, mas que agora lhe incomodam. Iniciará conflitos que anteriormente não existiam e vai precisar lutar para não voltar ao que era antes, pois pessoas próximas lhe influenciarão a voltar ao seu antigo comportamento, já que para elas é melhor continuar desatenta do que confrontá-las.

Essa transição, da distração para atenção, aparecerá em outras relações da vida e aí é que as mudanças precisam ser acompanhadas pelo psicólogo, visto que as possibilidades de conflito são enormes. A paciente ao se incomodar por perceber coisas que antes não via tende ao conflito e é nesse momento que pode desistir.

Para facilitar a manutenção da mudança, pense nos ganhos que terá sendo essa nova pessoa. Descreva possíveis ações que fará sendo mais atenta e, através do seu conhecimento, procure antecipar possíveis problemas e como reagir a eles. Isso lhe ajudará muito. Mas não ache que terá respostas para tudo, pois boa parte do aprendizado virá com a prática. Sem dúvida, a luta se torna mais fácil quando se sabe o sabor da vitória. Não tenha medo da mudança e a encare de forma positiva!

*Psicólogo – CRP12/00449

E-mail: [email protected] / Contatos: (48) 9921-8811 (48) 3223-4386

——————————————-

O poder da lama tem poder

Tom Zé Albuquerque*

O ano era 2015. Uma barragem com acúmulo de resíduos minerais se rompeu no Município de Mariana, Estado de Minas Gerais. Este represamento era de propriedade da mineradora Samarco, mas controlada pela gigante brasileira Vale e por outra expressiva empresa, a multinacional BHP Billiton.

Naquele momento, o pequeno distrito de Bento Rodrigues foi assolado por um enxurro de lama, suprimindo propriedades, destruindo árvores, devastando animais, contaminando riachos e rios, inutilizando a terra (subsolo e superfície) e… matando pessoas, num súbito, mas também aniquilando vidas futuras pela não mais expectativa e pela anulação de objetivos e sonhos. Acarreta isso porque as dezenas de milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, basicamente formados por óxido e ferro, são, logicamente, elementos esmagadores dos ecossistemas.

Nesse distender, a lama, com o passar do tempo, está sendo petrificada impedindo o desenvolvimento de muitas espécies, animal e vegetal, uma vez que a terra se tornou infértil, inclusive pela desestruturação química do solo. Extinto está, pois, aquele ambiente. Peixes sem oxigênio, com brânquias obstruídas; algas revestidas, assoreamentos irreversíveis, matas ciliares devastadas… Uma tragédia sem precedentes. Não se sabe ainda a dimensão do problema e o alcance da imundície. Por conseguinte ao fato, o novo presidente da Vale, ao assumir o cargo, bradou: “Mariana Nunca Mais!”. Nós, incautos, acreditamos.

Pois então, depois de todo esse descalabro, com mortes e destruições, outra catástrofe (com menos metros cúbicos percorridos, mas com mais vidas ceifadas) ocorreu, na última sexta-feira, 25, na região metropolitana de Belo Horizonte, com o rompimento de uma barragem em Brumadinho, também controlada pela Vale. Centenas de pessoas estão mortas, famílias inteiras estão soterradas na lama do descaso, da irresponsabilidade e da supremacia do poder econômico em detrimento ao respeito e preservação do ser humano, e ao ambiente que nos resguarda.

Não há nenhum fragmento de dúvida que outras calamidades ocorrerão; afinal, são quase 500 barragens espalhadas por Minas Gerais em condições parecidas. E pior, há uma defasagem absurda no quadro de fiscais dos órgãos controladores, faltam estrutura e vontade de evitar o caos. Não por menos, a Vale e a BHP Billiton, controladoras da Samarco, respondem na Justiça em razão do primeiro desastre. Nesse interregno, alguém por parte da empresa foi punido? Óbvio que não. O sistema jurídico brasileiro está arquitetado para proteger o infrator; por mais que um magistrado sentencie uma infração, mais as lacunas formais e artimanhas advocatícias empurram o crime para o buraco da prescrição.

Em tom antecipatório, melancólico e alarmado, o magnânimo Carlos Drummond de Andrade expressou o que estava por vir através do poema “Lira Itabirana”, publicado no ano de 1984: “O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse mais leve a carga. Entre estatais e multinacionais, quantos ais! A dívida interna. A dívida externa. A dívida eterna. Quantas toneladas exportamos de ferro? Quantas lágrimas disfarçamos sem berro?”. Qual será, meu Deus, a próxima represa…?

*Administrador

——————————————-

Direitos humanos – de que se trata, o que é isto?

João Baptista Herkenhoff*

Por direitos humanos ou direitos do homem são entendidos aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos que a sociedade política tem o dever de consagrar e garantir.

