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Concurso, sim. Concurso, sempre!

Flamarion Portela*

A notícia do cancelamento de quatro concursos públicos pelo governo do Estado, veiculada no último sábado, 2 de fevereiro, na imprensa local, pegou todo mundo de surpresa e causou a decepção de milhares de pessoas, sobretudo aquelas que foram diretamente atingidas.

Quero aproveitar este espaço para relembrar alguns fatos referentes a concursos públicos no nosso Estado. Quando assumi o governo de Roraima, em abril de 2002, mantive o concurso da Defensoria Pública, que foi concluído, e os aprovados convocados e empossados, ainda em 2002. Hoje, a Defensoria Pública é destaque na prestação de serviços jurídicos aos que não podem pagar, alcançando uma abrangência social relevante.

Já em 2003, realizei o chamado “Concursão”, com a oferta de mais de 9 mil vagas, também realizado com sucesso, sem demandas jurídicas, e os aprovados convocados e empossados. Só na Segurança, dei posse, de uma só canetada, a 1.200 policiais civis, sendo 120 delegados, que hoje só são 68. Há uma grande defasagem, uma grande lacuna nessa área específica. Este ato foi realizado no Ginásio Totozão, com a presença de muitos familiares e amigos dos empossados.

Lembro, também, da posse dos aprovados no concurso do Detran, que foi realizada no auditório do Ministério Público de Roraima. Esse órgão foi um grandioso parceiro para a realização do “Concursão”, nos orientando e até mesmo nos indicando a instituição para a realização do certame. Foi escolhido o Cespe (da Universidade de Brasília) e, lembro aos mais jovens, que essa renomada instituição fretou um avião da TAM para trazer as provas, que foram guardadas na Polícia Federal até o dia da sua aplicação.

Lembro também das outras vezes que demos posse aos servidores da Saúde, da Educação, da Agricultura e vários outros órgãos no Palácio da Cultura. Sempre uma grande festa!

Agora, o novo governo, que havia prometido em campanha dar prosseguimento aos concursos em andamento, retrocede e decide pelo cancelamento dos certames da Setrabes (76 vagas), Sejuc (100 vagas), Polícia Militar (400 vagas) e Polícia Civil (330 vagas).

É importante lembrar que o concurso é a única forma legal de ingressar no serviço público. Com o cancelamento, o governo do Estado está tirando a oportunidade de quase mil pessoas que dedicaram seus recursos financeiros, seu tempo (muitas pessoas trancaram faculdade, deixaram de se divertir ou ficar com seus familiares para se dedicarem aos estudos), seus sonhos, na busca da estabilidade financeira e profissional.

A alegação de falta de recursos financeiros para manter os concursos não se justifica, pois em vez de cancelar poderia apenas adiar a convocação por dois anos, até que as contas do Estado se equilibrem, o que é perfeitamente legal.

Esperamos que o novo governo tenha mais bom senso e volte atrás de sua decisão, assim como já voltou em outras nesse primeiro mês de gestão.

*Ex-governador de Roraima

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Confissões do poeta

Walber Aguiar*

“Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que nem sei quem sou, só sei do que não gosto.” (Renato Russo)

Era o dia 16 de janeiro. Dia de andar por aí sem fazer nada, tentando encontrar alguma coisa que ficou perdida no tempo. Dia de entender o ininteligível e desentender o cartesiano. Tempo de perceber o lado cinza do azul e o lado azul do cinza. Momento de enxergar com os olhos fechados.

Minha vida sempre foi marcada pela simplicidade e pela força do desapego, usando as coisas e amando as pessoas; nunca fiz questão de amealhar o distante, nunca quis possuir o impossível. Tendo aprendido a ler aos quatro anos, entendi que andar pelo labirinto das letras me faria bem. Nunca fui afeito a números, mas persegui a composição, o jogo de palavras, a superposição vocabular. Longe de tudo e de todos, perdido entre a imensidão do Negro e o mistério do Solimões, aprendi que a vida exige mais que páginas frias de um livro. Ela nos lança no caos urbano e no melancólico mundo racional.

Daí ter afirmado Salomão que quem aumenta ciência, aumenta tristeza. Isso porque, quanto mais sei mais sofro, mais entendo que as coisas poderiam ter tomado um rumo diferente. Aprendi com José Barbosa Júnior que o conhecimento tem que servir para alguma coisa, não pode ser apenas elucubração filosófica ou cosmético de intelectual. Carece de dinamicidade pra se transformar em felicidade e experiência.

Em Boa Vista, conheci a “caverna de Platão”, em Manaus percebi a sombra que se espreguiçava sobre ela. Descobri que a multidão delira, podendo ser transformada em qualquer coisa moldável, envolvida por esquemas de manipulação política e econômica. Por isso sou um ser a caminho, uma espécie de inteiro metade, de grande pequeno, de alguém que tenta se descobrir sem pressa e sem atropelos. Hoje, depois de muito apanhar, aprendi com os caimbés a recomeçar sempre.

Seu Genésio me ensinou a ler, dona Maria me deu lições de vida. Drummond e outros me ensinaram a fazer a leitura poética do mundo. Dorval Magalhães me mostrou a importância do ouvir e os pastores Josué e Caio Fábio me iniciaram nas sagradas letras, na singularidade do evangelho de Jesus. Aí veio pastor Raimundo, com toda sua ternura filosófica, e preencheu a lacuna que faltava.