Prefiro a designação “direitos humanos”. É, a meu ver, mais própria que “direitos do homem”. Quando falamos “Direitos Humanos”, deixamos claro que os destinatários dos direitos são os seres humanos em geral. Já a denominação “Direitos do Homem” estabelece a preferência pelo gênero masculino. É certo que na expressão “direitos do homem” está implícito que se trata de “direitos do homem e da mulher”. Mas, de qualquer forma, por que “direitos do homem” para abranger os dois gêneros?

A ideia de direitos humanos não é absolutamente unânime nas diversas culturas. Contudo, no seu núcleo central, alcança uma
real universalidade no mundo contemporâneo.

O conceito de “Direitos Humanos” resultou de uma evolução do pensamento filosófico, jurídico e político da Humanidade.

A leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos permite–nos verificar que um conjunto de valores ético-jurídicos perpassa o documento.

Poderemos retirar da Declaração a substância que ela contém identificando os valores subjacentes ao texto.

Atrás da enunciação técnico–jurídica moderna, podemos identificar, no conjunto do texto, valores milenares que dão alma à Declaração.

Justamente esses valores tiveram sua gestação na longa travessia da História. Profetas, sábios, espíritos luminosos, gente anônima do povo, culturas esplendorosas e culturas esquecidas, civilizações menosprezadas e oprimidas contribuíram para a construção universal desse código ético.

A meu ver, são valores ético–jurídicos fundamentais da Declaração Universal dos Direitos Humanos os seguintes:

O valor “paz e solidariedade universal”;

O valor “igualdade e fraternidade”;

O valor “liberdade”;  

O valor “dignidade da pessoa humana”;

O valor “proteção legal dos direitos”;

O valor “Justiça”;

O valor “democracia”;

O valor “dignificação do trabalho”.

*Magistrado aposentado (ES), professor aposentado (UFES) e escritor. 

E-mail: [email protected]

Site: www.palestrantededireito.com.br

——————————————-

Máquina de pigmeus

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Há uma só máquina gigantesca operada por pigmeus: é a burocracia.” (Arthur Schopenhauer)

A burocracia é uma máquina poderosíssima. Infelizmente, só os pigmeus do poder público são indicados para lidar com ela. E acabamos vítimas, menos da burocracia do que dos pigmeus. Fiquei analisando isso, ontem, quando encontrei dificuldade em enviar meu trabalho para a Folha. A Internet, aqui na Ilha, estava se arrastando. Foi um problema inexplicável. Durante o dia, estive fazendo umas compras e observei o aborrecimento nos comerciantes, com a inércia da Internet. Aí fiquei imaginando como podemos explicar isso, se já temos satélites lançados ao espaço exatamente para fortalecer a comunicação no Brasil. Por que será que ainda não conseguimos ser um povo realmente feliz com a tecnologia que temos?

Finalmente, consegui enviar o trabalho dentro do prazo. Aí voltei ao mundo dos pensamentos. Por que ficar me aborrecendo com a incompetência dos que não conseguem vencer? Desliguei o computador e fui até a varanda, ver os carros passando lá embaixo. É divertido pra dedéu. O movimento ali no Espaço Cultural era bem alegre. De repente, o vizinho chegou à varanda dele. Cumprimentamo-nos e pra puxar papo perguntei pela esposa dele. Admirado, ele respondeu:

– Sabia não? Ela saiu com a dona Salete. Foram fazer fuxico lá no Espaço Cultural. As duas fuxiqueiras. Era o que me faltava.

Rimos e mudamos o papo. Cerca de duas horas depois, a dona Salete chegou com umas florezinhas artesanais e, quase dançando de alegria, falou:

– Olha só o que eu fiz! Sabe como é o nome disso? É fuxico.

Acho que ela nunca esteve mais feliz em sua vida. Ela adora artesanato e tem muita habilidade com ele. O Espaço Cultural Plínio Marcos oferece oficinas de artesanato ao público. Ela, logo que chegou à Ilha, começou a participar das oficinas, o que me faz esquecer os absurdos da burocracia. Faço meu trabalho, espero a Internet chegar, envio e vou me divertir com o artesanato dos melhores artistas expositores. Uma riqueza impressionante. A vida é pra ser vivida e não para ser um amargo chá de aborrecimentos. Mais tarde iremos ao Espaço Cultural assistir a um espetáculo musical.

Sua felicidade, seu bem-estar, sua saúde e tudo de que você necessita para ser feliz está à sua volta. Então, não perca seu tempo com a incompetência dos que não conseguem acabar com a “burocracia” no Brasil. Aprenda a conviver com ela, mesmo com a Internet atravancando. O Universo dispõe de todos os recursos de que você necessita. Então, procure explorá-los. Procure-os sempre nas coisas mais simples. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.