E era 16 de janeiro. Dia de acenar para todos os portos da vida, na expectativa de que a felicidade esteja a caminho, não no destino final. Dia de celebrar a vida e esquecer a morte. Dia de chutar o balde e colher as flores vermelhas da poesia. Até que a morte ou o esquecimento nos separe…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras

[email protected]

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Seja seu próprio destino

Flavio Melo Ribeiro*

Tenha o controle da sua vida nas mãos. Ela é muito importante e muito curta para não ser você o guia de si próprio. É claro que a vida é complexa e pouco se faz sozinho, mas não é porque os outros seguirão a jornada da vida ao seu lado, que você delegará as suas escolhas. Tenha coragem para enfrentar os desafios, e paciência para retomar a luta quando a derrota acontece.

Os casos clínicos mais tristes que atendi foram das pessoas idosas, as quais se deram conta que poderiam ter vivido de outra forma. Essas pessoas só conseguiram avaliar que as dificuldades de outrora não eram tão grandes que não pudessem ser enfrentadas, no último quarto do ciclo das suas vidas. Em função do pouco tempo que lhes restava, pouco poderiam fazer para alterar seu destino. Porém, a grande maioria da população está entre 20 e 60 anos de idade, quer dizer, no segundo e terceiro ciclo de vida, pelos índices atuais de expectativa de vida. Então muito podem fazer para construir seus projetos. Mas para is
so é preciso deixar a preguiça de lado, ultrapassar seus medos e, principalmente, se autoconhecer para identificar suas qualidades e investir no que tem de melhor.

Procure conviver com pessoas que são positivas, que lhe ajudem a compreender melhor o mundo ao seu redor, e que lhes inspire para alcançar os projetos. Essas pessoas provavelmente não irão fazer por você, pois estão focadas em construir suas próprias vidas. Elas também não deixarão sua vida mais fácil, pois irão mostrar o caminho para você trilhar com vista a construir seu próprio sonho, o que na maioria das vezes é trabalhoso e árduo. Mas são essas as pessoas que estarão torcendo pelo teu sucesso e ficarão verdadeiramente alegres com as tuas vitórias. Essas são as pessoas que você deve escolher para estar ao seu lado.

Evite as mágoas e lamentações dos caminhos que não deram certo. Aprenda com os erros e foque, principalmente, na positividade das suas ações. Seja objetivo e agudo para alcançar os projetos. Seja seu próprio destino.

Psicólogo* – CRP12/00449

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Vivendo a vida

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)

Viver intensamente é o maior prazer que um ser humano pode sentir na vida. E viver intensamente é viver cada minuto da vida como ele deve ser vivido. E tudo que devemos fazer para viver intensamente é procurar a nós mesmos dentro de nós. Simples pra dedéu. Nos últimos 30 dias, tenho testado essa tarefa sem tarefa. Apenas vivido intensamente. Estou passando uns tempos numa ilha paradisíaca, no litoral sul de São Paulo. A Ilha Comprida é uma ilha e um local realmente impressionante. Uma beleza incomparável. Praia com extensão de setenta e quatro quilômetros, em linha reta. O que já é mais do que suficiente para encantar. A cada dia, nas caminhadas pela areia finíssima da praia, assistindo à beleza do local plano, divirto-me e sinto o bem que isso faz à minha saúde.

Minha neta, Márcia, e seu noivo, Yacco, vieram de Boa Vista nos visitar. Formamos um quinteto divertido, divertindo-se. Sábado resolvemos conhecer o extremo norte da ilha. Foi um dia divertidíssimo. Uma caminha de uma hora. Estacionamos o carro e completamos a tarefa, cainhando pela praia. Divertimo-nos e vivemos a vida. Mas já lhe falei de acontecimentos naquela viagem. Um local onde tudo parece diferente, mesmo sendo o mesmo de qualquer outro lugar. A diferença está em como vivemos o encanto de onde estamos. Procure fazer isso sempre que estiver explorando um paraíso.

Ontem, resolvemos conhecer o extremo sul da ilha. Os quilômetros foram bem mais. Finalmente, chegamos à ponta sul da ilha. Um ambiente simplesmente encantador. Almoçamos em um quiosque encantador pela simplicidade natural. Depois do almoço, resolvemos voltar. Pegamos a balsa e atravessamos o Mar Pequeno, até o Município de Cananeia, em São Paulo. De lá, até o Município de Iguape, também em São Paulo. Fizemos o lanche da tarde e partimos para a Ilha Comprida, onde chegamos às sete horas da noite. O que pode lhe parecer um dia cansativo, foi um dos dias mais alegres e felizes do grupo composto por Salete, Márcia, Alexandre, Yacco e seu Afonso. Divertido pra dedéu.

A vida é uma peça de teatro. Cada um de nós é ator ou atriz. O importante é que saibamos desempenhar o que lhe cabe. Seja qual for o papel, desempenhe-o com amor e felicidade. Porque ser feliz é tarefa de cada um de nós. Viva cada dia da semana que se iniciou como você deve viver: com amor, sinceridade, lealdade e racionalidade. Não permita que nada lhe traga tristeza. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460

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